sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Leitura para o fim de semana


Acabei de ler – e recomendo- o último livro de Gilles Lipovetsky.
Em “A Felicidade Paradoxal” o filósofo e sociólogo francês desmistifica a ideia que a maioria das pessoas alimenta, de ser possível atingir a felicidade através do consumo.
A verdade- garante Lipovetsky- é que à medida que nos afogamos no prazer de consumir, vamo-nos sentindo mais infelizes.
A minha leitura:isso acontece porque nos desgostamos quando percebemos que na sociedade da hiperescolha a vaidade de exibir a última novidade dura um tempo muito escasso e isso deprime-nos. A ânsia de ser o primeiro a comprar o livro do Harry Potter, o iPhone ou a última versão da Play Station é um fenómeno universal que leva as pessoas( seja em Portugal, em Inglaterra, nos EUA ou na China) a comportamentso estranhos. Por exemplo:insurgem -se contra o atraso do autocarro, ou as filas nas Finanças, mas não se importam de esperar horas para adquirir um produto, no momento em que é posto à venda- e que no dia seguinte poderiam comprar com toda a calma.
Hoje em dia as pessoas não se limitam a querer ser felizes. Sentem-se obrigadas a sê-lo. É isso que “justifica” a obsessão de querer ser o primeiro. Porque ser primeiro – acreditam- é ser vencedor, é diferenciar-se da enorme massa humana que vai comprar nos dias seguintes o mesmo produto.Não estar entre os primeiros a adquirir um produto, a visitar uma loja, a ir a um restaurante ( ou atravessar o Túnel do Marquês) é visto quase como um insucesso. E as pessoas convivem mal com “este insucesso”. Por isso tornámo-nos infelizes e já nem tempo temos para ser solidários.
Aconselho o livro especialmente aos Pais que incutem este "Modus cogitandi" aos filhos, indo com eles para filas, durante longas horas ( por vezes as vendas começam à meia noite...) só para lhes satisfazer o orgulho de serem os primeiros a "TER". Eu sei que no fundo, os pais actuam assim porque também eles se sentem orgulhosos pelo facto de "O SEU FILHO" estar entre os primeiros a possuir a "novidade". Ficaria mais feliz se vivesse numa sociedade onde o prazer primeiro dos pais fosse ensinarem os filhos a "SER"...