Regresso a Londres
Desde 1995 que não visitava Londres. Uma cidade que em tempos conheci melhor que Lisboa. E onze anos bastaram para transformar a face da cidade nas margens do Tamisa.
O pleno emprego. Toda a gente tem trabalho, a taxa de desemprego está perto do valor natural, na acepção económica do termo (cerca de 4-5%, valor que corresponde a aqueles que voluntariamente estão em transição profissional, em períodos sabáticos, etc).
A cidade transformou-se numa plataforma do sector financeiro, onde os grandes bancos mundiais optaram por centralizar a sua sede europeia. A proliferação de arranha-céus, panorama virgem até 1985 com o edifício da corretora de seguros Loyds, é visível. O novo (e amiúde belo) a par com o antigo. Canary Warf, meia milha nas Docklands, outrora zona insalubre, agora tem 80.000 pessoas a trabalhar nos seus imponentes edifícios. Todas no sector financeiro. Salários milionários, bónus e demais prémios potencialmente chorudos mas sem segurança ou garantia de emprego.
Depois o facto de ter encontrado mais de uma vintena de antigos alunos e colegas, nos sítios mais inesperados. Face visível do efeito de íman que a cidade exerce sobre os trabalhadores qualificados: economistas, gestores, engenheiros, arquitectos, investigadores...
O comércio, sem mega centros comerciais, onde as lojas estão abertas todos os dias da semana; onde uma multidão de todos as cores e fisionomias compra, compra e compra...
As salas de teatro que quase duplicaram numa década e estão sempre de lotação esgotada...
Claro que os preços dos serviços (restauração...) e da habitação estão a níveis que a Europa continental não conhece... afinal o reflexo natural de uma cidade onde o rendimento per capita em paridades de poder de compra é mais de três vezes o da média europeia...
Pujança económica, diversidade cultural e étnica, optimismo e empreendedorismo, modernidade conjugada com a tradição, são marcas indeléveis desta cada vez mais excitante cidade.