Cenas de vida 12- Lisboa sob o signo da abstenção
A escola onde habitualmente voto está em obras. Para evitar uma ida à Junta de Freguesia, perguntei a meia dúzia de vizinhos onde estavam instaladas as assembleias de voto. A resposta generalizada foi: não sei... nem tenciono ir votar!
Perguntei no café, hoje logo pela manhã, e a resposta dos proprietários foi a mesma, embora um deles me dissesse estar muito preocupado com o facto de as assembleias de voto não serem na escola. “Vai-nos tirar muita clientela, sabe? Dias de eleições são muito bons e agora no verão que o negócio é mais fraco, estas eleições vinham mesmo a calhar. Logo por azar decidiram fazer obras este ano na escola!...”
No quiosque onde compro os jornais uma jovem atirou-me descarada: “ainda se preocupa com isso? Ganhe quem ganhar o resultado é o mesmo!"
Fui para o Metro descoroçoado. Com o calorzinho que se anuncia, quem vai querer saber das eleições? Mas a verdade é que se a abstenção for muito elevada os candidatos também têm a sua dose de culpa, pois nenhum soube passar uma mensagem motivadora. E assim sendo, é de admitir que o grande vencedor do próximo dia 15, seja o abstencionismo...