A propósito de livros e editoras
Uma das coisas surpreendentes do país é a variedade e qualidade do que se publica. Os editores tradicionais estão de certa forma liquidados. Ainda bem pelos leitores. Outras editoras hoje procuram segmentos de mercado que estavam arredios da escolha tradicional e que sempre ouvi dizer que não eram lucrativos. Por exemplo, a editora de Zita Seabra [Aletheia] oferece um conjunto de títulos particularmente interessantes no domínio das ciências sociais. Mas ponto essencial é a qualidade das traduções.
As últimas que li foram francamente medíocres. Francis Fukuyama na Gradiva, num livro que considero uma excelente síntese da análise neoconservadora - Depois dos Neoconservadores - das relações internacionais é claramente prejudicado por uma tradução inqualificável. Também O Fim da Fé de Samuel Harris para a Bertrand. Um livro estrutural para se perceber as origens do islamismo como ideologia totalitária e grande ameaça para a modernidade e o laicismo.
Para qualquer dos dois não hesito em recomendar aos leitores a leitura da respectiva versão original. Bola negra para as editoras Gradiva e a Bertrand. Tenham vergonha.