Quando a Fé substitui a Razão
Mário Soares recebeu Hugo Chavez durante a sua paragem em Lisboa, a caminho do Irão. Foi, ao que parece, um encontro informal em que esteve também presente o Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros João Cravinho.
Mais uma vez Soares demonstrou ser coerente e, acima de tudo, conhecer bem a realidade latino-americana.
Ao contrário do que acontece com alguns analistas que, sem nunca terem posto os pés na América Latina, gostam de emitir “de ouvido”sentenças cáusticas a propósito das posições de Chavez, Soares sabe muito bem as razões que levam o presidente venezuelano a agir desta forma, por isso se recusa a considerá-lo um proscrito ou um louco.
É legítimo discordar das posições de Chavez, mas não é sério fazer propaganda contra o encerramento de um canal privado de televisão, atirando para os olhos dos menos informados que pretende monopolizar a informação, quando é sabido que existem na Venezuela pelo menos mais três canais privados que continuam a emitir regularmente e não se coíbem de atacar o Governo.
É, pelo menos estranho, verificar que muitos dos que atacam Chavez defendem afincadamente Bush, apesar dos atropelos constantes à liberdade- como é o caso de Guantanamo- que descredibilizaram na opinião pública internacional os EUA como defensores dos direitos humanos. Penso que é mais uma questão de fé do que de razão...