sexta-feira, 6 de julho de 2007

Também quero um aeroporto no meu quintal

Os estudos sobre a instalação de um aeroporto na Ota começaram nos anos 60. Durante 40 anos, ninguém parece ter-se importado muito com o assunto. Até aqui tudo normal. É característica dos portugueses deixarem tudo para a última hora.
Não pode ser por isso causa de espanto, que quando um Governo decide avançar para a construção de um aeroporto na Ota, surja a contestação. Faz parte da normalidade de ser português.
Não tenho posição definida quanto à localização do novo aeroporto e declaro-me incompetente para discutir as vantagens e inconvenientes da Ota, mas tenho lido e ouvido muitas opiniões a favor e contra e, de ambos os lados, encontro argumentos convincentes.
Não consigo é perceber porque razão nos últimos três meses se começaram a multiplicar os estudos a uma velocidade supersónica, e muito menos o que leva certas entidades a patrociná-los. É o que sucede com o mais recente estudo, que irá ser patrocinado pela Câmara de Sintra ( leia-se: munícipes de Sintra).
Se vivesse em Sintra, não deixaria de questionar o Dr. Fernando Seara acerca da sua decisão, pois está a gastar o dinheiro dos sintrenses, sem que a esmagadora maioria perceba qual o intuito e, muito menos aceite, que o dinheiro para benefícios do concelho sejam aplicados num estudo sobre uma localização hipotética que a ser “milagrosamente” aprovada não é seguro que traga benefícios para os sintrenses. Mas adiante...
Um aeroporto em Sintra parece-me uma ideia bizarra! Pôr os turistas a percorrer o IC 19, uma ideia peregrina! Meter um aeroporto paredes meias com o Cacém , uma ideia ridícula! Pensar que a realização deste estudo corresponda à satisfação de interesses partidários, uma ideia tão ignóbil, que me recuso a equacioná-la.
A verdade, porém, é que o estudo vai avançar e obedece à equação Portela+ 2 ( uma variante herdeira do Portela+ 1 e antecessora do Portela+3, +4, mais N).
Arrepia-me pensar que exista gente a defender a manutenção “ad aeternum” do aeroporto da Portela. É certo que me faz muito jeito ter um aeroporto ao pé de casa, pelo menos enquanto continuar a viajar, mas imaginar que daqui a 50 anos a Portela permaneça como aeroporto parece-me tão irrealista e suicidário, como gastar milhões a construir um aeroporto na Ota ,cujo prazo de vida se extinguirá daqui a 30 ou 40 anos.
Convém, no entanto, alimentar esta polémica, pois enquanto durar haverá gente a ganhar dinheiro com os estudos e personagens lúgubres a ter direito a “tempo de antena”.