A guerra da água e o exemplo do Darfur
A Visão publica, no seu último número, um artigo do secretário-geral da ONU sobre o Darfur, que merece especial atenção. Escreve Ban Ki-Moon que “o conflito teve início numa crise ecológica provocada por uma alteração climática”.
Não é nada que os ecologistas não soubessem já, mas o alerta do Secretário Geral da ONU é lançado num momento de especial significado, duas semanas após o relativo fracasso da reunião do G-8 na Alemanha, onde a questão das alterações climáticas não foi encarada com a seriedade e urgência que merece. Em 2050, quem por cá estiver, não irá ter oportunidade de mais manobras dilatórias. A situação nesse momento será de tal modo grave, que prevejo medidas drásticas que os meus vindouros terão de suportar com muito estoicismo
A guerra no Sudão não é o primeiro conflito de consequências humanitárias catastróficas, provocado por questões ambientais, nem não será o último. Todos os especialistas estimam que dentro de 30 anos se multiplicarão em África as guerras pela posse de água que provocarão milhares de mortos e um ainda maior empobrecimento do continente. Resta a hipótese de a UE e os EUA se porem de acordo e, de uma vez por todas, tomarem efectivas medidas de apoio aos países africanos que evitem a hecatombe. Mas não tenho grandes esperanças de que isso venha a acontecer num futuro próximo.