Saldanha Sanches
Saldanha Sanches chumbou, ontem, nas provas públicas para professor agregado da Faculdade de Direito de Lisboa – o último grau da carreira académica. Só os professores agregados podem ascender à cátedra, que é atribuída por vaga. Os nove professores do júri deram-lhe seis bolas pretas e três brancas. O júri que decidiu o ‘chumbo’ inédito - primeiro neste tipo de provas em Direito - foi constituído por dois catedráticos de outras faculdades (Braga de Macedo e Diogo Leite Campos) e sete internos: Marcelo Rebelo de Sousa, Jorge Miranda, Menezes Cordeiro, Fausto de Quadros, Teixeira de Sousa (director da faculdade), Paulo Otero e Paz Ferreira.
Há algo de irónico nesta história que escapará aos menos informados. Depois de ter sido um dos principais lideres da FEML [a organização juvenil do MRPP] durante a década de 70 e comandado os saneamentos da faculdade de direito nos meses seguintes ao 25 de Abril de 1974, entre os quais o odioso Soares Martinez tornou-se seu assistente na década de 80 e manobrou a sua reabilitação. Martinez nunca deixaria de ser o fascista que sempre foi mas o jogo da conveniência em que Saldanha mergulhou traz-lhe hoje os devidos engulhos. Sharp mouth, opinativo, sarcástico, rancoroso, Sanches terá pisado alguns calos, de forma ostensiva. As consequências aqui estão. O que é curioso é que quando o júri considera que o trabalho não está em condições sugere ao "probente"que o retire. Cheira-me que teimoso como é Sanches insistiu, insistiu e levou bola preta.
O chumbo será a galhofa nestes dias na velha faculdade da Alameda da Universidade. Que foi a minha.