sexta-feira, 22 de junho de 2007

Rorty ainda

Nowadays, to say that we are clever animals is not to say something philosophical and pessimistic but something political and hopeful – namely, if we can work together, we can make ourselves into whatever we are clever and courageous enough to imagine ourselves becoming. This is to set aside Kant’s question “What is man?” and to substitute the question “What sort of world can we prepare for our great grandchildren?”
  • Richard Rorty "Human Rights, Rationality, and Sentimentality." Truth and Progress: Philosophical Papers, Volume 3 (1998).

Richard Rorty [1931-2007]

O pensamento liberal contemporâneo está mais pobre com o falecimento de Richard Rorty, o sofisticado e complexo filósofo americano que ensinou em Princeton durante vinte anos, mudando-se depois para a Universidade da Virgínia. Ramin Jahanbegloo dá na última edição da Open Democracy um retrato lúcido do autor e do homem plural e inquisitivo. Partilho com Rorty uma mesma veneração por John Rawls a quem todos nós liberais de esquerda e de direita nos remetemos. Cultor exigente do velho mestre [com Roger Scruton, Amy Gutman e alguns outros] Rorty sempre se posicionou no confronto entre o espaço da liberdade e o espaço do socialismo no lado do primeiro contra as seduções do segundo. As armadilhas do totalitarismo surgem hoje alinhadas com o multiculturalismo, a ausência [ou a abstinência] de valores estruturais e a passividade cretina e mal-educada.

Cenas de Vida 10- A pastilha elástica

Cenário: um centro comercial, junto a um desses balcões de come em pé.
-“Dê-me uma caixa de pastilhas verdes”- pede a cliente
- “De que marca? –pergunta a empregada
Pode ser aquela” ( aponta para uma caixa azul, que a empregada prontamente lhe traz)
Eu disse que queria verde, não percebeu?”
Mas a senhora apontou para estas...”
A cliente (dando mostras de impaciência):
-“Está bem, está bem, mas eu disse que queria verdes e essas são azuis. Despache-se que estou com pressa, bolas!”
( virando-se para o escriba de serviço):
"Uff que é estúpida!Põem esta gente que vem lá do mato a trabalhar nestas coisas e depois é o que dá. Só neste país, só neste país! Isto precisa é de um Salazar. Ao menos nesse tempo faziam o que a gente mandava".
Reparo que quem fala assim está na casa dos vinte anos e faço as minhas contas. Interrogo-me: Quem lhe terá ensinado isto?

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Estados falhados [failled states]

A Foreign Policy de Julho/Agosto traz um dossier importante e significativo sobre os estados falhados do mundo. Lembram Barry Buzan e Richard Little num livro marcante das RIs [International Systems in World History, Oxford University Press] que a estrutura do sistema internacional tem acentuado escalas de poder e de fragilidades colocando no topo os que têm melhor performance e no fundo os que têm pior. Nestes [últimos] se incluem os estados falhados que constituem ameaças sérias à coesão social e política da sociedade internacional pela conflitualidade e anarquia que trazem associados. Tratam-se de estados onde uma oligarquia ou uma cleptoarquia domina a seu belo prazer, borrifando-se para o estado do direito e a opinião da comunidade internacional.
Na linha da frente Sudão, Zimbabué e Chade, três regimes africanos, sanguinários, párias dirigidos por três crápulas: Omar Assan al-Bashir, Robert Mugabe e Idriss Déby. No ranking dos 20 "melhor posicionados" estados falhados do mundo estão, também, Iraque, Somália, Costa do Marfim, Congo, Afeganistão, Guiné, República Central Africana, Haiti, Paquistão, Coreia do Norte, Birmânia, Uganda, Bangladesh, Nigéria, Etiópia, Burundi e Timor-Leste. Em termos percentuais 55% dos estados falhados estão em África, 25% na Ásia-Oceânia, 1o% no Médio Oriente. A Europa não está representada e o continente americano conta com um país, o Haiti.

Os 50 aninhos da minha Europa


OPA-Benfica

Folgo em ver o meu amigo Carlos Oliveira preocupado com as démarches da OPA de Joe Berardo sobre o capital do Benfica [SAD]. É algo que pode ser exemplar para os outros clubes de futebol que na pressa de se tornarem sociedades comerciais abriram-se ao tiro dos take-over. Segundo as condições impostas pela Comissão de Mercado de Valores é um -take-it-all. Joe Berardo será o dono do Benfica, porque o stock-holder maioritário controla a empresa. Está em qualquer livro de economia para iniciantes. E quem controla vai decidir como é. É um fim de uma época de assembleias gerais, presidentes populistas e promessas espaventosas e irrealistas. Quem vai perder? Provavelmente o homem mais falido do Benfica. Que voltou a coberto de cumplicidades estranhas.

Tempo de limpar os neurónios

Ainda falta quase um mês para as eleições em Lisboa e confesso que já estou farto das intoxicações informativas diárias sobre o assunto. Parece que ontem houve um debate “a sete” na SIC- Notícias. Não vi, não sei quem foram os cinco ausentes, nem me interessa. Passo! Estou farto de tanto cliché, tanta banalidade, tanto lugar comum, tantas inverdades. Há excepções, claro, mas delas falarei no tempo oportuno.
No dia 15 lá estarei a votar, mas só razões muito poderosas me irão fazer falar das eleições de Lisboa antes de a campanha começar oficialmente.
Quero desfrutar e descansar das questões da política rastejante e rasteira.
Por isso, agora estou mais interessado em gozar os primeiros dias de Verão, em usufruir o prazer de me sentar à noite nas esplanadas de Lisboa ou da Linha, a ouvir o mar e a vê-las passar na passerelle Estoril/Cascais.
Há por estes dias alguns bons espectáculos para ver ( os Rolling Stones outra vez não, poupem-me!), algumas tertúlias para participar, a inauguração da exposição Berardo e algumas leituras para pôr em dia. Sem esquecer a noite de S. João no Porto no próximo sábado e o voto no Alhambra para uma das 7 Maravilhas do Mundo ( o pôr do sol que dali vi há duas semanas ainda me está na memória).
Há também o Live Earth do Ambiente, mas para esse tipo de concertos também já dei.
É tempo de limpar os neurónios e deixar a imaginação voar livremente “ para lá do horizonte”. Oxalá me deixem!

Rapidinhas 9- Só 10%?

“Só 10% dos portugueses acham que a economia nacional está bem ou muito bem” – lê-se hoje na imprensa diária.
Acham pouco? Pois eu acho muito, pois só os banqueiros, “empresários” como Joe Berardo e alguns da construção civil e “especuladores” podem estar satisfeitos.
Bem, pensando melhor, também os possuidores de cartão rosa, alcandorados a assessores e dirigentes devem andar satisfeitos. Mas caramba, nunca pensei que fossem tantos!

Rapidinhas 8- Joe Berardo

Joe Berardo, o homem que lançou uma OPA sobre a SAD do SLB, equiparando o clube a uma fábrica de enchidos, afirmou numa entrevista que “pagar e morrer, quanto mais tarde melhor”.
Quem vai vender jogadores ao Benfica?

Rapidinhas 7- Cheques carecas

Com a alegação de que os custos não justificam a abertura de processos, quem passar um cheque careca de valor inferior a 200€ pode estar descansado, porque o caso não será julgado em tribunal( embora fique inibido de poder passar cheques, medida aplicada pelas instituições bancárias). Então para quê perder tempo e gastar dinheiro dos nossos impostos com processos de furto de valores irrisórios? Passar cheques carecas não é roubo?
Lá dizia o outro que roubar 1€ é crime, mas roubar 10 milhões é “argúcia financeira”.

Rapidinhas 6- "Quem rouba um cesto, rouba um cento?"

No espaço de dois dias ficou a saber-se que dois tribunais estão a julgar furtos em supermercados. Num caso o valor do produto roubado é de 59 cêntimos e no outro de 3,99€. Má publicidade para a Justiça e para os supermercados que apresentaram queixa (da cadeia LIDL).
Quanto aos gerentes dos supermercados, deveriam ser despedidos “com justa causa” por não terem sido capazes de solucionar problemas tão irrisórios.
Pormenor colateral: quanto custou cada um destes processos ao Estado, que é como quem diz, aos portugueses que pagam impostos?

Rapidinhas 5- Ainda mais?

Telmo Correia quer privatizar o lixo em Lisboa. Para quê? Não lhe chega o que tem no CDS?

quarta-feira, 20 de junho de 2007

A life after Bush

[...] In 19 months he [Bush] will be a private citizen, given speeches for insurance executives. America, however, will have to move on and restore its place in the world. To do this we must first tackle the consequences of our foreign policy of fear. Having spooked ourselves into believing that we have no option but to act fast, alone, unlitareally and pre-emptively, we have managed in six years to destroy decades of international good will, alienate allies, embolden enemies and yet solve few of the major international problems we face. In a global survey released last week, most countries polled believe that China would act responsibly in the world that the United States. How does a Leninist dictatorship come across more sympathetically than the oldest constitutional democracy in the world? Some of this is, of course, the burden of being the biggest. But the United States has been the richest and most powerful nation in the world for almost of a century, and for much of this period it was respected, admired and occasionally even loved. The problem today is not that America is too strong but that it is seen as too arrogant, uncaring and insensitive. Countries around the world believe that the United States, obsessed with its own notions of terrorism, has stopped listening to the rest of the world [...]

Fareed Zakaria in Beyond Bush, Newsweek International

Reportagem imaginária

São cada vez mais os portugueses a aderir à colocação de publicidade nos seus automóveis a troco de alguns euros mensais ( afiançam-me que a lista de espera atinge os milhares).
Ontem à noite, enquanto bebia um copo na 24 de Julho, ocorreu-me esta “Reportagem Imaginária”, cujo título poderia muito bem ser:
DONUTS ESMAGAM CUTTY SARK!
E o texto rezaria assim:
Violento acidente ocorreu a noite passada, quando um Donuts, que tentava ultrapassar um Super Bock, embateu num Cutty Sark que circulava em sentido contrário.Segundo um Pepsodent, que no momento circulava no local, o acidente ficou a dever-se ao excesso de velocidade do Donuts que não conseguiu controlar o veículo, mas opinião diferente foi avançada por um Mc Donalds que afirma que o Cutty Sark circulava fora da sua faixa de rodagem, talvez distraído com a presença de um Pizza Hut de onde saíam duas atraentes jovens.
Do acidente, apenas há a lamentar prejuízos materias que resultaram na destruição de 6 Donuts e 4 garrafas de Cutty Sark, enquanto as Super Bocks (de lata) apenas sofreram ligeiras amolgadelas. Entretanto, ao que apurámos, as autoridades procederam ao teste do balão, tendo verificado q
ue apenas o Donuts apresentava um grau de alcoolemia superior ao permitido por lei.”
Nota: Afianço aos companheiros de blog e aos leitores, que apenas bebi cerveja sem álcool.

Rapidinhas 4-Ainda as migrações

Quase três por cento da população mundial vive fora do país onde nasceu. Na Europa, oito por cento dos cidadãos são imigrantes. Números que dão que pensar quanto à necessidade de colocar a discussão das migrações no topo da agenda política europeia e mundial. Importante, por isso, para a regularização dos fluxos migratórios, a realização das Cimeiras que serão realizadas durante a presidência portuguesa, com os países do Magrebe e com os países africanos. Mas vale a pena não esquecer as questões levantadas pela imigração proveniente dos países periféricos da UE.
As migrações levantam questões novas, no contexto global, que são analisados com grande perspicácia por Umberto Eco, num artigo publicado no La Republica e que integra o seu último livro “A passo de caranguejo”. Leitura recomendada.

Rapidinhas 3- Hamas

A ilegalização do Hamas foi saudada efusivamente. Partilho a sensação de alívio que alguns manifestam, mas não posso deixar de me perguntar: se Bush invadiu o Iraque com o pretexto de repor a Democracia ( com os resultados que conhecemos), como se compreende o júbilo perante a destituição de um Governo eleito democraticamente?Lá dizia o outro que “o coração tem razões que a própria razão desconhece”.

Rapidinhas 2- Tratado Europeu

O mais provável é que nos próximos dias haja fumo branco para a assinatura do novo Tratado Europeu. No entanto, a confirmar-se a retirada do texto da Carta dos Direitos Fundamentais, estaremos perante um retrocesso, de que a Europa não se poderá orgulhar.

Rapidinhas 1- Só é cego quem não quer ver!

A OCDE içou o alerta amarelo em relação à globalização. Começa por avisar os Governos que as preocupações das pessoas estão a crescer e que isso se pode reflectir em votos eleitorais de protesto que condicionarão o desenvolvimento das políticas globais. Prossegue, reconhecendo que as políticas laborais têm afectado os direitos dos trabalhadores, reduzido os salários e aumentado a insegurança. E conclui admitindo que a globalização aumentou o fosso entre ricos e pobres. Nada que não se soubesse já, mas que dito pela OCDE ganha mais força...

Mercado de escravos em Portugal

Há uns anos publiquei uma reportagem sobre o “mercado de escravos” que diariamente funcionava no Campo Grande, entre as 4 e as 6 da manhã. Ainda me lembro de algumas mentes menos crédulas terem posto em causa o que escrevi sobre os “leilões” de trabalhadores. Convidei alguns a acompanharem-me numa “visita guiada”, mas ninguém se mostrou disponível. Soube, posteriormente, da existência de outros locais em Lisboa onde eram seguidas as mesmas práticas.
A situação hoje em dia é diferente, mas muitos imigrantes continuam a viver em condições que em nada dignificam o país que os acolhe. É no entanto de louvar a nova Lei da Imigração que o Governo fez aprovar, que confere aos imigrantes um conjunto de direitos que lhes estavam vedados e procura combater, de forma mais eficaz, a imigração ilegal e clandestina.É importante que assim seja, pois os imigrantes estão a exercer mudanças muito positivas na sociedade portuguesa, que não podem ser ensombradas por um acréscimo indiscriminado da imigração ilegal que apenas beneficia alguns abutres.

Emigrantes portugueses- uma reportagem notável

Pessoa amiga, sabedora que dias antes de partir para férias concluí um trabalho sobre migrações a ser publicado em breve numa revista de referência, aconselhou-me a leitura de uma reportagem da minha amiga Céu Neves publicada no DN durante a minha ausência(10 e 11 de Junho).
Trata-se de um trabalho notável. Omitindo o facto de ser jornalista, Céu Neves viajou como mais uma emigrante, experimentando as condições de dureza a que estão sujeitos os portugueses. Durante duas semanas, viveu nos mesmos alojamentos, experimentou as mesmas sensações de incerteza diárias, sentindo na pele o sofrimento dos compatriotas que partem para aquele país e vivendo os enganos de que são vítimas.
Trata-se de uma reportagem que mostra, na prática, a abordagem que faço no meu trabalho, sobre os perigos que espreitam os emigrantes e imigrantes neste mundo global, onde nem a civilizada Europa escapa ao tratamento desumano dos seus cidadãos.
Céu Neves aborda, também, um tema sobre o qual escrevi um artigo ano passado: o “modus operandi” de algumas empresas de trabalho temporário que, sem quaisquer escrúpulos, tratam os trabalhadores como “carne para canhão”.
Fui emigrante privilegiado durante vários anos em países europeus e nos Estados Unidos ( os anos que passei em Macau não entram para esta contabilidade) e pude aperceber-me das condições desfavoráveis em que muitos portugueses viviam. Em termos de exploração, porém, só nos anos 60 encontrei situações semelhantes às que Céu Neves descreve. Mas o que se passa na Holanda não é caso virgem. Na vizinha Espanha, na Islândia ou no Canadá, ocorrem situações semelhantes. O mundo estará mesmo melhor, como muitos apregoam?

The case for democracy

[...] The debate that is going on in the West now is almost the same. Our message as dissidents was that you cannot impose democracy. Nobody can force anybody to be free. But you don't have to help impose dictatorship on those people by cooperating with [dictators] and financing these efforts. Today the debate is more or less the same. There are those who believe in democracy is not for everybody, and then when it comes to the Arab world, there are not democratic regimes, and that it is wishful thinking to try to push for it, so let's have good relations with dictators who help bring stability. There are dissidents in those countries who are very upset with the free world. They are not saying, "go and fight", but saying "stop supporting them". [...]

Natan Sharansky author of "The case for Democracy"

terça-feira, 19 de junho de 2007

Portugal, o tratado e a CIG

"Os representantes especiais dos governos europeus discutiram, pela primeira vez, o projecto de mandato que será dado a Portugal para organizar a conferência intergovernamental (CIG) que irá redigir o novo Tratado, depois de abandonada a proposta de Constituição Europeia rejeitada por franceses e holandeses em referendo. A fonte diplomática classificou o documento de 11 páginas como sendo «muito técnico» e com necessidade de ser «clarificado» nalguns pontos."

Fonte: Sol
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Portugal tem aqui uma oportunidade para brilhar numa questão que é estruturante para a Europa: o tratado constitucional. Não o digo como jurista [apenas] mas como politólogo. Os espaços políticos são aquilo em que se revêem como fronteira, comunidade e horizonte. Uma Constituição lembrava Schmidt num livro maldito ajuda a dar essa visão de "nós" e dos "outros". Poderá Portugal ser o árbitro dos interesses europeus? Não. Mas pode ser o facilitador [como a Irlanda o foi para o tratado constitucional]. É preciso é que o mandato seja claro. Normalmente é no alinhamento da agenda que se ganham os congressos [partidários] e as assembleias gerais [dos clubes de futebol]. Também na CIG não será diferente.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Coincidência,ou plágio?

Fui a banhos para o Mediterrâneo, antecipando a chegada das alforrecas, na companhia de Luís Sepúlveda e Elsa Osório. Tempos excelentes que espero ter oportunidade de aqui relatar com algum detalhe. Por agora, apenas referência a uma situação que me causou alguma estranheza:
Numa breve incursão televisiva, deparo com um anúncio num canal espanhol que começa com a frase “Na tua casa ou na minha?” e que serve de base à publicidade a uma marca de gelados.De regresso a Portugal, comprei na manhã de domingo o “Expresso” para me saciar da falta de notícias cá do burgo. Qual o meu espanto quando deparo com uma página inteira de publicidade ao Montepio Geral, encabeçada pela frase “ Na tua casa ou na minha?”. É óbvio que faz mais sentido a frase, quando o objectivo é promover o crédito à habitação, mas a dúvida colocou-se-me de imediato. Quem copiou quem? Terá sido apenas uma coincidência? Ou haverá ainda uma terceira hipótese? Se alguém souber responder, agradeço...

Ei-la que volta!

Tenho a impressão que não perdi nada de importante durante os 10 dias que estive fora do país sem notícias de Portugal. Os apupos a Sócrates no 10 de Junho é algo a que nos começamos a habituar, e o cepticismo de Cavaco em relação ao Governo é apenas o início de uma “viragem” nas relações entre PR e PM que, em minha opinião, se irão agudizar a partir de 2008.
Esperava uma anedota ou outra “gaffe” de um membro do Governo, mas a notícia que me fez rir foi a da constituição de Pinto da Costa como arguido, num processo que já fora arquivado mas que Maria José Morgado decidiu desenterrar. A Justiça portuguesa ultimamente tem-nos dado muitas razões para rir ( embora o mais adequado talvez fosse chorar). Em relação a este assunto ( e a muitos outros, aliás) estou com Miguel Sousa Tavares. E mais não digo... A boa notícia foi o regresso dessa diva chamada Michelle Pfeiffer que, depois de cinco anos de ausência, regressa este ano com três filmes. Que se estreiem depressa!

domingo, 17 de junho de 2007

Livros e leituras


Agora que se aproxima a época estival gostaria de partilhar com os leitores algumas recomendações. Começo neste post com livros importantes publicados em português. O atraso dos grandes editores com maior cota de mercado quando aos grandes valores da ficção contemporânea é imenso. Um livro leva, em regra, um a um ano e meio a tornar-se disponível em língua portuguesa depois de conquistar todos os prémios que há a ganhar. E falo nestes; quanto aos livros recomendados por importantes suplementos literários a situação é tremenda. Aí o deserto é árido.
Duas recomendações para os leitores do Além do Bojador do catálogo Bertrand: Orhan Pamuk e Sam Harris. A não perder.

O medo dos bufos

[....] Entretanto um medo pesado caíu nas repartições. Sei do que falo. Do medo antigo, salazarista, mascarado de respeitinho. O medo dos de baixo. O medo dos que conhecem os bufos e a verdadeira natureza dos comissários e dos candidatos a comissário. Dos que lêm os sinais do tempo e sabem que nada nem ninguém, a não ser a subserviência e o cartão, os proteje dos comissários.

No Natureza do Mal, aqui.

Crianças chinesas vendidas como escravos

[...] Embora a lei chinesa considere o trabalho infantil ilegal, foram mais de mil as crianças chinesas raptadas nas várias províncias do país, especialmente na paupérrima e sobrepovoada região de Henan. Os sequestros tinham lugar, na grande maioria dos casos, em estações de comboios e autocarros.[...]

Um problema dramático e preocupante num país que quer ser olhado como normal e digno do nosso respeito. Relato no Expresso.

Ainda o 10 de Junho

[...]Aqui, o assunto é a singular leveza com que se comemora, em simultâneo, as virtudes da pátria e o facto de regularmente haver quem foge da pátria em busca de uma vida decente. Que se saiba, as inúmeras pessoas que empurrámos - e continuamos a empurrar - para o exterior não partiram devido aos encantos e oportunidades que Portugal lhes proporcionou. Partiram porque Portugal chafurda metodicamente nos arredores da pobreza, e um académico ou um operário da construção civil tem dez vezes mais possibilidades de prosperar em Boston ou em Barcelona. [...]

Alberto Gonçalves no DN, este domingo

Jacques Chirac

A imunidade constitucional de Jacques Chirac acabou diz o Le Monde. Em democracia é o que acontece. Os políticos são responsáveis pelas suas acções e arcam com as suas consequências. O "espírito republicano" é esse.

O [futuro] do tratado constitucional

Giscard d'Estaing elabora aqui [no Público]sobre o futuro do Tratado Constitucional. Simplificar ou mutilar é a grelha de análise que usa para criticar as recentes diligência de Sarkozy-Melkel para desembrulhar o impasse constitucional. Percebem-se as razões [pessoais] do pai da Constituição Europeia. Mas não será mais prático ser pragmático? Lembrando Deng "não interessa que o gato seja preto ou branco o que interessa é que cace o rato".
Precisamos de uma constituição? Sim. Qual é o maior divisor comum dos 27 países da União? Essa é que é a questio in adjecto.