Tal como esperava, a entrevista de Sócrates não trouxe nada de novo. O Primeiro Ministro até se foi safando e conseguiu demonstrar (a quem não esteja de má fé...) as suas habilitações. Não conseguiu – e isso também não era esperado acontecer- foi demonstrar que a Independente não lhe tenha facilitado a vida na obtenção da licenciatura... E esse aspecto, em minha opinião, nunca será cabalmente esclarecido, ficando à mercê da “fé” de cada um.
Daí a poder concluir-se que Sócrates perdeu a confiança dos portugueses e deve demitir-se ou ser demitido, vai uma grande distância! Só por cegueira política ( que nunca é boa conselheira) se pode ter essa pretensão.
Quem me conhece sabe que não nutro qualquer simpatia por Sócrates e sua “entourage” ( antes pelo contrário...) mas também não sou ingénuo, por isso percebo que logo a seguir à entrevista Marques Mendes tenha tido mais uma patética intervenção. Não deixou dúvidas a ninguém, que andou a reboque de Santana Lopes. Não caiu foi na “esparrela” de começar a pedir a demissão de Sócrates! Ele sabe que a direita portuguesa a quem Sócrates fez o favor de desbravar caminho, fazendo o “trabalho sujo” que ela não conseguiu quando esteve no Poder, está ansiosa de regressar ao activo, com Paulo Portas ao leme, mas dar cobertura a essa pretensão só o prejudicará a ele e ao PSD.
Aliás, MM já fez mais do que ele próprio gostaria. Toda a oposição desvalorizou o assunto da licenciatura de Sócrates ( só por parolice tipicamente portuguesa se empola a questão) por saber que, na realidade, esse é um “não assunto”. Se alguém for capaz de provar que foi feita com favorecimento, o caso mudará de figura, mas até lá o que fica no ar é apenas a ideia de que as licenciaturas “bolo-rei” não são exclusivas de José Sócrates. Infelizmente, há muitos exemplos de licenciaturas “à pressão”, e se calhar até andam aí alguns a construir pontes, a brincar à advocacia, em escritórios bem instalados em zonas nobres de Lisboa, ou a canalizar doentes para clínicas privadas, após detectarem doenças inexistentes.
RELEMBRO, porém, que Sócrates é “apenas” PM e não foi eleito por ser engenheiro. Como português, interessa-me que governe bem, resolva os problemas do País, não embarque em aventureirismos e se marimbe para as/os “santanettes”. (Era o que MM devia ter feito, mas não foi capaz de resistir ao desafio de Santana e “espalhou-se”, ficando a falar sozinho).
E, por muito que me custe admitir, a verdade é que Sócrates com toda a sua arrogância e teimosia, tem conseguido o que nenhum Governo nos últimos oito anos conseguiu: revitalizar a Economia, conter o défice e devolver alguma esperança e optimismo aos portugueses. Conseguiu-o com o sacrifício dos trabalhadores, dos mais desfavorecidos, e à custa de uma grande dose de insensibilidade social? Concerteza que sim e por isso mesmo é que não gosto dele...mas curiosamente aqueles que sempre defenderam estas medidas é que vêm agora pedir a sua demissão!
SEJAMOS SÉRIOS! O que o país precisa é de olhar para a frente, crescer e desenvolver-se, aproximando-se dos seus parceiros europeus, ser um país mais justo e equitativo. Defender a demissão de Sócrates, realização de eleições e um novo Governo, ou é miopia política ou um alheamento total da realidade do país. É claro que há uma terceira hipótese... em que curiosamente o PC e Santana Lopes coincidem. Para os comunistas, não há bons governos sem comunistas; para SL só serão bons os governos que ele integre. Para esses “peditórios” já dei!