Tenho uma relação dúbia com a Estatística. Usufruo dela para o meu trabalho, mas tenho frequentemente relutância em acreditar nos resultados que me apresenta.
Foi com esta mescla de sentimentos que ontem li os resultados de um inquérito que revela que “os portugueses não querem mais tempo para a família”. De acordo com o estudo realizado pala União Europeia , só um em cada sete portugueses empregados e com pelo menos um filho, reclama mais tempo para estar com a família. Ou seja, entre todos os parceiros europeus, os portugueses são os que demonstram estar mais satisfeitos com o tempo que lhes é disponibilizado para apoiar os familiares.
Dei- me ao trabalho de cruzar estes dados com um estudo realizado há dois anos, que concluía que os jovens portugueses são aqueles que estão menos tempo com os pais e mais se queixam da pouca disponibilidade que eles revelam para os “aturar”. Analisei, ainda, diversas legislações de países europeus sobre “Apoio à Família” e creio ter chegado a uma triste conclusão:apesar de os portugueses não serem dos mais favorecidos no concernente ao “Apoio Familiar”, a razão da sua satisfação deve estar na sua capacidade de desenrascanço. Senão, vejamos: nos três primeiros meses deste ano, foram detectados 15 mil baixas fraudulentas de longa duração( traduzido por outras palavras: 15 mil almas apresentaram, nos três primeiros meses do ano, atestados médicos que os inacapacitavam para trabalhar, por períodos superiores a 30 dias, apesar de não estarem doentes e em muitos casos desempenhar emoutras actividades profissionais como gerir os seus próprios negócios).
Estes parasitas que não se coíbem de onerar os seus compatriotas com baixas fraudulentas, certamente que não se preocuparão em exigir mais essa “benesse”, pois já lhes chega estarem a receber do Estado sem terem que trabalhar.
Se acrescentarmos a estes dados, os sucessivos pedidos de dispensa para consultas médicas próprias, acompanhamento do cônjuge, do filho, da sogra , do cão e do gato, leviana e alegremente autorizadas, chegaremos à conclusão de que realmente os portugueses não se podem queixar de falta de tempo para “apoio à família”.
Mas estes dados também demonstram que os portugueses são sornas, pouco produtivos e vivem numa espécie de “faz de conta” que os leva a acreditar que trabalham. Na verdade, apenas têm um emprego onde são pouco produtivos, preguiçosos e relaxados.
E assim se explica, em parte, porque Portugal está em vias de se deixar ultrapassar por países como a Eslovénia, a Estónia ou a República Checa, sendo relegado para um pouco auspicioso 20ª lugar no “ranking” da União Europeia.
O mais preocupante, é que tudo isto revela um País doente, minado nas suas entranhas, por um tecido social muito pouco saudável que ameaça destruí-lo.
Haverá solução? Eu ainda acredito. E vocês?