O governo anunciou as linhas gerais da reestruturação consular, verificando-se recuos em França e nos Estados Unidos, países onde os emigrantes mais contestaram os encerramentos previstos. Segundo a imprensa dos três consulados a encerrar nos Estados Unidos, mantém-se o de Nova Bedford, enquanto o de Nova Iorque transforma-se em escritório consular e o de Providence passa a vice-consulado.
Em França vão encerrar quatro consulados em vez dos seis previstos [Versalhes, Nogent, Orléans e Tours] enquanto o de Lille se transforma em escritório consular e o de Toulouse em vice-consulado. Em Espanha, extingue-se o consulado de Madrid, sendo criada uma secção consular, bem como o posto de Bilbau. Os consulados de Vigo e de Sevilha, que se previa que fossem encerrados, transformam-se em vice-consulado e em escritório consular.
As representações diplomáticas e consulares extensas são um luxo de países ricos. Seguem uma lógica de projecção externa da imagem e dos interesses do estado e de serviço das comunidades emigrantes ou expatriadas. Sendo há 4 anos expatriado [depois de o ter sido antes durante 9 anos] tenho a perfeita noção de quais são as carências de representação externa e o que as comunidades expatriadas esperam dos representantes do seu país. Da minha experiência retiro que os diplomatas e consules são a maior parte das vezes agentes passivos da função de representação. Esperam, a mor das vezes, que os compatriotas os procurem a tomarem a iniciativa de se lhes mostrarem úteis. O problema reside na formação dos diplomatas a nível do Palácio das Necessidades mas também de falta de orientação e enquadramento do Ministro e dos Directores-gerais. É normal que as populações exigam tudo, se possível um representante do país em cada canto do globo. Mas cabe aos governos responsáveis fazer escolhas e tomar decisões quanto a essa rede.
Pela segunda vez parece que o governo socialista recua, como um trampalhão, quando as populações batem o pé e o fazem em alvoraça. Das duas umas, ou as escolhas e a lista das prioridades [ver comunicado do MNE] foi mal feita ou [se foi bem feita] não se percebe porque é que um governo legítimo recua, berante a algazarra, sempre que ela se manifesta pelas mais diversas razões.
Vai, assim, mal o primeiro-ministro. Primeiro, na reestruturação das maternidades e centros de saúde; agora, nas representações diplomáticas. Mas não está sozinho. Vai mal o líder da oposição, Marques Mendes, que responde ao governo ao safanão, sem tino ou lógica. O PSD parece-se cada vez mais com um Bloco de Esquerda do centro-direita. Simplismo de análises, verborreia e anacronismo são muito mau conselheiros.