sexta-feira, 8 de junho de 2007

Marketing Inovador na Just Leader de Junho

Está na edição deste mês de Junho da revista Just Leader uma interessante e profissional recensão do livro Marketing Inovador. Da autoria do jornalista Carlos Martinho.

Experiência de uma sessão de autógrafos na Feira do Livro

Foi no dia 02.06 de 2007.
Pavilhão 169, da Universidade Católica Editora, que convidou os autores dos seus mais recentes livros (Marketing Inovador e Marketing de Serviços) para uma sessão conjunta.
18horas, canícula no pico máximo, 36º graus centígrados...A selecção portuguesa jogava na Bélgica pouco depois...

Contrariando algumas expectativas, a afluência de amigos, conhecidos e compradores foi muito interessante e estimulante. Bom ritmo de autógrafos, boas conversas, muita gente gira.

Aliás este ponto é deveras curioso. Mas sem dúvida que o público tipo da Feira do Livro tende a ser giro, relativamente jovem e feminino... um atractivo suplementar, sem dúvida...!

Defronte a nós a sexóloga Marta Crawford dava também autógrafos, em outro Pavilhão... A sua fotogenia e o título de seu livro ("Sexo e tudo o mais") levou alguém a prognosticar que iríamos sofrer uma goleada...Mas assim não foi... Apesar do seu mediatismo a nossa "opositora" não conseguiu gerar um volume de tráfego superior ao que aconteceu no Pavilhão da Universidade Católica Editora! Assim se vê a força do "Marketing Inovador" (e, também é justo reconhecê-lo, do Marketing de Serviços do nosso amigo Luís Saias).

As fotos estão, como não poderia deixar de ser, no www.marketinginovador.com

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Boas novas de Heiligendamm

Segundo relatam as agências noticiosas o acordo estabelecido na passada quinta-feita entre as 7 maiores nações industrializadas do mundo para o estabelecimento de cortes significativos na emissão de gases de estufa para a atmosfera por forma a considerar seriamente o objectivo de cortar as actuais emissões para metade no ano 2050 é um bom acordo.
O acordo foi possível pela tenacidade e determinação de Angela Merkel e pela convergência de posições de George W. Bush e Tony Blair, os dois últimos em claro fim de mandato. Yvo de Boer, secretário executivo da UNFCCC [United Nations Framework Convention on Climate Change] considerou o acordo uma mudança significativa [a very clear shift - na sua expressão]. Mais cépticas as organizações ambientalistas criticaram o acordo por ter falhado introduzir metas quantitativas para a reduçào destas emissões perniciosas para o meio-ambiente. Os Estados Unidos não fazem parte do sistema do Protocolo de Quioto. O maior poluente do mundo, a China, por se considerar um PVD não se encontra sujeita aos limites fixados pelo Tratado. Recentemente, o porta-voz do seu Ministério dos Negócios Estrangeiros declarou que o se governo não tomará quaisquer medidas que condicionem o seu processo de desenvolvimento económico.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Putin and Europe

Atento e muito lúcido o comentário do C.O. ao actual estado de relações Rússia-Europa ditado pela encrespação do discurso de Vladimir Putin e pelas críticas norte-americanas ao descarrilamento autoritário da transição da ex-União Soviética para a economia de mercado. Não creio, no entanto, que o atrito entre poderes que projectam o seu hard-power como a Rússia procura fazer neste momento com a sua proeminência energética ou os Estados Unidos com o escudo antimisseis se possa minorar com boas intenções e apelos ao bom-senso. Aprende-se em relações internacionais que a relação entre poderes plurivalentes [caso da Rússia e dos EUA] se deve conduzir com reajustamentos sistemáticos tendentes ao equilíbrio dos [mesmos] poderes. Quando um deles ganha vantagem recomenda a doutrina [estratégica] e a experiência histórica que o outro procure reequilibrar a balança com novas alianças e com a divisão dos adversários do primeiro. Trata-se que algo praticado deste o tempo dos gregos e que vem brilhantemente descrito na obra "A guerra do Peloponeso" de Tucídides conflito entre Atenas e Esparta que ocorreu entre 431 e 404 a.c. ou seja há 2.400 anos.
É bom sempre lembrar que temos Europa e percorremos o processo de integração europeu pelo apoio solidário dos Estados Unidos, através do Plano Marshall. E desfrutámos 60 anos de paz apenas perturbada pela crispação da guerra fria pelo facto dos Estados Unidos manterem uma presença militar efectiva na Alemanha Ocidental e um dispositivo dissuatório que sempre evitou que a URSS embarcasse numa estratégia expansionista. Caído o império soviético por razões internas e externas devemos também aos Estados Unidos o pressing para a independência dos Estados do Báltico e para a aproximação dos PECO aos países da Europa Ocidental.
É esta situação de aliança estratégica que Putin procura inverter, pressionando o deslizamento da sua fronteira ocidental da Bieliorússia e da Ucrânia para a Polónia, Lituânia e Bulgária. E isso é algo que a Aliança Atlântica não pode permitir. A bem da continuidade da paz no centro da Europa. Europa que tem de ter memória e ser agradecida a quem a tem ajudado nos momentos decisivos.

Flexi(n)segurança

A flexisegurança é um modelo de empregabilidade criado nos anos 90 na Dinamarca, mas só agora entrou no léxico luso, por força das novas medidas laborais que o Governo pretende aplicar.
Os basbaques portugueses – sempre prontos a aclamar tudo quanto vem do Norte da Europa ( quando é que alguém se lembrará de importar águas do Báltico para referescar as águas algarvias?)- receberam a ideia com entusiasmo. Vai daí, convidaram Paul Rasmussen- o ex-Primeiro Ministro dinamarquês autor da ideia- a vir a Portugal explicar-lhes como se aplica.
Devem ter gostado do que ouviram: “A flexisegurança é uma inevitabilidade da economia global e das novas tecnologias, e os jovens devem estar preparados para mudar de emprego 30 vezes ao longo da vida”.
A ideia de mobilidade agrada-me, porque a pratiquei ao longo da vida e defendo que a experiência acumulada em vários postos de trabalho – e até diferentes actividades- nos enriquece. No entanto, não tive durante 35 anos de carreira profissional mais do que uma dúzia de empregos e, mesmo assim, há quem me considere uma pessoa instável. Quando ouço falar em 30 empregos em 40 anos de actividade profissional parece-me um absurdo. Porém, talvez não seja assim tanto...
Vivi tempo suficiente na Suécia para poder compreender o alcance das palavras do actual presidente do Partido Socialista Europeu, mas duvido que aqueles que veneradamente o escutaram tenham percebido mais do que a parte que lhes interessa.
Nos países nórdicos, as pessoas mudam de emprego com frequência e, quando uma pessoa é despedida, demora cerca de um mês a arranjar emprego usufruindo, nesse período, de um subsídio de desemprego equivalente ao salário que auferia. Por outro lado, a mudança de casa ou de cidade também não é encarada com grandes preocupações, pois o mercado de arrendamento funciona de forma regular.
Em Portugal, porém, nada se passa assim. Metade dos desempregados demora mais de um ano a conseguir emprego e mais de um terço dos desempregados, com mais de 45 anos, não volta a encontrar um posto de trabalho. Quanto à mobilidade geográfica, também não é fácil por diversas razões, sendo a mais relevante o facto de as pessoas terem que se endividar para comprar casa e o mercado de arrendamento pura e simplesmente não funcionar apesar do elevado número de fogos devolutos. Ou seja, uma pessoa compra uma casa e fica amarrada para a vida. Nada disto é salutar, mas são as regras que temos e poucos se podem dar ao luxo de lhes escapar.
Aos empresários portugueses nada disto interessa. Pretendem trabalho qualificado que corresponda às suas necessidades, sem terem que aguentar com “pesos mortos” para vida inteira. Com toda a sinceridade, devo dizer que os compreendo. No entanto, gostaria de os ver reconhecer que para beneficiarem desse privilégio estão dispostos a pagar salários elevados, mas as declarações que ouvi de alguns no “Prós e Contras” e li de outros na “Visão”, não apontam nesse sentido.
Assim sendo, também não posso deixar de, com a mesma sinceridade, compreender a posição dos sindicatos. É preferível garantir a segurança de um posto de trabalho onde se vai apodrecendo à espera da reforma, do que arrastar-se pelos árduos caminhos do desemprego.
Ora Rasmussen chamou a atenção para esse aspecto e alertou que “o modelo só é viável com elevados salários e qualificações”. Esta parte, porém os empregadores não quiseram ouvir, porque pura e simplesmente não se aplica em Portugal. É apenas esse facto que torna absurda a aplicação da flexisegurança no nosso País.

Putin e o efeito Escorpião

A Europa depende em grande parte de fontes energéticas russas e terá muito a perder se não conseguir uma posição conciliadora e, sobretudo, se não souber calar os novos membros vindos do Leste. Putin já demonstrou ser capaz de, num acto de afirmação ou desespero, lançar mão dos trunfos que tem a seu favor. E se o fizer ( nem precisa de recorrer a ameaças bélicas, basta-lhe cortar a torneira do gás natural...) será o descalabro para uma Europa ainda a lamber as feridas da recente recessão económica.
Está na altura de a Europa se definir e perceber que a construção de uma paz duradoura possibilitada pela CEE, poderá estar ameaçada por divergências no interior da UE. A Europa não pode estar dependente dos arrufos de Putin, mas também não pode dar guarida aos maus humores de uns quantos ressabiados que acolheu precipitadamente.
A subserviência aos EUA de alguns dos novos Estados-membros deve-se, em grande parte, ao facto de esperarem que os americanos venham em sua defesa quando Putin se irritar. E isso quer dizer que não confiam na Europa e por isso não a respeitam.
A Europa devia ter sido mais cuidadosa antes de integrar no seu seio países que não têm qualquer sentimento europeu e apenas vêem na sua integração a vantagem de receber os Fundos Estruturais. Além disso alguns desses países destilam ódio aos russos e já por mais de uma vez demonstraram que se estão nas tintas para a posição da UE, quando em causa está o País que durante décadas os subjugou. Sentindo-se protegidos pelo “chapéu” americano tomam atitudes revanchistas próprias de adolescentes mal educados e põem em causa a própria democracia interna da UE ( os gémeos polacos que governam a Polónia são o exemplo mais acabado de anti-democracia vivida no seio da União, sem que ninguém ouse mandá-los calar).
Esperemos TODOS, que a Europa saiba lidar de forma hábil com esta crise de crescimento. Porque a Leste, um homem de gelo moldado na personalidade pelo KGB, estará disposto a imitar o Escorpião quando se sentir demasiado acossado.

Putin não tem razão, mas....

Já aqui escrevi sobre a ameaça de recrudescimento da Guerra Fria, a propósito do endurecimento da posição de Putin face aos Estados Unidos, que começou com a questão nuclear iraniana.
De forma nem sempre perceptível, o conflito tem-se vindo a agravar, constituindo uma ameaça para a Paz que, em minha opinião, pode ser mais perversa e real do que as ameaças terroristas da Al-Qaeda. E a razão é simples. Putin é cada vez mais contestado na Rússia e precisa de falar para o exterior de forma a que o seu discurso seja ouvido internamente numa espécie de ricochete mediático que os titulares do Poder, quando se sentem isolados, muito apreciam.Bush deu-lhe um bom pretexto ao pretender implantar na Europa o “escudo celestial” anti-mísseis. A Europa acolheu bem a ideia e Putin, acossado, sentiu necessidade de “falar grosso”. Aproveitou a oportunidade durante a visita de Sócrates e disse algumas verdades que a Europa não terá gostado de ouvir. E com razão, pois no que concerne a direitos humanos na Rússia estamos conversados. A História, seja no tempo dos czares, durante o perverso regime comunista ou na actualidade, está prenhe de exemplos pouco encomiásticos para a “Grande Nação Russa”.

Não há anjos amotinados?

"...O pior (ou, pelo menos, o mais desgostante) é que o zelo persecutório foi exercido, amiúde, por denodados ex-esquerdistas, recauchutados nos prestígios do "mercado"; por comunistas integrados no varejo dos desvios da pureza doutrinal; por pequenos fascistas que o eram sem disso quererem dar conta, embora o sendo..."
Quem escreve estas sábias palavras é o meu bom amigo Baptista Bastos na sua crónica de hoje no DN. Embora a crónica verse o jornalismo, todos sabemos que nesta matérias não há inocentes. Não é BB?

terça-feira, 5 de junho de 2007

Paulo Teixeira Pinto

[...] Se em algum momento considerasse que haveria alguma inibição ou limitação ao pleno exercício das minhas funções, de acordo com os critérios aos quais estou vinculado e às convicções por que me rejo, evidentemente que, nesse caso, não exerceria a função.[...]

Paulo Teixeira Pinto, presidente do BCP, numa excelente entrevista aqui no Diário Económico, hoje. Tenho acompanhado à distância a carreira de PTP quer na política quer na gestão empresarial. Considero-o um dos excelentes cérebros do país, um táctico soberano, um frio avaliador e calculoso estratega. Desde que foi adjunto de Durão Barroso na década de 80 [creio], PTP afirmou-se como um dos jovens promissores da direita conservadora. Não me identifico com a sua família confessional a que pertence mas respeito-a [a Opus Dei]. Considero que o país precisa de homens deste timbre que colocam exigência e sentido de responsabilidade naquilo que fazem. Ainda quando divergem [ou rompem] com o pai fundador da instituição que lideram em nome de um projecto ou de uma orientação. Auspicio-lhe grande voos e pena que se tenha desligado da política. O PSD precisa urgentemente de gente com esta tenacidade e timbre.

Programa da Cimeira do G8

A cimeira de chefes de estado e de governo dos países industrializados começa hoje com a chegada das delegações e uma recepção oficial às 7 da noite. Quinta-Feira, primeiro dia de reuniões, a primeira sessão de trabalho a ter lugar entre as 10:00 e as 12:15 am tratará de "Growth and Responsability in the Global Economy/Heiligendamm process". Depois da foto de família uma reunião do G8 com os jovens. A segunda sessão - a Working Lunchon - iniciar-se-á às 1:15 pm e tratará de "Current foreign policy offices". Entre as 2:30 e as 4:00 ocorrerão contactos bilaterais entre as delegações. Às 4 da tarde inicia-se a terceira sessão de trabalho dedicada ao tema "Climat change and energy efficency", tema que o nosso companheiro Carlos Oliveira acompanhará com olhos e ouvidos particularmente atentos. Finalmente a encerrar o programa do primeiro dia um Working dinner sob o tema "New Inmpetus for the Doha Development Round".
O G8 começou primeiro como G7 incluindo os governos do Canadá, da França, da Alemanha, da Itália, do Japão, da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos. A Rússia juntar-se-ia ao grupo depois da dissolução da USSR. Este conjunto de países representa 65% da economia mundial http://www.undp.org e nas suas actividades inclui-se várias conferências e projectos de investigação culminando na Cimeira anual. A Comissão Europeia está também representada na Cimeira. Anualmente, cada membro do G8 toma rotativamente a presidência do grupo e define a agenda do ano. O modelo do G8 emergiu da crise do petróleo de 1973 e da recessão que se lhe seguiu constituindo um forum intergovernamental para articulação das políticas económicas dos países mais industrializados do mundo. Angela Merkel é a presidente este ano, que assistirá à última participação de Tony Blair em reuniões do grupo.

O mundo com os olhos postos na reunião do G8

Começa hoje a Cimeira de 2007 do G8, o club das nações industrializadas do mundo em Heiligendamm [Alemanha]. A Cimeira foi já marcada [nos seus preparativos] pela subida de tom dos Estados Unidos face à Rússia e vice-versa. No que nos toca a nós europeus a ameaça de Putin de dirigir os misseis intercontinentais para vários alvos europeus se a colocação dos mecanismos da defesa atlântica na Polónia e na República Checa se confirmar mostra a debilidade da ordem pós-Guerra Fria, depois dos cânticos à paz indefenida. Realpolitik meus amigos. Pura e dura.

DMA 4- Recordar Kundera

Eu sei que há por aí muito palerma ignorante que continua a pensar que este problema das alterações climáticas é uma questão de somenos importância. Claro que perderam um argumento de peso quando deixaram de poder invocar a protecção ambiental como uma bandeira da esquerda. Hoje, a direita civilizada está igualmente consciente da necessidade de tomar medidas em prol do ambiente, como salvaguarda do progresso.
No entanto, apesar dos argumentos que todos compreendem, continuam a existir os “idiotas cépticos”. Não tenho nada contra eles, excepto quando se tornam presidentes das grandes potências, como é o caso de Bush nos Estados Unidos.
Indiferentes, esgrimem as forças bélicas como forma de resistência à manutenção de uma economia assente no lucro e enriquecimento fáceis, alcançados à custa de práticas produtivas e comerciais agressivas e de economias selvagens. Como dizia Kundera, não há nada a fazer, porque “a estupidez comercial substituiu a estupidez ideológica”.

DMA 3- Intransigência dos ricos dá argumentos aos pobres

Depois de ter dado alguma mostra de abertura quanto à necessidade de combater as alterações climáticas, Bush parece ter recuado nas suas intenções e mantém-se intransigente na recusa de abrir as negociações para a renovação do calendário de Quioto, insistindo que o problema não é prioritário.
As alterações climáticas estarão no centro das atenções da reunião do G8 que amanhã se inicia em Rostock e Ângela Merkel bem se tem esforçado para conseguir um acordo conciliatório na fase de preparação da Cimeira. Não terá tarefa fácil, pois os Estados Unidos, ao contrário do que aconteceu em anteriores areópagos internacionais não estão isolados. Países como o Canadá, que foi um dos mais fortes impulsionadores de Quioto estão a ficar fartos da intransigência americana e não querem continuar a suportar, juntamente com a UE, os custos do combate às alterações climáticas.Sendo os países ricos os mais poluidores, a recusa em tomar medidas de preservação ambiental será um incentivo para que países em desenvolvimento como a China, a Índia ou a Rússia, se recusem a reduzir as emissões de GEE. Estaremos possivelmente num impasse que não augura nada de bom para as gerações vindouras.
Espero podeer voltar ao assunto...

Dia Mundial do Ambiente 2- China aberta ao diálogo

A China apresentou ontem, pela primeira vez na sua história, um Plano Nacional de Combate às Alterações Climáticas, comprometendo-se a aumentar a produção de energias renováveis e a sua eficiência energética.
É uma boa notícia, principalmente quando se sabe que em 2009 ultrapassará os Estados Unidos, tornando-se o país mais poluidor do mundo.
O reverso da medalha (a má notícia) é que a China , na véspera de se iniciar a reunião do G-8 que vai debater a questão das alterações climáticas, já fez saber que não vai abdicar do seu desenvolvimento económico e pretende continuar a ter as regalias concedidas aos países em desenvolvimento. Afinal em que ficamos?

Dia Mundial do Ambiente 1- Empresas portuguesas assobiam para o ar?

No dia em que se comemora o Dia Mundial do Ambiente, ficamos a saber que as empresas portuguesas ainda consideram o a protecção ambiental como um custo que é preciso evitar. Obviamente que a generalização feita pela Associação Portuguesa de Ética Empresarial (APEE) é abusiva, pois há um número crescente de empresas a publicar Relatórios de Sustentabilidade e /ou de Responsabilidade Social , onde dão a conhecer aos “stakeholders” as suas práticas e projectos de sustentabilidade. O problema é que muitos desse relatórios não passam de “show-off” com que pretendem “mascarar” a sua indiferença. Claro que é preciso fazer muito mais e agir de modo a que não sejam apenas as grandes empresas a preocupar-se com o problema, mas temos que ser justos e reconhecer que os empresários portugueses estão hoje em dia muito mais conscientes da necessidade de agir respeitando o ambiente. Até porque já descobriram que a Responsabilidade Social das Empresas pode ser um bom negócio...

segunda-feira, 4 de junho de 2007

4 de Junho [1989]

Dezoito anos se passaram. Para quando o reacerto com a História e a verdade?

Cenas de Vida 9- O intrometido

A manhã corria célere, no encalço de pessoas apressadas para apanharem o transporte, que os conduza a mais um dia de trabalho rotineiro.
Enquanto tomava uma bica, encavalitado num balcão de vozes imprecisas acotovelando-se para chegar primeiro ao ouvido de um empregado atordoado, acabara de deixar escapar por entre os dedos mais um dos seus pedaços.
Ao pôr o pé na rua, ansioso por entrar na minha cela laboral, para dar continuidade à missão que me confiaram de contribuir para o aumento do PIB, quase sou atropelado por uma mulher magra, em passo estugado, cujo cabelo cobreado esvoaçando ao ritmo da leve brisa que soprava, me fez lembrar uma chama que pretende libertar-se do fósforo que a mantém refém.
Ainda na soleira da porta, vejo folhas de papel arrumadas em forma de revista, desprender-se do seu corpo.
Vá-se lá saber porquê, um jovem que passava, numa de cavalheiro, apanhou a revista do chão e, pressuroso, foi entregá-la à sua – ainda que provisória- proprietária, pensando certamente que estava a fazer uma boa acção.
“ Desculpe, a senhora deixou cair isto”- ouvi-o dizer- enquanto se aprestava para devolver o tesouro de letras encapadas, quiçá em troca de um sorriso esforçado de agradecimento.
A reacção da mulher ter-lhe-á gorado as expectativas...
“Eu? Não deixei, não. Não quero é isso para nada.”
“Ah bom! Então podia-o ter deitado num caixote do lixo ou deixado na tabacaria onde a comprou, porque isto é um suplemento do jornal que leva aí...”
“Mas quem é você para me estar a dar lições? A Câmara tem gente para fazer a limpeza, que eu saiba! Mas se está tão preocupado vá lá você por isso no lixo, que foi você quem apanhou isso do chão. Eu não quero isso para nada, já lhe disse...”
Apressada, lá continuou o seu caminho, vociferando entre dentes, mas de forma audível “estes gajos são uns metediços! Os pretextos que arranjam para meter conversa!... Os paizinhos não têm tempo para os educar e a gente que os ature. P´ra onde é que isto vai, meu Deus?”
Entrevi o jovem a ruborescer, e ouvi-o atirar um pedido de desculpas por ser civilizado. Voltou para trás e colocou diligentemente o destacável no recipiente apropriado.BINGO!

Fraternidades [s]

"Pode a sociedade civil distinguir-se pelas liberdades e pela igualdade. Mas falhou radicalmente na fraternidade" António Barreto, PÚBLICO, 3-6-2007

Dificilmente a sociedade civil teve esse propósito. Alguma vez. A menos que AB veja na "populace" ao assalto da Bastilha a expressão dessa sociedade civil. A fraternidade implica a majoração da igualdade inter frater, algo que os socialistas levaram ao ponto de "liquidar" a liberdade. Aquilo que a sociedade civil teve que fazer foi controlar e condimentar o poder expansivo da autoridade. Esse é sempre - em qualquer latitude, Ucrânia ontem, Venezuela hoje - o combate decisivo da liberdade. A fraternidade é para outro recolhimento e outra sabedoria. E supõe iniciar-se [ou sê-lo]. E partilhar-se valores comuns. Intimamente comuns.

domingo, 3 de junho de 2007

O inimigo da Europa?

É este provavelmente o nosso inimigo comum.

The new cold war: Russia's missiles to target Europe no Guardian.

France-Russie, l'heure du dialogue, par Dominique Fache no Le Monde

Guérir la relation franco-allemande, Alexandre Adler, no Le Figaro

UE: Sócrates elege reforma dos tratados como prioridade da presidência portuguesa

Sócrates é capaz do melhor e do pior. Claramente centra-se naquilo que é o "tendão de Aquiles" do processo de integração europeu. A reforma institucional e a constituição europeia. Muito se tem escrito [e dito] sobre a necessidade desta última. Uns consideram-na delírio; outros uma urgência.
A Europa não é uma realidade geopolítica. É, sobretudo, uma realidade cultural e depois geográfica. Claramente para sobreviver a Europa precisa de uma identidade colectiva feita de valores, princípios, uma ideia sobre o mundo, uma bandeira, um hino, um acervo de instituições. Só uma moeda não é bastante. Talvez de um inimigo comum. Os países também se entrozam dessa forma.
Portugal tem aqui uma oportunidade para brilhar. Sócrates é hábil e insinuante. Barroso parece querer dar-lhe visibilidade e panache. O centro da decisão será o par Merkel-Sarkozy. Mas estou desconfiado que para haver acordo sobre a Constituição os pequenos países têm que abrir mão dos Comissários Europeus. Não faz qualquer sentido uma Comissão com 27 membros efectivos, por exemplo. E chega de sonhos de parlamentarismo agudo. Concordo absolutamente com António Vitorino que o Parlamento Europeu tem já poderes que cheguem para balancear o poder da Comissão e do Conselho. Mais do que isso é introduzir um factor de imponderabilidade que na arrumação dos poderes constitucionais não faz qualquer sentido.