sábado, 24 de fevereiro de 2007

O poder norte-americano

Sob o olhar de Stephen Walt, um dos mais lúcidos e estimulantes intelectuais norte-americanos da escola realista.


"At a time when America's dominance abroad was being tested like never before, Taming American Power provided for the first time a "rigorous critique of current U.S. strategy" (Washington Post Book World) from the vantage point of its fiercest opponents. Stephen M. Walt examines America's place as the world's singular superpower and the strategies that rival states have devised to counter it".

Ler também esta entrevista com o autor.

Lendo e repassando

  • Chimères humaines et démocratie, Jean-Yves Nau, no Le Monde
  • The same old songs, Duncan Campbell, no Guardian
  • Le retour des Empires, Alexandre Adler, Le Figaro
  • Un sistema strabico, Michele Ainis, La Stampa
  • Misguided Missiles, editorial do New York Times
  • The Dawn of the Next Cold War, Ian Bremmer, na Newsweek International
  • Does Bush Know What Neocon Means? That isn't a rhetorical question, Timothy Noah no Slate
  • Behind the Sunni-Shi'ite Divide na Time
  • O ataque da blogosfera ao texto racista de Clara Ferreira Alves, por João Paulo Menezes no Ponto Final

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Falar claro sobre Timor

Lido na imprensa:

[...] Portugal está disponível para reforçar com um ou dois pelotões o actual contingente em missão em Timor-Leste, desde que as Nações Unidas resolvam as «questões técnicas e de fundo» que faltam, disse o ministro da Administração Interna, António Costa.
Contudo, António Costa salientou ser necessário regular uma série de questões com as Nações Unidas, para saber se é possível concretizar esta medida.«Primeiro, é necessário que as Nações Unidas assinem com Portugal o acordo de integração das nossas forças na missão das Nações Unidas, que tem estado a decorrer sem acordo. Depois é preciso que as condições materiais necessárias possam ser garantidas para que a missão se concretize», afirmou[...]


Gosto de políticos que falam claro, sem medo de usar as palavras certas nos momentos certos. António Costa é um dos que o faz, normalmente. Timor-Leste, escrevi e defendi em debates públicos [o último dos quais aqui, em Macau, com o Moisés Fernandes] é um caso dramático de um estado frágil senão inviável. Não basta apelar à memória histórica dos sacrifícios perante o invasor indonésio ou ao fardo do colonialismo [como se retira do preâmbulo da Constituição] para se viabilizar um país, é preciso focagem nos objectivos, estabilidade, ordem e liderança. Timor-Leste não tem tido nada disso. E só pode culpar o seu próprio povo não o estrangeiro. Os jovens que lançam o caos à noite nos bairros da capital e vivem do pequeno crime e esquema não são resistentes são marginais. São indignos da história de Timor-Leste e dos mortos da resistência. E têm de ser tratados como um caso de polícia com mão firme e sem hesitação.
As tropas australianas viram-se obrigadas a semana passada a atirar a matar para dominar tumultos num dos bairros de Dili. Não vejo forma de o deixarem de fazer.
Por isso, a oferta de reforço do contingente da ONU com tropas portuguesas é louvável, mas não sei se o ministro e o chefe do governo se consciencializaram do que acontecerá quando cairem os primeiros soldados portugueses, por acção destes marginais. E o bruá que se levantará na opinião portuguesa face à intervenção dos nossos militares lá fora. É que se instalou a ideia peregrina no público que a vida militar não implica sacrifício pessoal, designadamente da própria vida. E que a missão é uma coisa relativa.

As contradições de Al Gore

AlGore continua a sua cruzada em defesa do meio ambiente, mas parece-me que começa a exagerar e a não medir correctamente as consequências das suas iniciativas. Esta semana, na companhia de Cameron Diaz ( sabe escolher bem as companhias, este Al Gore!), anunciou ao mundo, com pompa e circunstância, a realização, em Julho, do concerto Live Earth, cujo objectivo é alertar o mundo para os perigos do aquecimento global. Entre as figuras de cartaz já anunciadas, encontram-se nomes sonantes como os Red Hot Chili Peppers, Black Eyed Peas, Sheryl Crow, Duran Duran e Lenny Kravitz. Os concertos realizar-se-ão em sete cidades da Europa, África, EUA, América do Sul e Ásia ( Xangai foi uma das escolhidas ) e na Antárctida. Só que o que parece uma boa ideia, não pode deixar de merecer vários reparos por parte de quem se interessa por estes problemas. Em primeiro lugar, porque escolher a Antárctida para realizar um concerto é desastroso. Vítima do turismo desenfreado, a Antárctida está a sofrer ameaças de degradação rapidíssimas, pelo que as autoridades locais já restringiram drasticamente as visitas de turistas ( é bom não esquecer que o turismo é uma das actividades mais predadoras do Planeta...) . Realizar lá um concerto afigura-se-me, por isso, uma questionável medida populista e demagógica, com efeitos nefastos para o ambiente. Por outro lado, a realização destes concertos constitui, na sua essência, um atentado ambiental de consequências incomensuráveis, pela emissão de gases de estufa que origina, provocados por todos os agentes que lhes estão associados, público incluído. Conclusão: salvo venham a ser tomadas medidas inovadoras na realização destes concertos, que contribuam para reduzir os seus efeitos colaterais, estamos perante uma iniciativa que poderá contribuir para encher os cofres da Fundação a que preside – a Alliance for Climate Protection- mas que terá um efeito boomerang em termos ambientais, pois contribui para agravar o problema e não para o minorar.
Se pudesse aconselhar o sr Al Gore, dir-lhe-ia que a ideia de alertar as pessoas para a degradação ambiental poderia ser realizada com muitos menos custos ambientais e ter efeitos mediáticos similares. Bastaria concentrar o concerto num só local e difundi-lo em directo para todo o mundo através da televisão. Dir-me-ia que se perderia a ideia de universalidade do concerto, mas para isso também tenho uma resposta. Pegue nos embaixadores da Boa Vontade das Nações Unidas, espalhados pelo mundo, e dê-lhes meios para organizarem iniciativas junto das populações e das escolas. Cumprir-se-ia assim o efeito- menos mediático, é certo, mas muito mais eficaz- de sensibilização das populações e das forças vivas locais e o princípio da ONU expresso na frase “ pensar globalmente, agir localmente”. É que isto dos concertos começa a estar tão banalizado, que nem mesmo muitos dos que gostam de música ( como é o meu caso) se deixam atrair e sensibilizar por eles.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Leituras que recomendo vivamente

A propósito de um livro

[...] A Inquisição é uma instituição de mil faces, um espaço de cruzamento de poderes políticos e religiosos, económicos e culturais. Cruzamento de poderes e de poderosos, mas também de funcionários e afins e, acima de tudo, cruzamento entre perseguidores e perseguidos, entre grupos oficiais e gentes lançadas para as margens da vida através da tortura, sofrimento, exclusão, diáspora forçada. A Inquisição, um dos nós centrais de conflito nas sociedades do Antigo Regime, exprime as concorrências e oposições entre diferentes formas de vida e programas culturais, das lutas entre as formações hegemónicas institucionalizadas e realidades subalternas e periféricas. As culturas, vivências e indivíduos transmitem esta atmosfera de conflitualidade que encontra na Inquisição um teatro trágico. O mundo moderno e a idade de uma primeira planetarização e globalização que leva os europeus para os mares e terras dos mundos do mundo. Os conflitos e instituições, como a Inquisição, são levados pela Europa para os litorais da Ásia e da África, bem como para as terras da Neo-Europa baptizada de América". [...] Coordenação de Luis Filipe Barreto e José Augusto Mourão com edição da Prefácio [S. Paulo]

Lido noutro lado

[...] Em todo o país, dezenas de autarcas são arguidos em processos de toda a espécie, a começar por peculato, corrupção, abuso de poder e acumulação indevida de cargos. Os seus processos duram eternidades. Alguns já foram mesmo reeleitos depois de pronunciados. Segundo o presidente da Câmara de Lisboa, se todos os pronunciados cessassem funções, não haveria ninguém para gerir a vida pública! [...]

António Barreto no Público

Festa da "socialite" na cadeia de Tires

O "socialite" José Castelo Branco volta a ser notícia. E mais uma vez pelas piores razões, embora a culpa não lhe possa ser assacada por inteiro. A história é a seguinte:
No passado fim de semana, JCB foi à cadeia de Tires visitar uma amiga - também ela "socialite"- aí detida por ser suspeita de ter mandado assassinar o marido. Até aqui, tudo normal, são coisas da "socialite"... O que já não é nada normal é que a visita tenha decorrido no conforto de uma sala e não no parlatório, que JCB se tenha feito acompanhar de uma máquina fotográfica e de um gravador, tenha tirado uma fotografia à "madame" e conseguido publicar uma entrevista com a detida ( que se chama Maria das Dores, mas no "social" se crisma de Teresa) num jornal diário. São tudo coisas muito estranhas, pelo que era bom que se esclarecessem as condições em que todos estes atropelos ocorreram. A bem da justiça!

Esplendor na Relva

Ontem, Judite de Sousa entrevistou o Procurador Geral da República Pinto Monteiro. Estranhei que a entrevista fosse para o ar na quarta-feira e não na quinta, como habitualmente. Mas logo após a primeira pergunta, percebi a razão da alteração. Antes da entrevista, pensava que os temas fortes seriam as soluções para o atraso endémico da Justiça em Portugal, o caso do envelope 9, ainda envolto numa nuvem de polémica, ou a Operação Furacão. Enganei-me rotundamente. Judite de Sousa começou a entrevista ( transmitida logo após o FCPorto/Chelsea) com o Processo Apito Dourado. E aí ficou durante quase um terço da entrevista, tentando que Pinto Monteiro lhe garantisse que o processo só abrangia clubes do Porto, que Pinto da Costa e Valentim Loureiro eram os principais suspeitos, etc. Cada vez que o PGR lhe trocava as voltas, Judite insistia:
“mas então o Pinto da Costa não é o principal acusado?” Com toda a paciência e bonomia que o caracteriza, Pinto Monteiro lá lhe foi tentando mostrar que a entrevista estava a ser mal conduzida, que Judite se estava a preocupar com o acessório e não com o essencial. Foi difícil, mas lá conseguiu que ela mudasse de tema.
Que razões terão levado Judite a trazer o “Apito Dourado” para a abertura da entrevista? Estará ela tão obnubilada pelo fervor clubista do seu consorte, que pensa que o principal problema do país é o “Apito Dourado”? Será que o enlevo pelo seu consorte, não lhe permite discernir as prioridadees dos problemas da justiça? Não sei responder a estas questões. Sei que tenho pena de Judite de Sousa . Não pelo facto de ser uma jornalista “fraquinha” que tem dificuldade em esconder as suas opções durante as entrevistas, mas sim por uma questão comezinha: Judite de Sousa não pode fazer amor na relva! E porquê? Porque, como Fernando Seara, o seu consorte, revelou numa entrevista recente, não gosta de fazer amor num relvado “ porque é verde”! Pobre Judite, não sabes o que perdes!
PS- O presidente da CM Sintra não explicou a razão de ter escolhido Sintra ( tanto verde, tanto mar!) para viver e fazer a sua vida política, mas a culpa deve ser assacada por inteiro ao jornalista, por não lhe ter colocado a questão!

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Alberto João Jardim: até já!

Alberto João Jardim anunciou a demissão do governo madeirense em protesto contra as medidas do executivo socialista da República e confirma a sua recandidatura em eleições antecipadas lê-se algures na imprensa. Segundo declarou em comunicado lido na sede do governo regional recandidata-se por achar que «a Madeira não merece passar a ter um governo de medíocres, de incultos, de traumatizados sociais e de subservientes a Lisboa».

Há algo de quixotesco e trágico nesta política teatral de Alberto João Jardim. No poder desde 1978, há três décadas, portanto, Jardim é bem o exemplo do que os pais fundadores da república americana consideravam o aspecto mais nefasto da política como a conheceram, o apego untuoso ao poder, a qualquer preço e com a denegação de qualquer lógica. Daí terem inserido na Constituição Federal de 1787 um dispositivo destinado a impedir a reeleição por mais de uma vez do titular do poder executivo e outro a realizar eleições parciais para o poder legislativo a meio do mandato do presidente. Lord Acton disse-o de uma forma categórica: quem está no poder tenta-se a abusar dele mas quem exerce um poder quase-absoluto abusa dele absolutamente.

O regime autonómico regional que foi consagrado na sequência da aprovação da Constituição de 1976 pela mão dos nossos "pais fundadores" Jorge Miranda, Magalhães Mota, Sá Carneiro, Mário Soares e outros é a expressão da contradição entre propósitos louváveis e irrealismo político. Por uma daquelas verdades a priori que a política à portuguesa é fertil consagrou-se um casaco regional para país rico no corpete de um país pobre [ou pelo menos remediado]. E como na sua constante elaboração faltou tecido [leia-se meios financeiros] começou a cortar-se no tamanho mantendo a oboesidade do corpo. Em vez de impôr uma dieta higiénica disse-se ao paciente que se pode continuar a alambazar mas com menos conduto. E o paciente revoltou-se, porque não admite a ração diminuida.

Alberto João Jardim é o último sobrevivente do caciquismo democrático, bem enraizado no nosso sistema político e que deu consistência à prevalência dos dois principais partidos do arco constitucional, PS e PSD. E como cacique é um homem de enorme influência. O seu basismo a roçar [por vezes] a bucilidade é, ao contrário do que muitas vezes vejo defendido por alguns dos nossos intellectuels, expressão de um certo estilo de fazer política que tem raízes marcantes na nossa história próxima e que tem manifesto sucesso. Mas Jardim não é um caso único e se atendermos à forma como se faz política na região autónoma é um caso repetido nos restantes partidos do arco político regional. Mas por muito que nos desgostemos com as más consequências da democracia vê consagrada a sua legitimidade política em cada eleição regional. Ao se demitir e propor de novo a referendo popular Jardim criará um daqueles absurdos que o nosso sistema constitucional pacientemente favoreceu: ser eleito com base num programa desenvolvimentista [e despesista] contrário à orientação do governo central e aos condicionalismos da gestão económica impostos por Bruxelas e governar ao seu arrepio.

Coexistirão assim depois destas eleições regionais [e não vejo como o Presidente da República se lhe pode opor-se] duas legitimidades rumando em sentidos opostos: a do governo central eleito pelo conjunto dos eleitores portugueses, a do governo regional eleito pelo conjunto particular dos eleitores madeirenses. Mas essa coexistência tem uma característica muito especial: a maior parte dos meios financeiros destinados a sustentar o funcionamento [e as políticas] do governo regional advêm do orçamento geral do Estado e não do orçamento regional que é deficitário. E os representantes eleitos pelo conjunto dos portugueses têm manifesta autoridade para no local próprio - a Assembleia da República - ditarem as regras e a forma pela qual o dinheiro público é administrado - mesmo que seja contra as expectativas e a opinião dos eleitores madeirenses.

Estamos numa situação similar há que ocorreu há 230 anos do outro lado do Atlântico. Também aí os colonos ingleses se insurgiram quanto à iniciativa de Westminster lhe impor impostos sem a sua autorização. O famoso "no taxes without representation". E esse acto considerado lesivo dos seus interesses e da tradição lockeana da British Constitution conduziu-os ao caminho da independência. Não estamos aqui na presença de impostos mas há claramente uma redução das expectativas na transferência de fundos para as regiões autónomas. Os madeirenses [ao contrário dos americanos] estão representados no parlamento nacional e puderam expressar a sua posição quanto ao assunto. Mas a lógica soberana do voto por maioria ditou o prejuízo dos seus interesses sobre os interesses gerais.

Há 230 anos os colonos americanos consideraram a sua relação com a metrópole rompida pela acção do Parlamento britânico e do rei Jorge III. A Declaração de Independência é a expressão notável das sua grievances e da inevitabilidade do corte dos laços com a mãe-pátria. Mas no caso americano a sua situação era desafogada e auto-sustentável. No caso madeirense ela é de dependência crónica do fluxo de dinheiros da República e do apoio de Lisboa no Comité das Regiões da União Europeia. Jardim pode fazer, portanto, o seu show-off mas Sócrates e Cavaco sabem que ele nunca esticará de mais a corda. Por uma razão simples: ela permite que ele se mantenha acima do nível das águas. Sem ela mergulhará no oceano.

Blair recua

Blair anuncia corte substancial nas tropas britânicas estacionadas no Iraque. Do contingente de 7000 homens 1600 regressarão a casa, nos próximos meses. A data indicada pelo ainda primeiro-ministro inglês para a completa retirada é 2008, sendo o aparelho de seguranca da zona de Basra, a acrgo dos ingleses transferida para o exército regular iraquiano.
Vi Tony Blair a anunciar o plano no Parlamento britânico, perante o ar circunspecto da sua bancada parlamentar. Dificilmente se vislumbra no primeiro-ministro o jovial e fresco lider que deu a volta ao Labour e liderou a mais loga estadia no poder dos trabalhistas desde a Segunda Guerra Mundial. A sua colagem a Bush ter-lhe-á custado a animosidade de sectores importantes dos trabalhistas e da opinião pública inglesa. Sairá dentro de meses anunciou.
Ocorrem-me dois pensamentos. Primeiro, dificilmente se governa sem "sujar as mãos" lembrava creio Dahrendorf ou Lord Acton. A política real não é um concurso de beleza mas a opção entre políticas irreconciliáveis. Blair teve a virtude de correr riscos e deixar uma impressão de decisão e firmeza de que a política inglesa estava arredada desde Margaret Thatcher.
Segundo, Gordon Brown que tomará o partido [e o governo] das mãos de Blair é um bom segundo que nunca será um bom primeiro. Opaco, bolachudo, não galvaniza, como se viu no último congresso do Labour onde retirou parcos aplausos de uma assembleia rendida ao abandono de Blair. Presidirá - creio - ao afunilamento do Labour e à sua derrota nas próximas eleições para Westminster. Prepara-se o fecho de um capítulo importante na história da Europa e do Ocidente.
É uma geração que se prepara para abandonar o poder, a Beatles generation. Não estou particularmente optimista do que vem a seguir. Não sei se é rasca mas é sobretudo pastilha elástica.

Ainda Koh Samed

A linha de árvores que se vê ao fundo não é coméstica. É real. A distância da linha da água chega a ser de 5 metros na maré cheia. É verdade a ilha tem um problema - não tem estradas nem carros, chega-se e parte-se de barco, que se toma na vila pescatória de Ban Phe. É meia-hora de viagem.

Olá amigos


Estou de volta depois de um fim-de-semana alargado que coincidiu com as festividades do Ano Novo Chinês, destasorte dedicado ao Porco, animal benfazejo e simpático do Horóscopo Chinês.

Deambulei pelas doces águas do Mar de Anderman. Se há lugares paradisíacos na muita devassada costa tailandesa um dos mais encantadores está na ilha de Koh Samed, local a 2,30h de distância de Bangkok. Recomendo-o vivamente aos leitores que vêm até à Tailândia de férias e querem fugir ao buliço da quentissima capital do antigo Reino do Sião.

Cenas de vida 1-o termómetro

Terça –feira de Carnaval. Um termómetro partido na madrugada, deu o primeiro sinal de que a gripe entrara lá em casa disfarçada de Rei Momo. Manhã alta dirijo-me à farmácia de serviço mais próxima. A fila é longa. Conto 17 cabeças à minha frente. Para nos atender, apenas um funcionário. Interrogo-me porquê, mas não obtenho resposta plausível. Preguiçosamente, acompanhando a dolência da manhã, a fila vai-se encurtando à minha frente e alongando na cauda. Começo a ficar impaciente. Para me distrair, vou espreitando as compras dos que me antecedem. Assusto-me quando vejo que o primeiro a ser aviado, leva nada mais nada menos do que 13 medicamentos. Os seguintes variam entre as três e as 10 embalagens. Muitas delas são embalagens grandes que não serão consumidas até ao fim. O seu destino será, muito provavelmente, o caixote do lixo. Associo a dinheiro deitado ao lixo. Num país com dois milhões de pobres, podemos deitar dinheiro ao lixo? A indústria farmacêutica pensa que sim, porque o caixote do lixo desagua nos seus cofres. Chega finalmente a minha vez. Eu só quero um termómetro! Mas tive que aguentar estoicamente numa fila, durante duas horas e meia, para o poder adquirir. Porque termómetros, em dia feriado, só mesmo em farmácias...

Three Mile Island in Retrospect

Location: New York
Author: Ken Silverstein, EnergyBiz Insider, Editor-in-Chief
Date: Tuesday, February 20, 2007

Nuclear energy's potential comeback may spawn another kind of resurgence -- the types of protest that occurred in the aftermath of Three Mile Island, the most significant nuclear incident in American history.

By nearly all accounts, the accident in March 1979 is one of the primary impediments to a nuclear renaissance. While the thought of radiation escaping into the atmosphere is well-appreciated, it is the function of policymakers and utility officials -- and the reporters assigned to cover them -- to effectively communicate their message so as to properly inform the public.

Fears of a "hydrogen bubble" in which radioactive material could devastate the surrounding Pennsylvania towns were palpable. But neither government nor industry could organize a response to quell the unease. Reporters, meantime, gravitated toward those with the most hyperbolic views.

"There was so much speculation and it was all fueled by people who didn't have a background in nuclear technology," says George Koodray, who managed a radio news station near the plant. Koodray, who now is a communications pro in New Jersey, says he has since spent years trying to "undo the damage" that he helped create.

"There were dramatic images of corporate conspiracies -- all supported by events within a time period in which there were oil interruptions and a blockbuster movie called `China Syndrome,' Koodray adds. "Reporters back then were exposed to atom bombs and mushroom clouds and they felt that the plant could go off like a nuclear bomb."

Three Mile Island has made an indelible mark on American energy policy. While 103 nuclear reactors are operating here, none have been ordered in the United States since the 1970s. Even before the scare, India successfully tested a nuclear device in 1974 and gave rise to fears over global nuclear proliferation.

The same trepidation is around today. But, there is now a strong emphasis on reducing greenhouse gas emissions while trying to diversify the nation's energy mix. That's why the U.S. government is offering billions in incentives to expand nuclear energy, which has resulted in the consideration of about 30 such plants.

Real Panic

Before that would occur, the industry must explain what went wrong in Unit 2 on March 28, 1979 and what it has learned in the intervening years. Around 4 a.m. that day, following a loss of feedwater flow, a primary coolant system relief valve lifted and failed to shut. This resulted in a loss of primary coolant, uncovering the reactor core and causing a partial core meltdown. While the matter took 14 years and $1 billion to clean up, the second of the two units, Unit 1, remains operational today.

Faulty equipment meant to detect the malfunction is partially to blame. But, a lack of emergency training along with disparate communications compounded the whole mess. By 7 a.m. that same morning, panic had arisen over a "hydrogen bubble" that could explode.

The terror only escalated when the facility's owner, Metropolitan Edison, told the public it didn't feel as if it had to report every nuance of the situation. Pennsylvania's governor also complained that he was unable to get answers, all of which led to five frightful days in which areas as far as 300 miles away from Harrisburg were advised they might need to evacuate. Calm would not prevail until President Carter came to reassure the people.

"There was a clamor to get out of D.C.," says Jeff Dennard, president of his own consulting firm in Warwick, R.I. In 1979, he headed media relations for a former congressman from New Mexico before going on to run a communications division for the parent of Three Mile Island. "It felt like every person for themselves."

The fright was no doubt bona fide. But the reality is that hydrogen in the core could not congeal and explode; rather, it would safely combine with oxygen. And while state leaders and utility officials can be faulted for not having emergency preparedness plans, many in the media failed to ensure knowledgeable sources were given a proper forum -- experts, who from day one, were saying radiation levels were not harmful.

The press, unfortunately, is often behind the curve. It's a problem partly of its own making as many organizations are more intent on focusing on the sensational instead of matters of real substance. In the case of Three Mile Island, more journalists should have departed from the herd. Reporters should have been talking not just to activists but also to nuclear scientists and engineers who could separate fact from fiction.

The goal is to get to the truth, not obscure it. Conflicting messages from a variety of sources contributed to the public's fear. And while radiation was released from the plant, it never presented any dangers to the surrounding areas -- all confirmed after endless environmental investigations and legal challenges. Despite the melting of about one-third of the fuel core, the reactor vessel contained the damage and no one was hurt or killed.

The PR Battle

Winning the ongoing PR battle is atop the nuclear industry's agenda. To do so, companies such as General Electric, Areva NP and Westinghouse are developing state-of-the art reactors that have multiple safety measures and are designed to cope with any sudden loss of cooling. And over the last 25 years, the industry has performed well and implemented a number of new safety standards, all of which has harnessed increasing public support.

The nuclear industry is known for its technicians and not its media savvy. It must continue to evolve and work toward a culture of openness and accessibility. It must allay legitimate worries and plan for the "unthinkable." While no company can replicate a potential disaster, preparing and practicing for them can mitigate damages. Those at the top must demonstrate empathy and communicate all known facts to address concerns.

"There's a natural tendency when we talk about things that are potentially catastrophic to hide the bad news," says communications expert Dennard. "If there is bad news, get it out as fast as you can and as factually as you know at that moment. Don't get out anything if you do not know."

Three Mile Island taught the nuclear industry, along with the rest of corporate America, to disseminate information during a crisis in a coherent and forthright manner. That apparent inability coupled with the preconceived ideas that reporters had toward nuclear power helped to increase the emotional intensity in March 1979. Now, nearly 28 years later, those powerful feelings are subsiding and giving the industry and the public a chance to reason with one another.

Harley e o valor de comunidade: artigo do Diário Económico de 16.02.2007

Harley e o valor de comunidade





Mesmo comercializando um produto de nicho, a Harley Davidson está regularmente entre as marcas mais conhecidas nos EUA.


Paulo Gonçalves Marcos

A Harley Davidson Motor Company trabalhou em exclusivo para o exército dos EUA, durante a II Guerra, produzindo milhares de motociclos que iriam demonstrar o seu carácter nos campos de batalha da Europa. Associadas aos vendedores, as Harley tornaram-se elas também objecto reverenciado num lado e do outro do Atlântico. Assim começou a construção do mito… Trinta anos mais tarde, rodeada de agressivos concorrentes japoneses, a empresa foi acossada por problemas na qualidade de construção e por um reduzido investimento tecnológico. No espaço de dois lustros, apenas, a quota de mercado minguou para um quarto. As firmas japonesas pareciam avassaladoras demais para não ser vaticinada a falência previsível da empresa...

A década de oitenta, contudo, marca o início do renascimento da marca Harley. Este assentou em dois eixos: recuperação da excelência mecânica; reposicionamento como produtora de ícones culturais e de ostentação de uma peculiar forma de vida. Para isto jogaram um papel instrumental o Harley Davidson Owners Group (HOG) e a Posse Ride. O HOG, oficialmente um instrumento de estímulo aos proprietários para partilha de experiências e paixões, depressa revelou o seu verdadeiro fito: contributo para o esforço de reposicionamento e de credibilização social da marca. Esta estava, desde meados da década de 60, associada a espíritos demasiado livres que percorriam sem lei nem ordem as estradas. Inúmeros filmes de Hollywood retratam magistralmente esta realidade marginal. Actualmente o HOG tem mais de um milhão de membros, sendo a maior organização deste género no mundo do motociclismo. Personagens singulares, pertença de uma América profunda, masculina, branca. Os membros encarnam o espírito dos pioneiros americanos: ao cidadão respeitador da lei e engravatado, durante a semana de trabalho, sucede o cidadão espírito livre, suavemente rebelde e amante da liberdade, ao fim de semana.

A Posse Ride é, na sua essência, uma excursão de alguns dias, geralmente em percurso de milhares de quilómetros. Mas o que a distingue é a forma metódica como os gestores da Harley e do HOG aplicam subtilmente sofisticadas técnicas de ‘marketing’. Onde gestores e consumidores se juntam e convivem. Num contacto, não intermediado, estimulando a manutenção do espírito gregário Harley. A Posse Ride é também uma oportunidade ímpar de falar de novos produtos e conceitos, criando excitação em torno deles... a uma audiência cativa, maravilhada por estar a ser como que “ungida” pela revelação…quais disseminadores de novidades junto de seus amigos e familiares... A participação dos quadros de topo da Harley contribui para reforçar a sensação de pertença a uma grande família, estabelecendo laços de lealdade potencialmente perduráveis no tempo.

A Harley não tem produzido as motos de maior excelência mas tem, de longe, uma marca mais forte que lhe permite licenciar produtos a mais de 100 diferentes empresas produtoras de acessórios diversos. Isto possibilita-lhe uma tremenda exposição, potenciada pela Posse Ride qual comboio de publicidade gratuita. Assim, mesmo comercializando um produto de nicho, a Harley Davidson está regularmente entre as marcas mais conhecidas nos EUA, ombreando com outras marcas lendárias como a Coca-cola ou a Disney.

O exemplo da Harley ilustra uma marca que reclama legitimamente um “Valor para uma Comunidade”, em muito excedendo as marcas com valor apenas comercial. Para este desiderato ela detém alguns atributos singulares: ilustra valores e objectivos dos consumidores e possui um elevado valor cultural; serve como identificador e símbolo de pertença; e é usada de forma notória e muito pública.

Como corolário, o gestor de ‘marketing’, no sentido de criar valor, deve tentar capitalizar no “Valor de Comunidade” que a sua marca desejavelmente possui. Empenho e espírito podem derrotar concorrentes mais apetrechados financeiramente.

www.marketinginovador.blogspot.com
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Paulo Gonçalves Marcos, Economista, gestor e professor universitário

A Democracia segundo Alberto João

Ao longo dos seus 30 anos de mandato, Alberto João Jardim tem exprimido de várias formas o seu singular conceito de democracia. Insultuoso, roçando a ordinarice, sempre de dedo em riste apontado ao Continente, cujo Governo encara como uma entidade abstracta que lhe tolhe os caminhos do progresso, AJJ sempre conviveu mal com os políticos que lhe quiseram pôr algum freio. Já tratou Cavaco como “senhor Silva”, agora diz desconhecer José Sócrates, a quem chama Pinto de Sousa.
Para AJJ Democracia sempre foi sinónimo de confronto, mas as eleições de 2005 que conduziram o PS ao poder e as presidenciais de 2006 que elegeram Cavaco, retiraram-lhe espaço de manobra. Apesar de ter tacticamente apoiado Cavaco à presidência, sabia que não iria ter no actual Presidente da República um aliado incondicional, pronto a apoiar todas as suas diatribes. Engoliu-o como um soporífero e ficou sempre de pé atrás. Ensaiou algumas ameaças a Cavaco, mas o Presidente não lhe deu troco, por isso iniciou o ciclo da vitimização, como se rimasse com democracia. Nem Tolentino, o poeta das rimas loucas, faria rima tão estapafúrdia, mas o “senhor da Madeira”, acolitado pelo fragilizado Marques Mendes, achou que esta seria a melhor via para se impôr .
Para AJJ Democracia significa poder subvencionar um jornal com capitais públicos ( 5 milhões de euros por ano) no qual escreve, quando lhe apetece e considera conveniente, editoriais a zurzir no Governo e nas instituições que o contrariam, recorrendo amiúde ao insulto. Atitude idêntica no Continente seria por ele classificada de “totalitarismo”, mas na Madeira, desde que seja para servir os seus interesses pessoais, é “normalidade democrática”. E dentro dessa “normalidade”, irado com o facto de nem o Governo nem o Presidente da República lhe darem troco, na questão da Lei das Finanças Regionais, aproveitou a quadra carnavalesca para encenar mais um acto da sua peça: demitiu-se, para se recandidatar, numa demonstração inequívoca de desprezo pelas instituições e de totalitarismo, próprias de alguns ex-ditadores sul-americanos.
Vai-se então embora o homúnculo, ao fim de 30 anos de exercício de poder absoluto? Não! Restam poucas dúvidas que Jardim irá suceder a Jardim. Quem conhece a Madeira, sabe que uma vitória da oposição não tem condições de se concretizar. Mas Jardim, apesar de tudo, corre um risco: ter uma maioria mais escassa do que a actual. Se isso acontecer, ficará com menos espaço de manobra e deixará em maus lençóis Marques Mendes, que mal Jardim acabara de anunciar as suas intenções, correu para as televisões a manifestar o seu apoio à decisão do líder madeirense. Um poder laranja enfraquecido na Madeira daria aos rivais de Marques Mendes, dentro do PSD, novos argumentos e novas forças para o apearem e impedirem de ir às urnas em 2009. No PSD contam-se espingardas e os adversários de Marques Mendes ( com Santana Lopes e Meneses à cabeça) veriam de bom grado um desaire laranja na Pérola do Atlântico, pois isso abrir-lhes-ia as portas da liderança, sem grande contestação interna. E eis como, de repente, o folclore madeirense exibido em quadra carnavalesca, tornou mais animada a vida política portuguesa.

The dangers of unfavorable regulatations in a globalized economy

Author: Shahin Shojai
Date: Tuesday, February 20, 2007

In recent months many have been debating whether the Sarbanes-Oxley Act has been even more damaging to the U.S. financial services industry than the Interest Equalization Tax, which literally handed over the Eurobond markets to London on a platter.

The debates about whether London has, or is about to take over New York City as the world’s leading financial centre has been circulating around the world for a few months now. There is no doubt that London has benefited hugely from international listings by companies who no longer wish to list in the U.S. in order to avoid falling under the auspices of the Sarbanes-Oxley Act. Now, whether that means that London is now the world’s leading financial centre is another matter. But, what is clear is that unpopular laws can be quite costly to a financial centre or a country.

Similar to the discussions about how London is gaining at NYC’s expense, many are now debating the implications of a socialist victory in France and how some of their tax policies might benefit London. Many are suggesting that should Mme. Ségolène Royal win the French Presidential elections in May and remain true to her word and increase taxes for the high earners and major corporations that many of the best minds in France might leave the country and move to London.

The areas of special concern seem to be financial services and biotechnology sectors, industries in which London has a special strength. According to a recent senate finance committee report, France has lost €2.2bn of taxable assets in 2005 as a result of people leaving the country to avoid paying the wealth tax. This figure is expected to swell should the Socialist party win the election and introduce further tax hikes.

Losing talented individuals to neighbouring countries is nothing new in the world of macroeconomics. The U.S. has prospered mainly as a result of being able to attract the best minds from not only its neighbours to the north but also from most of the rest of the world.

However, what makes today’s world somewhat different from the past is that due to the greater concentration of wealth when countries introduce unfavourable regulations they not only lose many of their most talented individuals, but they also lose a huge chunk of their wealth as well.

Unlike the recent joiners to the European Union, whose citizens seem to be highly mobile, labour mobility among the more established and wealthy members of Europe has historically not been very high. Consequently, countries have not been too successful in attracting the best minds from their neighbours when they introduce regulations that would seem to induce an exodus. As a result, unfavourable regulations have not been too costly.

However, unlike the working or middle-class, the wealthiest members of the society are extremely mobile, and they seem to be in control of ever greater proportion of national wealth. Consequently, when they leave, a greater share of national asset values leaves with them than was the case in the past.

In fact, the wealthiest European are behaving more and more like major global corporations which move their headquarters around Europe in order to benefit from more conducive taxation. Very soon the U.K. might also find itself on the receiving end of the attacks from Europe that Switzerland is currently facing for attracting many U.S. corporations to move their European headquarters there.

If the exodus that many in France are predicting does in deed take place, the U.K. is bound to face huge criticism for having a too lenient a tax system; one that places other European countries, especially France in this case, at an unfair disadvantage.

Now, the fact that the U.K., similar to Switzerland, is only trying to make life easier for her citizens by having a more flexible tax system is obviously beside the point and U.K. will certainly be attacked should the tax hikes result in a loss of wealth to France. The perception is that if we do something that causes our citizens to leave and they do, it is not our fault but the fault of the country to which they are going.

No one in Europe is thinking about maybe reducing their own taxes to become more competitive. They simply view Switzerland as the problem because it has more attractive tax rates, even though as discussed in a previous bulletin, there are many countries in the E.U. that have lower taxes than Switzerland.

Until countries realize the dangers of introducing unfavourable regulatory policies in a world where wealthy individuals and their ever more concentrated capital are highly mobile they will continue to make decisions that makes other countries look more attractive and attack those same countries for not introducing regulations that match the mistake that they have made. France seems to be enroute to proving that point yet again.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Meteorologia verde na RTP 1

Nem de propósito... dias depois de ter aqui falado do cinzentismo da RTP 1, no que concerne a programas dedicados ao ambiente, o canal público de televisão anunciou algumas novidades neste âmbito. Os programas " Bom dia Portugal" e "Portugal em Directo", vão ser os anfitriões do regresso dos "boletins meteorológicos" à antena, já a partir de Março. Para além do regresso, que se saúda, há ainda a novidade de os meteorologistas acompanharem as suas previsões com explicações aos telespectadores sobre as alterações climáticas, as suas causas e consequências, bem como alguns alertas para a necessidade de cada um dar o seu contributo na minimização dos efeitos nefastos que se aguardam. Fico expectante, e fazendo figas para que a iniciativa se alargue ao telejornal, já que sendo este o espaço informativo mais visto pelos portugueses, todos teríamos a lucrar em ouvir as explicações e os conselhos que os meteorologistas têm para nos dar.

Obrigatório proibir

Sou da geração Cohn Bendit, cuja máxima era "é proibido proibir". Mas os tempos mudam e a cruzada antitabágica, originária dos EUA e que agora avassala a Europa, fez-me mudar de ideias. Se os fumadores da minha geração que foram sempre incitados a fumar, são agora proscritos e considerados indesejáveis, porque alegadamente andam a matar outros cidadãos então proponho um conjunto de proibições, igualmente incómodas e que me transformam os dias num inferno!
Para começar, sugiro que se inicie uma cruzada proibicionista contra os telemóveis.
Não é seguro que as radiações emitidas por antenas de telemóveis não sejam prejudiciais à saúde, existindo estudos contraditórios sobre o assunto, mas o que é inegável é que o uso de telemóveis se transformou numa praga e veria, de bom grado, a sua abolição. Ou haverá coisa mais desagradável, do que estar a comer uma boa refeição, em agradável companhia, e na altura em que diz à companheira de circunstância "os seus olhos fazem-me lembrar as águas do Atlântico ao pé da Quinta da Marinha", ser interrompido pelo toque do telemóvel dela, deixando-lhe suspensa entre os lábios o resto da frase "... e se fossemos tomar um whiskey até lá casa?".
A inspiração vai-se num ápice e a consequência imediata é puxarmos de um cigarro, perante o olhar reprovador dos restantes comensais. Meus amigos, lá diz o ditado que "amor com amor se paga" por isso, se estou proibido de fumar em locais públicos, para não incomodar o próximo, exijo que os telemóveis também sejam proibidos neses mesmos locais, para me evitarem incómodos e estragerem aquilo que poderia ter sido uma bela noite!Bolas, não há pachorra...

Os cromos da semana

Para a primeira edição de cromos da semana, os meus eleitos são:

1º lugar- Fontão de Carvalho- Constituído arguido desde Setembro, o vice-presidente da CM de Lisboa escondeu a sua condição aos seus pares na Câmara ( Carmona Rodrigues incluído?) . Mas o que lhe confere o 1º lugar é a resposta dada, em conferência de imprensa, de que nunca dissera que fora constituído arguido, porque apenas lhe tinham perguntado se era arguido no processo Bragaparques e não por peculato. O menino Zequinha, das anedotas, não teria melhor resposta!

2º lugar- Correia de Campos- A rábula do Ministro da Saúde nas jornadas parlamentares do PS, avisando os deputados de que se devem comportar como meros passageiros viajando num comboio ( será o TGV?) de que ele é o maquinista, cheira a absolutismo bacoco de quem ainda não percebeu que a Assembleia da República é algo diferente da Assembleia Nacional. Saudades do passado?

3º lugar- Luís Filipe Meneses- O presidente da CM de V.N. de Gaia parece gostar cada vez mais de tiradas originais. Afirmar que Sócrates foi o grande derrotado no referendo sobre a IGV é uma originalidade, de facto, mas demonstra falta de senso e vacuidade de pensamento.

Menção honrosa- Alberto João Jardim- Em jeito de antecipação caranavalesca, o inenarrável Alberto João acusou os portugueses de "não terem testículos". A expressão, na sua boca, faz lembrar uma "tia da linha" a comentar com as amigas os predicados sexuais do seu novo amante.
Até p'rá semana!