quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Blair recua

Blair anuncia corte substancial nas tropas britânicas estacionadas no Iraque. Do contingente de 7000 homens 1600 regressarão a casa, nos próximos meses. A data indicada pelo ainda primeiro-ministro inglês para a completa retirada é 2008, sendo o aparelho de seguranca da zona de Basra, a acrgo dos ingleses transferida para o exército regular iraquiano.
Vi Tony Blair a anunciar o plano no Parlamento britânico, perante o ar circunspecto da sua bancada parlamentar. Dificilmente se vislumbra no primeiro-ministro o jovial e fresco lider que deu a volta ao Labour e liderou a mais loga estadia no poder dos trabalhistas desde a Segunda Guerra Mundial. A sua colagem a Bush ter-lhe-á custado a animosidade de sectores importantes dos trabalhistas e da opinião pública inglesa. Sairá dentro de meses anunciou.
Ocorrem-me dois pensamentos. Primeiro, dificilmente se governa sem "sujar as mãos" lembrava creio Dahrendorf ou Lord Acton. A política real não é um concurso de beleza mas a opção entre políticas irreconciliáveis. Blair teve a virtude de correr riscos e deixar uma impressão de decisão e firmeza de que a política inglesa estava arredada desde Margaret Thatcher.
Segundo, Gordon Brown que tomará o partido [e o governo] das mãos de Blair é um bom segundo que nunca será um bom primeiro. Opaco, bolachudo, não galvaniza, como se viu no último congresso do Labour onde retirou parcos aplausos de uma assembleia rendida ao abandono de Blair. Presidirá - creio - ao afunilamento do Labour e à sua derrota nas próximas eleições para Westminster. Prepara-se o fecho de um capítulo importante na história da Europa e do Ocidente.
É uma geração que se prepara para abandonar o poder, a Beatles generation. Não estou particularmente optimista do que vem a seguir. Não sei se é rasca mas é sobretudo pastilha elástica.