sábado, 4 de agosto de 2007

Os 25 melhores albuns de sempre





























































Algumas pérolas de grandes colheitas que considero imprescindíveis numa colecção de bom gosto. O critério será discutível mas estão aqui vinte e cinco expressões da cultura do nosso tempo.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Rapidinhas 23- Última Hora

Cavaco vetou o Estatuto dos Jornalistas. Como diz o nosso amigo Pedro Correia no Corta-fitas, hoje somos todos cavaquistas. Bem, nem tanto assim, mas vale a pena comemorar!

Bom fim de semana!

Se estão a ver a Angelina Jolie em duplicado, povavelmente é cansaço do trabalho. Se os sintomas não desaparecerem durante o fim de semana, o melhor é consultarem um oftalmologista...

Leitura para o fim de semana


Acabei de ler – e recomendo- o último livro de Gilles Lipovetsky.
Em “A Felicidade Paradoxal” o filósofo e sociólogo francês desmistifica a ideia que a maioria das pessoas alimenta, de ser possível atingir a felicidade através do consumo.
A verdade- garante Lipovetsky- é que à medida que nos afogamos no prazer de consumir, vamo-nos sentindo mais infelizes.
A minha leitura:isso acontece porque nos desgostamos quando percebemos que na sociedade da hiperescolha a vaidade de exibir a última novidade dura um tempo muito escasso e isso deprime-nos. A ânsia de ser o primeiro a comprar o livro do Harry Potter, o iPhone ou a última versão da Play Station é um fenómeno universal que leva as pessoas( seja em Portugal, em Inglaterra, nos EUA ou na China) a comportamentso estranhos. Por exemplo:insurgem -se contra o atraso do autocarro, ou as filas nas Finanças, mas não se importam de esperar horas para adquirir um produto, no momento em que é posto à venda- e que no dia seguinte poderiam comprar com toda a calma.
Hoje em dia as pessoas não se limitam a querer ser felizes. Sentem-se obrigadas a sê-lo. É isso que “justifica” a obsessão de querer ser o primeiro. Porque ser primeiro – acreditam- é ser vencedor, é diferenciar-se da enorme massa humana que vai comprar nos dias seguintes o mesmo produto.Não estar entre os primeiros a adquirir um produto, a visitar uma loja, a ir a um restaurante ( ou atravessar o Túnel do Marquês) é visto quase como um insucesso. E as pessoas convivem mal com “este insucesso”. Por isso tornámo-nos infelizes e já nem tempo temos para ser solidários.
Aconselho o livro especialmente aos Pais que incutem este "Modus cogitandi" aos filhos, indo com eles para filas, durante longas horas ( por vezes as vendas começam à meia noite...) só para lhes satisfazer o orgulho de serem os primeiros a "TER". Eu sei que no fundo, os pais actuam assim porque também eles se sentem orgulhosos pelo facto de "O SEU FILHO" estar entre os primeiros a possuir a "novidade". Ficaria mais feliz se vivesse numa sociedade onde o prazer primeiro dos pais fosse ensinarem os filhos a "SER"...

Rapidinhas 22- O ridículo também mata

Um espectáculo deslumbrante ontem, ao fim da tarde, à porta do Museu Nacional de Arte Antiga. Um grupo de manifestantes envergando roupas de marca manifestava a sua solidariedade a uma “ tiaaaaa!” cuja comissão de serviço termina no próximo dia 31. A “tiaaaaa!” estava emocionada e os manifestantes orgulhosos do seu feito. Porque será que estas picarescas manifestações da direita se tornam tão ridículas?

Conversas da "silly season"

- “Olha lá, sabes quem é o Ministro do Mar da Suiça?”
- “Da Suiça? Deves estar parvo, os gajos não têm mar!...”
- “Que é que isso interessa? Os belgas também têm lá um Ministro da Cultura!”

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Ikea

O magnifico espectáculo da inauguração da segunda loja da multinacional IKEA em Portugal [Matosinhos] com bichas de mais de 24 horas para apanhar uns brindes na abertura é próprio de um país do Terceiro Mundo não de um país da União Europeia. Os meninos e as maezinhas que passaram a noite ao relento dormindo no chão poderiam ter feito coisas mais interessantes, como ajudar na sopa dos pobres ou limpar as pichagens que abandalham os monumentos portugueses [coisa que não se vê em Espanha por exemplo] mas convenhamos que o desporto nacional preferido - as compras nas grandes superfícies - desvairam qualquer um.
Ainda eu me queixo dos chineses e das palhaçadas que assisto cada vez que se abre aqui um casino - entre empurrões, coteveladas e atropelos. Haverá alguém mais parecido aos chineses que os portugueses? Meditem.

O folhetim da Câmara de Lisboa

Ponto 1 - José Sá Fernandes esclareceu que nunca excluiu entendimentos com o novo presidente da câmara de Lisboa, António Costa, lembrando inclusivamente que, antes da campanha eleitoral apelou à convergência entre as forças de esquerda.
Ouvido pela imprensa, o vereador que tomará conta do pelouro do Ambiente considerou que Helena Roseta, que na quarta-feira sublinhou que «não troca lugares por compromissos», não terá ouvido bem o seu apelo.
«Apelei antes da campanha para que houvesse uma união de todos. Fi-lo publicamente e dirigi-o quer à Helena Roseta, quer ao Ruben de Carvalho, quer ao António Costa. Durante a campanha fiz um apelo para que houvesse convergência entre estas forças. E agora, depois das eleições, continuo a fazer o mesmo apelo», recordou.
O vereador eleito pelo Bloco de Esquerda frisou ainda que apenas excluiu qualquer tipo de entendimento com os elementos da lista de Carmona Rodrigues e que por isso não percebe as declarações de Helena Roseta.
«É importante haver convergência para Lisboa, faz falta falar a Lisboa e quanto mais forças tiverem neste combate, sem ser as forças que puseram Lisboa neste estado, acho devem haver entendimentos», acrescentou.
Ponto 2 - Na quarta-feira, a vereadora Helena Roseta considerou que José Sá Fernandes se contradisse ao assinar um acordo político com António Costa e por isso exigiu um pedido de desculpas ao vereador eleito pelos bloquistas.
«Hoje disse ao vereador Sá Fernandes que ele me exigia um pedido de desculpas, porque todos ouviram, durante a campanha eleitoral, que ele disse várias vezes que os cidadãos por Lisboa e a Helena Roseta tinham um acordo com António Costa», disse.
Num jantar com apoiantes, a vereadora eleita pelo movimento «Cidadãos por Lisboa» recordou que, durante a campanha para as intercalares de 15 de Julho sempre disse que nunca faria este acordo e que afinal foi o vereador Sá Fernandes que o fez.
«Afinal ele é que queria fazer um acordo e agora ficámos todos a saber afinal a quem é que o 'Zé fazia falta'», afirmou Helena Roseta, numa referência à frase de campanha usada pela campanha de José Sá Fernandes.


Meu Deus o Zé fazia falta! Isto ainda agora começou mas [já] vai por um lindo caminho. Em vez de elegerem um executivo para a Câmara os lisboetas elegeram um bando de lacraus e puseram-nos todos dentro do mesmo saco. E depois de considerarem a Câmara mal governada tornaram-na ingovernável. No espaço de um ano [o mais tardar] teremos vereadores demitindo-se e acusações de traição para todos os gostos. E novas eleições. Se não processos em tribunal.
Estes cromos da esquerda que estão hoje na Câmara é tudo gente que manda mais bocas do que faz alguma coisa de geito. É tudo malta da democracia participativa, do devolver a voz aos cidadãos, do trélélé mas quando se trata de arregaçar as mangas e ir ao trabalho arrega Satanaz isso é com os outros, com a direita dos interesses.
O Dr António Costa que é um tipo catita e o mais decente nesta roda de caretas ganhará mais uns cabelos brancos, a aturar esta gente e a responder às fugas de informação para a imprensa. Mas é-lhe reconhecida uma paciência de chinês depois de aturar as alarvices do Dr. Alberto Costa, esse modelo de competência na área da Justiça que o governo socialista tem. No fundo é bem intencionado, mas quando quiser pôr ordem na vereação vai-se chamuscar.Mas como tem uma boa estrela pode ser que se safe.
Ainda vamos ter saudades do Dr. Santana Lopes no fim deste folhetim. Oiçam o que digo.

A India, o problema da proliferação nuclear e Portugal

[...] A Índia, o Paquistão e Israel são os Estados dotados de armas nucleares que recusaram assinar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear e a Coreia do Norte sobressai como o regime pária por excelência que, em 2003, repudiou o Tratado para se assumir como potência nuclear militar.
O regime de não-proliferação que as potências nucleares tentaram impor falhou e Washington respondeu com uma parceira estratégica com a Nova Delhi, iniciada em 2005 e concluída pelo acordo de cooperação anunciado no final de Julho.
O projecto da administração Bush assenta no pressuposto político de que a Índia (ao contrário do Paquistão) é um estado apostado na contenção do tráfico ilegal de materiais, equipamentos e tecnologias nucleares, ainda que Nova Delhi não seja signatária dos principais acordos internacionais sobre a matéria e se reserve o direito de levar a cabo testes nucleares militares.[...]

Um texto interessante de João Carlos Barrada no Jornal de Negócios

Aditamento ao post anterior

Se o CDS-PP considera o "despedimento" de Dalila Rodrigues estalinista, que pensará da actuação do seu Ministro de estimação Bagão Félix ao despedir 18 Directores Regionais da Segurança Social por "motivos políticos"? Provavelmente, chama-lhe Democracia!
Mas há mais. O despedimento sem justa causa desses Directores Gerais vai custar ao Estado ( ou seja, aos portugueses) a módica quantia de 1 milhão de euros. A isto Paulo Portas deve chamar "gestão exemplar"!
Estamos fartos das patetices do "arrivista-troca tintas" PP. O melhor que nos podia acontecer era aproveitar as férias para pensar um pouco e desaparecer de vez da cena política. Perdeu toda a credibilidade ( se é que alguma vez a teve, para além da "entourage" de fiéis seguidores recrutados na Juventude Centrista)...

Qual é o espanto?


Esta senhora ao lado de Fernando Ruas chama-se Dalila Rodrigues e era, até ontem, Directora do Museu Nacional de Arte Antiga. Foi ontem afastada do cargo e hoje veio a público manifestar a sua indignação. Francamente, não percebo...
Há tempos, a senhora manifestou publicamente o seu desagrado quanto à forma como estão a ser geridos os museus. Está no seu direito...mas a senhora exerce um cargo político, pelo que deve saber que o seu desempenho exige consonância com o (a) Ministro(a). Não existindo, o que a senhora devia ter feito, logo após ter tornado pública a sua discordância, era demitir-se. Não o fez... provavelmente porque as mordomias de alguns lugares fazem dobrar a coluna vertebral a muito boa gente. Preferiu ser demitida para se poder vitimizar e recolher a solidariedade da oposição de direita que, neste aspecto não pode dar lições de "dignidade" a quem quer que seja, pois ainda está na memória de muitos o seu comportamento recente. Para os mais distraídos lembro apenas que Bagão Félix demitiu- num só dia- 18 Directores Regionais da Segurança Social alegando ( adivinhem....) pois, isso mesmo!
Não passa de um mero exercício de hipocrisia política carpir mágoas por esta demissão. Se assim fosse, os políticos quando estão na oposição não fariam outra coisa. O melhor que a descontrolada direita tinha a fazer, era aproveitar o Verão para reflectir um pouco sobre as asneiras sucessivas que anda a fazer. Prefere a "chicana" e está a descredibilizar-se. Podem apontar-se tantos erros ao Governo de Sócrates, para quê insistir em transformar em factos políticos, situações cuja normalidade é tão facilmente explicável?

Depois queixem-se...

Ontem, depois do anunciado acordo entre António Costa e José Sá Fernandes, os blocos informativos de todos os canais de televisão - e algumas estações de rádio-anunciaram que uma das cláusulas do acordo, impostas pelo bloquista, exige que os construtores civis coloquem no mercado quotas de habitações a preços controlados.
Logo de seguida era emitida uma peça onde um dirigente de uma associação de construtores ( AECOPS) denunciava a medida como própria do regime cubano. Para completar a triologia , eram passadas declarações do inenarrável Dr. Negrão anunciando à população de Lisboa – com ar compungido e alarmado- a catástrofe: “a Câmara de Lisboa vai passar a ser gerida pela extrema –esquerda!”.
O que espanta em tudo isto, não é a coincidência de alinhamentos das peças nos diversos serviços noticiosos da rádio e televisão portuguesas. Tão pouco me espantaram as declarações catastrofistas do dr. Negrão ( bem mais ponderadas foram, surpreendentemente, as do Prof Carmona Rodrigues...) Muito menos me surpreenderam as declarações pacóvias do “pato bravo”, pois o sector empresarial português- ao contrário do que muitos proclamam- não é constituído maioritariamente por empresários cultos, conscientes e profissionais . (Felizmente eles existem, mas são poucos e, ao contrário do que seria desejável, é por serem empresários na verdadeira acepção da palavra, que atingem notoriedade. Ou seja, o que devia ser regra é visto na opinião pública como excepção.)
O que verdadeiramente me surpreendeu nesta triologia informativa, foi o facto de não ter havido um único “apontamento” que esclarecesse os habitantes de Lisboa – e os portugueses em geral- que a prática das quotas do mercado de habitação a preços controlados é prática comum em cidades tão parecidas com Havana, como Nova Iorque ou Paris!
Fica por saber se a omissão foi fruto de uma atitude deliberada, ou de mera ignorância, mas fico com a certeza de que os portugueses foram ontem intoxicados com uma notícia falsa, cujos propósitos podem ser considerados obscuros.
Depois queixem-se que o metafórico Ministro Augusto Santos Silva fale de “jornalismo de sarjeta”! Eu não acredito nesse tipo de jornalismo, mas lá que existe, existe!

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Lisboa: amanhã, o Paraíso

Carta aberta ao Dr. António Costa

Soube pelos jornais que V.Exª toma hoje posse como Presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Fiquei igualmente a conhecer algumas das suas prioridades para os dois primeiros meses de mandato: limpar as ruas varrendo os dejectos caninos, arrancar os cartazes de feira que conspurcam os edifícios, limpar fachadas, eliminar os “graffitti” de mau gosto, limpar os jardins e espaços verdes e ,a partir de 12 de Setembro, acabar com os estacionamentos selvagens (nomeadamente em segunda fila). Numa palavra, o que V.Exª promete aos lisboetas é o Paraíso!
Temo, caro Dr. António Costa, que quando amanhã começar a tentar pôr em prática as suas boas intenções, se aperceba finalmente que a Câmara que vai dirigir nos próximos dois anos não é a de Helsínquia, mas sim a de Lisboa. Sinto-me, por isso, na obrigação de o advertir que em Lisboa não vivem finlandeses educados, mas sim um subproduto da população portuguesa a que vulgarmente se chama – erradamente- lisboetas. A verdade, porém, é que a maioria dos lisboetas já não vive em Lisboa e, os que ainda cá vivem , estão acantonados em condomínios privados ou no bairro da Lapa. Sejamos por isso, claros: a população da autarquia que V. Exª estará a partir de hoje obrigado a gerir é hoje em dia constituída, maioritariamente, por uma mescla de saloios que há 30 anos vinha de carroça para Lisboa vender alfaces, com uma tribo de tiranetes que exploravam pretos em África e lhes “papavam” as filhas virgens, uns expatriados do interior do País que se acantonaram em Lisboa sempre com saudades da “terrinha” e da sua “horta” e uns quantos imigrantes de diversas proveniências. Ora esta população que hoje em dia habita Lisboa tem algumas características que convém não menosprezar e que me permito relembrar-lhe:

1- São ingratos. Apesar de o 25 de Abril- qual fada madrinha da Gata Borralheira- lhes ter permitido substituir a carroça por potentes máquinas; fornecido água potável canalizada e substituído o petromax por electricidade; facultado o acesso a uma parafernália de bens de consumo que a maioria nunca imaginou possuir; possibilitado a escolha do presidente de Câmara e conferido um vasto leque de mordomias a que não estavam habituados, os eufemisticamente chamados lisboetas são uns ingratos. Detestam políticos – como se não fosse graças a eles que conseguiram melhorar as suas condições de vida- e por isso os tratam como “escumalha”.
2- São ignaros- Esta mescla a que daqui para a frente apelidarei, generosamente, de população de Lisboa, apesar de ter sido polvilhada de Aramis, é pouco esclarecida. Pensou que não valia a pena votar no passado dia 15 de Julho, já que sendo o seu objectivo primeiro dizer mal de quem fosse eleito, não era necessário tanto incómodo. Além disso, a população de Lisboa desconhece não só a história da cidade em que habita, mas também o significados das pedras vivas que diariamente se atravessam no seu caminho e para as quais olham com profunda indiferença. Por isso lá afixam cartazes e espicham “graffittis” de mau gosto. É tão certo como a chuva em Dezembro, que por cada 10 cartazes que mandar retirar, no dia seguinte se erguerão 50 noutros locais da cidade.
3- São carentes- Se V. Exª pensa que vai acabar com os cócós de cão nas ruas de Lisboa, desiluda-se! Talvez não se tenha apercebido disso, mas a população de Lisboa é muito carente...Só assim se explica que hoje em dia nenhum habitante de Lisboa que se preze, dispense a companhia de um animal de estimação. Seja num T1 de 40 metros quadrados, seja numa “penthouse” de 200, há sempre lugar para um animal, seja ele um minúsculo “lulu” ou um mastodôntico São Bernardo. Em qualquer urbanização é possível ver todas as noites, nas áreas envolventes dos prédios, pessoas passeando os cãezinhos de estimação na hora de satisfazerem as suas necessidades. É um momento sublime e de grande significado sociológico. Como deve estar recordado, Salazar saía duas noites por semana, discretamente, para ver as montras e se inteirar dos preços dos produtos. No dia seguinte, reunia os seus Ministros, comunicava-lhes o que tinha visto, pedia-lhes as suas opiniões e depois decidia. Proponho a V. Exª que faça o mesmo, mas em vez de ir ver montras, observe os comportamentos dos cidadãos que passeiam os seus cãezinhos à noite. Verificará que a maioria deixa que os animais defequem à sua vontade, olham para as dimensões do dejecto e avaliam se o animal está totalmente “aliviado”. Depois seguem o seu caminho. Há alguns raros espécimens que se dão ao trabalho de pegar nos dejectos com um saquinho de plástico. Dizem-me que esses são os lisboetas que ainda vivem na capital nas mesmas condições dos habitantes de Lisboa.

4- São mal educados- A forma como tratam de suprir as carências afectivas, sem depois cuidarem devidamente dos dejecto do seu afecto, demonstra a sua falta de educação. Também cospem para o chão e estão sempre de dedo em riste fazendo gestos obscenos, mas a sua latente má educação é denunciada nos transportes públicos e quando conduzem. O seu lema é: tenho “pisca pisca, logo existo”. Por isso estacionam em segunda fila, em curvas , passadeiras, lugares para deficientes, em cima dos passeios, em paragens de autocarros e os outros que se danem. Se V.Exª conseguir acabar com isso não num mês, mas em dois anos, considerá-lo-ei um herói e serei o primeiro a subscrever a sua candidatura em 2009.

5- Julgam ser o centro do mundo- Um habitante de Lisboa julga sempre ser o centro do Universo. À sua volta tudo está mal, mas cada um sabe muito bem como pôr as coisas na ordem, porque ele é o exemplo acabado da perfeição. Por isso, encontra sempre justificação para não apanhar os dejectos do cão, estacionar o carro em transgressão, ultrapassar o sinal vermelho, abster-se no dia das eleições, etc. Os outros, que fazem o mesmo, é que têm falta de civismo...
6- São masoquistas- Caro Dr. António Costa, não desanime! A revelação que lhe faço antes de terminar esta carta ajudá-lo-á a resolver os problemas e a cumprir as suas promessas: os habitantes de Lisboa são masoquistas! Cheguei a esta conclusão ao ler os classificados do DN e do Correio da Manhã e constatar o elevado número de “dominadoras” que oferecem os seus préstimos... Ora um homem que gosta de ser dominado e humilhado por uma mulher entre quatro paredes deseja, no seu íntimo, ser humilhado e dominado por um poder superior. Acorrentado e chibatado, o habitante de Lisboa torna-se submisso, obediente e dócil. O que V.Exª terá pois que aprender é a usar as algemas e manejar a chibata. Sem usar a arrogância do sr. engenheiro, mas com a candura de uma mulher como Helena Roseta. Alie-se a ela e entregue-lhe a missão de tornar os saloios de Lisboa em exemplos de civilidade e conseguirá cumprir a sua promessa. E ainda lhe sobrará tempo para pegar nos dossiês e tentar pôr ordem no caos em que o Prof Carmona Rodrigues e a sua equipa deixaram a capital portuguesa.

terça-feira, 31 de julho de 2007

Faltava-me a Mónica


Inspirem-se


Viagem ao mundo do Tango

Continuando com o registo estival, aconselho o último livro de Elsa Osório: “TANGO
Ao contrário do que o título possa induzir, não se trata de um ensaio sobre o Tango, mas sim de um romance em que Elsa Osório nos conduz, através da história do tango e da sua entrada na Europa, às sociedades parisiense e porteña ( Buenos Aires), desde finais do século XIX até à actualidade.
Histórico, comovente, é um livro imprescindível para quem conhece a Argentina e é apreciador de tango ( os locais onde a trama decorre são todos reais...), mas também de inegável interesse para quem gosta de histórias bem urdidas, onde o poder dos sentidos se alia com a vivência histórica.
Um aliciante extra para os amantes do tango: pelo menos na edição portuguesa ( ASA), o livro vem acompanhado de um disco com alguns registos interessantes.

Crónicas de viagem

Não estou em férias, mas os últimos dias de calor, as noites à beira mar, a cidade a esvaziar-se e a aparente acalmia na cena política, estão-me a imbuir desse espírito. ( Não é por acaso que nunca tiro férias no Verão...) . Para completar o quadro, nada melhor que recorrer à literatura de viagens e mergulhar na escrita descomprometida de Gonçalo Cadilhe.
Jornalista nascido nas páginas da saudosa "Grande Reportagem" de Miguel Sousa Tavares ( também ele um emérito cronista de viagens), Gonçalo Cadilhe relata em "A Lua Pode Esperar" alguns episódios das suas viagens "pelos quatro cantos da Terra". Viajamos com o autor da Patagónia à Nova Zelândia, das Caraíbas à Indonésia, dos Andes a Zanzibar, vivendo episódios grotescos, apreciando as paisagens e partilhando os seus sentimentos. Já visitei a maioria dos locais onde Gonçalo Cadilhe nos leva neste seu livro, mas através dos seus relatos, não deixei de conhecer um pouco mais. Afinal, a literatura de viagens é isso mesmo: enriquecer, partilhando...

A vez de Antonioni

Depois de Bergmann, foi a vez de Michelangelo Antonioni deixar o mundo dos vivos. Não sendo um dos meus realizadores preferidos, Antonioni "deixou-me" um legado inesquecível: "Blow-up"! Um filme que marcou uma época, com uma actriz (Vanessa Redgrave) que foi uma das grandes "divas" do cinema. Foi também com Antonioni que conheci um dos "sex symbols" dos anos 60: Monica Vitti. Os seus desempenhos na trilogia que me deu a conhecer Antonioni ( A Aventura, A Noite e O Eclipse) são notáveis e demonstram à saciedade que a beleza física é compatível com talento. Apesar de hoje em dia, qualquer "carinha laroca" descoberta num reality show televisivo ou nas passerelles da moda , se poder tornar actriz, é difícil encontrar gente que compatibilize os dois predicados. Há excepções, eu sei, mas não passam mesmo disso( excepções).

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Sobre a Declaração de Princípios do Além do Bojador

Criámos um contador na faixa direita do blog porque o existente, por qualquer razão técnica, desapareceu. Conforme declaração de princípios aquando do início da viajem não é propósito da tripulação lançar-se na compita das visitas. Isso supõe um outro tipo de compromissos que não estamos dispostos a fazer. E uma concentração em fait-divers nacionais que não consideramos particularmente interessantes. Há blogs que correspondem a essa necessidade. Se for essa a sua procura, boa viagem! O contador serve exclusivamente para termos uma ideia da origem dos visitantes. Nos primeiros sete meses de vida mais de 70% dos nossos visitantes foram oriundos das Américas [Estados Unidos, Brasil, Canadá e Argentina] e a seguir de Portugal e da Ásia.
O Além do Bojador permanecerá cosmopolita, intercontinental, virado para fora e menos para dentro. Com um pouco de tudo, comentário político [internacional e nacional], crónica de viagens, recensão de leituras e crítica musical. Para bem da grei!

Leituras

Algumas sugestões para leituras num Verão particularmente tórrido. Do catálogo nacional.

  1. Hannibal: a origem do mal - Thomas Harris [gostei do filme que considero, aliás, um dos melhores da trilogia Hannibal. Creio que a intriga do romance o ultrapassará];
  2. A minha vida como imperador - Su Tong [um escritor imaginativo e de grande talento diz o New York Times];
  3. Uma história de amor e ódio - Amos Oz [um dos grandes escritores israelitas da actualidade, recebeu em 2005 o Prémio Goethe e em 2007, o Prémio Principe das Astúrias]
  4. O sonhador - Ian McEwan [McEwan dispensa apresentações, é um dos grandes romancistas contemporâneos, presença normal na longlist do Man Booker Prize Awards [60 vezes nomeado], lista que me inspira nas compras sazonais]

Sem menção específica mas sugerindo uma pesquiza nos catálogos nacionais alguns dos autores que costumo ler em língua inglesa: Kazuo Ishiguro, David Mitchell, Sarah Waters, Colm Tóibin, Kiran Desai, J.M.Coetzee, Arundhati Roy, John Banville, Zadie Smith, Margaret Atwood. [Banville e Tóibin já têm tradução nacional, os demais desconfio que não].

Felgueiras

Fátima Felgueiras foi pronunciada por sete crimes de participação económica em negócio e um de abuso de poder no processo que envolve o extinto Futebol Clube de Felgueiras e a Câmara Municipal local, segundo relatou à Lusa fonte judicial.O juiz de instrução pronunciou, também, outros nove arguidos, alegadamente envolvidos em relações irregulares entre a Câmara Municipal e o Futebol Clube de Felgueiras.

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Não sei em que irá acabar este rocambolesco processo e que culpas irão ser assacadas a Felgueiras. A militante socialista prefigura o pior e o mais lamentável do poder autárquico, o seu circo de cumplicidades e favoritismo, os esquemas em que se enriquece, sem se conhecer de onde vem o dinheiro. Já não é bem um "poder" mas uma prepotência e um despesismo. Veio pela moda do criticismo à concentração do poder em Lisboa, quando as distâncias eram significativas e quase intransponíveis e isso constituia justificação para esquecer e abandonar o interior. Hoje corre-se o país à velocidade da luz e o afastamento do centro de decisões é meramente figurativo e irreal, um pretexto para sacar e mais sacar. Portugal tem uma tremenda memória de caciquismo e traulitismo que data quase do século XIX.

Ingmar Bergman II

Guardo uma certa nostalgia deste tempo de Ingmar Bergman e do sabor misterioso que associava. Não só pelas temáticas que figurava: o amor, a paixão, as relações controvertidas, como pela galeria de actrizes de que se rodeava e que recheiam as memórias da minha adolescência - Liv Ulman, Bibi Anderson, por exemplo. De certa forma, foi um realizador cuja leitura figurativa, analógica combinava bem com os últimos fogachos da censura do marcelismo. Porque dizia coisas sem precisar de as dizer; bastando insinuá-las nos écrans. Foi um realizador dos espaços cúmplices -acho que vi a maior parte dos seus filmes no saudoso Apolo 70, essa catedral conspirativa que Marcelo abominava.
De certa maneira foi o último grande realizador do cinema europeu e a força do do seu cinema anteciparia o toque de finados daquele e a hegemonia, por vezes asfixiante, do cimena americano. Não sei, sinceramente [para responder ao comentário final do Carlos] se ele é legível pelas novas gerações. E ainda que como eles se poscionam sobre a sua profunda e vibrante mensagem estética.

Ingmar Bergmann

Bergmann foi um dos cineastas que mais marcou a minha juventude cinéfila. Filmes como "Mónica e o Desejo", "O Sétimo Selo","O Ovo da serpente" , "Morangos Silvestres" ou "Fanny e Alexander" estão bem vivos no baú de memórias que fui construindo ao longo da minha vida, com referências incontornáveis de um processo formativo em que o cinema ocupou um espaço de relevo. Com a sua morte, desaparece uma das últimas referências do cinema europeu de qualidade. A Europa fica culturalmente mais pobre, mas talvez tenhamos hipótese de (re)ver alguns dos seus melhores filmes na TV e nas salas de cinema. Fico curioso em saber como as novas gerações reagem aos seus filmes.

Obrigado...mas não era preciso tanto!

Agradeço a quem respondeu ao meu apelo e recolocou no seu lugar o anticiclone dos Açores. Finalmente o Verão estacionou em Portugal e lá me fui recolher no meu refúgio de Cascais. Saídas? Só pela noite, porque durante o dia fico em casa . Mas quando o sol desaparece dando lugar a uma esplendorosa Lua Cheia em noite cálida, aqui vou eu... desfrutar das belas e variadas paisagens da Linha ( principalmente daquelas que o Arnaldo não aprecia...)entre dois dedos de conversa e uns "drinks" adequados à época.
O pior é quando amanhece e é preciso voltar a trabalhar. Não apetece muito com estes 39 graus, mas tem de ser. Vou deixar esta vista esplendorosa de que desfruto enquanto tomo o pequeno almoço para me meter numa sala com vista para o Saldanha? Bah!
Apesar de estar grato a quem recolocou o aonticiclone no lugar certo, tenho que reconhecer que não era preciso ser tão esforçado... uns 26 a 28 graus, SEM VENTO, eram suficirentes para me fazer feliz...

10 razões para gostar das mulheres portuguesas (9 e 10))



E com estes dois exemplares da beleza portuga dou por concluída a minha tarefa de tentar "reconverter" o gosto do Arnaldo Gonçalves. se não consegui... desisto!

Bem observado...

..."Mesmo que Mendes ou Menezes viessem a ganhar em 2009, que tipo de gente levariam para o governo? Acham que essa gente do aparelho não cobra a factura quando chega a hora? Acham que podem aliar-se a eles sem perder a alma? Se pensam assim, não aprenderam nada com o que se passou em Lisboa, e não vale a pena apostar em ingénuos ou cínicos."...

Vale a pena ler o resto deste post de Duarte Calvão no Corta fitas

domingo, 29 de julho de 2007

A Vitalissima figura

[...] Há quem se oriente através das Sagradas Escrituras, da revista Pais e Filhos ou de uma taróloga à mão. Eu uso Vital Moreira, o humanista que descobriu aos 45 anos as imperfeições do totalitarismo sanguinário. A sua lucidez, aliada ao arrojo com que se estende aos pés do Governo, ajuda-me a entender uma realidade que o "jornalismo de sarjeta" (basicamente, todo) teima em distorcer e simplificar. Desde que Vital apascenta um blogue (causanossa.blogspot.com), não mais senti o mundo distorcido nem simplificado. Vital raspa-lhe a superfície, confere-lhe estrutura e sentido, desvenda-lhe os segredos.[...]

Alberto Gonçalves no DN
Vital Moreira está para as complexidades do discurso político do governo socialista como o Alcorão para o discurso virulento de Mahmoud_Ahmadinejad, o truculento presidente do Irão. Inspira-lhe o passo, a arrogância, o dislate e o disparate. Social-fascistóide de velha cepa, Vital Moreira é daquelas figuras que o panorama intelectual e paroquial português é fértil: imaginativo, contundente, tem uma absoluta falta de vergonha intelectual. Capaz de pregar a Cidade de Deus para os gafalhotos do Alentejo, Vital acha-se Cristo personificado: ele tem a palavra, ele é omnipotente, ele é é infalível. Com uma compreensão ética dos problemas políticos acima dos pecadilhos terrenos e dos actos falhos dos vulgares comuns, Vital assesta a sua caneta sobre os inimigos, os potenciais adversários ou apenas aqueles que ousam pôr em causa a sua versão inquestionável da verdade.
Jurisconsulto avençado do governo colhe, por aí, os louros das suas invectivas contra a direita. Abundantemente.
Há algo de tenebroso e repugnante nesta prepotência intelectual de antigos estalinistas como Vital Moreira que passa muitas vezes despercebido aos menos informados e mais frágeis à retórica demagógica. Trata-se de gente que não recuava em achincalhar os que titubeavam perante o dogma, a verdade absoluta, ou questionavam a retórica do querido lider. Gente que não hesitava em condenar à tortura ou ao ostracismo quem ia contra a lógica dominante e selectiva.
Não deixa de ser curioso que apesar de se terem afastado [mas nunca rompido] dos comunistas esta gente continua a ter imenso cuidado em não os provocar ou denunciar as suas patranhas. Não é já uma questão de superioridade moral mas de puro e cínico calculismo.


Alberto João

Muitas vezes me pergunto que será do "regime" quando Alberto João se retirar na Madeira. Acho que vamos ficar todos mais tristonhos e pobretes. Porque ele faz de tudo, de bobo da corte, de vestal, de ave agoirenta. E o "regime" precisa disso.
O aperto a Lisboa é uma estratégia sabida de sacar dividendos de Lisboa, em tempos de vacas magras, até aproveitando o facto do garboso Sócrates se "elevar" a presidente do Conselho Europeu. E como o homem está ufano do papel! Alberto João tem em termos formais razões na sua birra e se Sócrates não fosse o teimoso recorrente que sabemos tinha evitado esta palermice. Mas trata-se de uma estratégia que paga, ai se paga.
Lamentável, em toda esta actuação, o papel de Marques Mendes, a reboque da estratégia de Alberto João, colado à onda de rebelião à espera de apanhar alguns salpicos de hostilidade ao governo para "colher" em termos eleitorais. Pequenino em altura, mas também em dimensão política.
Em 28 de Setembro o PSD está colocado perante alguns dos maiores desafios do seu passado recente. E a questão [falarei em próximo post] é de saber crescer e saber ouvir [ou não] os rumores do tempo. Para evitar a insignificância.