sábado, 21 de abril de 2007

Portas de regresso à liderança


Diz a imprensa:
O presidente do CDS-PP, José Ribeiro e Castro, assumiu hoje a derrota nas eleições directas, apesar de ainda não terem sido anunciados os resultados oficiais. Numa declaração, sem direito a perguntas, Ribeiro e Castro salientou que regressou "o velho ciclo", com a vitória de Paulo Portas para a presidência do CDS-PP.

Ribeiro e Castro é um cavalheiro; Paulo Portas é um animal político. Ribeiro e Castro deixou funcionar o governo de Sócrates como quiz; Portas fará o inferno de Sócrates. Ribeiro e Castro olha os velhos princípios e trava a guerra em formações cerradas; Portas adora a demagogia e o jogo das mentiras mil vezes repetidas e trava a guerra como um guerrilheiro, sem preconceitos com as "boas"regras.
Como escrevi aqui noutro post o PSD e Marques Mendes que se cuidem!

Porque um presidente democrata não alterará o estado de coisas

[...] Possibly we'd have a nationwide ban on all handgun ownership, which is what I favor (carving out an exception for anyone with a valid occupational reason to pack heat). I don't kid myself that a handgun ban will become law in the foreseeable future. Indeed, a local handgun ban in the District of Columbia was recently struck down by the D.C. Court of Appeals; it remains in force while the city government seeks a review by the full D.C. Circuit. So, even if Congress were to legislate significant restrictions on gun ownership, there's a decent chance the courts would rule them unconstitutional. That's the political state of play, and if I were advising a Democratic presidential candidate, I would tell him or her to steer clear of the issue. This country, speaking through its government, does not favor gun control.[...]

Timothy Noah [How sorry are we] na Slate aqui.

O anti-probicionismo

Lido na imprensa:
Uma pesquisa recém-divulgada nos Estados Unidos realizada pelo Instituto Zogby mostra que 59% dos americanos acreditam que leis de controle de armas mais rigorosas não impediriam tragédias como a da Virginia Tech University.
A pesquisa foi realizada nos dias 17 e 18 de abril. O cepticismo em relação a leis mais rigorosas é maior entre os mais velhos. Entre aqueles que têm mais de 65 anos, 72% acreditam que leis mais duras não são capazes de impedir tiroteios.
Os mais jovens são mais crédulos em relação à eficácia de uma nova legislação. Um total de 39% dos entrevistados com entre 18 e 29 anos crêem que leis mais rigorosas possam impedir tragédias como a da Virginia Tech, perante apenas 26% dos entrevistados com mais de 65 anos.
Além do cepticismo em relação a leis mais rigorosas, os americanos não acreditam que tal legislação chegue mesmo a entrar em vigor.

Nota pessoal:
É difícil metermo-nos na cabeça dos outros e procurarmos impôr medidas que fazem sentido no nosso sistema social a outros. O Carlos [e bem] encrespava-se com o anti-bagismo recente em Portugal que torna a vida dos fumadores num inferno. Temos que dar essa de barato no caso americano. Não creio que a solução "fácil" do proibicionismo resolva seja o que for. Os americanos pouco contam com o Estado para resolver os seus problemas. Por isso são mais prósperos e vivem melhor que todos os outros.

sexta-feira, 20 de abril de 2007

“Viver e morrer na favela”

“Alberto não é homem de contar quantas almas já separou dos corpos. Sabe que começou com 11 anos e cedo aprendeu a fazer desaparecer gente pelo método microondas( ...) Com um certo brio do dever cumprido, Alberto relata como matou a tiro um cara que passava as mãos nos sobrinhos (um pedófilo). Nem era para matar, era só para torturar. Mas olha, foi”.


Assim começa uma excelente reportagem da Visão desta semana sobre a violência no Rio de Janeiro e que ilustra de forma cruel, o post que a companheira de blog Elena Paula Bueno aqui escreveu há uns dias. Está disponível on line. visão.clix.pt. A não perder!

Eu, pató, me confesso!...

Concordo, em substância, com a análise que o Arnaldo Gonçalves faz ao massacre na Virginia Tech.
Não posso, porém, deixar de me penitenciar pelo facto de me incluir no grupo de patós que acredita que a venda livre de armas nos EUA propicia este tipo de situações. Claro que loucos existem em todas as sociedades, a diferença é que na maioria delas não têm a possibilidade de comprar armas em supermercados!
Será por acaso que o Brasil e os EUA aparecem no topo da criminalidade urbana violenta, ou a razão fundamental para que isso aconteça reside precisamente no facto de serem dois países onde a venda de armas é livre?
Claro que também não ajuda o facto de nos EUA as autoridades gostarem de seguir a política do “olho por olho”...
Lembro, a propósito, o que ocorreu em New Orleans ( ainda antes do “Katrina”):
Perante o crescente número de assaltos protagonizados por bandos de negros que assaltavam condutores sob a ameaça de armas, roubando-lhes os automóveis, a troco de mil dólares, o que fizeram as autoridades? Reforçaram a segurança? Exerceram mais vigilância para evitar que as situações se repetissem? Não! Por iniciativa de um doutorado em legislador,o sr Bruneau, foi aprovada uma Lei que permitia que “ toda a gente que ande armada, possa disparar sobre qualquer pessoa que supostamente constitua uma ameaça à sua integridade física”.
Esta ideia do sr Bruneau confiar a cada cidadão a sua segurança privada, poder-lhe-á conferir uma auréola de Nabucodonosor, mas também demonstra que tem os neurónios e a cultura civilizacional dos constituintes de 1787.
Como viver numa selva é coisa que não me agrada, não porei grandes obstáculos à privação de algumas liberdades, como a de poder comprar armas em supermercados, em nome da segurança ( não foi esse, aliás, o pretexto usado por Bush após o 11 de Setembro para restringir muitas liberdades consagradas desde a Constutição de 1877 para implantar a sua sociedade “Securitas”?) . Reajo pior, é quando me pretendem coarctar a Liberdade em nome do Sacrossanto Mercado, embora reconheça, que a teoria do “olho por olho” pode dar algum jeito quando aplicada às regras de mercado. Deixo apenas algumas sugestões que podem até servir de inspiração aos publicitários.
“Foi enganado pelo banco que lhe prometeu crédito barato? Está arruinado? Nos supermercados Barata encontrará a arma ideal para resolver o problema!”.
Ou então:
“ Está inconsolável, porque perdeu dinheiro nas acções da empresa “Belmiro”? Não tenha problemas! Os consultores Nabucodonosor ajudam-no a aliviar a dor! Se o seu problema é vingar-se do Belmiro, ensinamos-lhe como lhe dar um tiro!”.

Cho Seung-Hui e a banalidade do mal

Os Estados Unidos estão tomados de horror com as declarações visionadas de Cho Seung-Hui, o homicida que matou, a sangue frio 32 estudantes da Virgínia Tech. A NBC teve que tomar uma decisão difícil entre divulgar as imagens, tendo em conta o mister de informar o público, e não as divulgar por respeito à dor das famílias e à memória dos assassinados. Em democracia, muitas das decisões são entre finalidades irreconciliáveis e este é um dos casos.
Tremendo o testemunho do coreano, pelo ódio destilado, pela paranóia, pela confusão dos planos. "Vocês acossaram-me e não me deixaram outra escolha. Foram vocês que decidiram assim. Agora têm as mãos no sangue que nunca podereis lavar" disse. A acrescer ao video, 43 fotografias e um testemunho longo.
O balanço sociológico, psiquiátrico e social deste evento levará algum tempo a fazer. A comunidade que o sofreu e muita gente nos Estados Unidos está a procurar tirar conclusões. O pior é com ânsia de perceber criar bodes-espiatórios e culpabilizar este e aquele. Em democracia temos sempre uma segurança relativa [ainda ontem ensinava aos meus alunos expondo o pensamento de Kenneth Waltz] e não podemos almejar o óptimo, que só existe num estado vigiado e policial. Isso significaria prescindir das nossas liberdades essenciais.
Depois o mal existe, é praticado com a apatia das pessoas vulgares. Arendt descreveu em vários livros "a banalidade do mal" que leva as pessoas a desinteressarem-se da sorte dos outros quando estas sofrem. Como a criminalidade também existe. Não creio que a ameaça de repetição deste evento fosse dimiuível com a proibição da venda de armas. O proibicionismo incentiva muitas vezes a prática da conduta que visa interditar. A história está cheia desses exemplos [já sei que os patós habituais lá falarão no lobby das armas nos Estados Unidos, mas já não vale a pena explicar que isso tem uma razão histórica expressa na Constituição de 1787]. Pode-se recrudesceder as cautelas mas dificilmente se pode previnir o mal maior.
Isto poderia ter acontecido em qualquer lugar do mundo. Aconteceu nos Estados Unidos, ontem em Tóquio com uma seita que ninguém tinha ouvido falar. Amanhã?.....

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Eleições francesas

Muito útil e esclarecedor o post do Carlos Oliveira sobre as eleições francesas. Tenho para mim que o voto de domingo se irá desenhar pelo "mal menor". Pelo que vi pela CNN e BBC e ainda diariamente no Le Monde e no Le Figaro, creio que Segoyane Royal pode ser designada como a grande perdedora destas eleições. Não faço o criticismo do Carlos quanto às ideias da Terceira Via [que ele caustica] porque não creio que ela se pareça com Blair. Sou suspeito pois gosto bastante dele pelas ideias, pela frescura que aportou a uma visão de uma esquerda moderna, partidária da economia de mercado e não do abraço paternalista do Estado. A fórmula está esgotada e com o achatamento da mensagem política no centro já nada traz de frescura. E assistimos à situação penosa de ele teimar [aliás como fez Soares] em não querer abandonar o palco.
Royal irá perder porque nada diz de importante. Como diz o Silvain é uma chick que achou que lhe bastaria mostrar um ar de executiva de fashion para ganhar a confiança dos franceses. Não sei quando irá para a frente o debate dela com Sarkozy na TV5 mas deverá ter pedido. Ninguém vota num candidato que não diz nada.
Não creio, no entanto, nos predicados de Le Pen para passar à segunda volta. A mensagem está esgotada e o anti-integração que pesponta no discurso dele já foi tratado por outros candidatos com outra educação e moderação. É um velho racista xenófobo que retrata um filme gaullista de grandeza da França que não tem qualquer hipótese.
Bayou é, na verdade, um candidato fora do sistema partidário francês, que não encontra enquadramento nem na tradição gauchiste, nem nationaliste. Acheio-o aqueles comentadores já repassados que são convidados pelo TV5 para os debates e que se repetem em chavões e lugares-comuns.
Resta Sarkozy. Gostei da forma como ele agarra destemido alguns dos problemas da sociedade francesa: o acomodismo ao Estado, a complacência com a marginalidade, a balda, a falta de sentido republicano de responsabilidade. Podem-lhe chamar anti-imigrantes, racista, xenófobo o que quiserem mas a França [e aliás a Europa] não pode continuar a ser a Misericórdia de quem passando por dificuldades, espera que a sociedade lhe resolva todos os problemas sem mexer um dedo. Vivendo à sombra dos subsídios, do ensino e saúde gratuita, sem se dispor a cumprir o seu naco da responsabilidade social. Não gostei - contudo - da forma como se relaciona com certos interesses económicos, obscuros da sociedade francesa e que tecem a trama das lealdades ilegítimas. Essa de assumir o compromisso de após a saída de Chirac o proteger e evitar que seja perseguido pela justiça francesa é indigno de um republicano e mostra bem, por exemplo, a nebulosa cinzenta dos políticos [que vem aliás do tempo da vaca sagrada Mitterand].
A erosão [de Royal e Sarkozy] nas últimas sondagens? Acho pouco significativa.Este fenómeno tem sido normal, por exemplo nas eleições legislativas portuguesas. Não sou especialista em sistemas eleitorais mas provavelmente pode ser explicado pelo esforço dos candidatos em segunda linha de se tornarem mais "visíveis" da comunicação social e portanto pressionarem a memória imediata dos eleitores. Sugiro nesse ponto o sempre bem informado blog do politólogo Pedro Magalhães, o Margem de Erro, aqui.
Tudo balanceado, domingo se fosse francês votava Sarkozy.

Eleições francesas: quem vai à 2ª volta?

A três dias das eleições francesas, com as sondagens a apontarem para mais de 40% de indecisos, arrisco-me a fazer um prognóstico. Contra todas as expectativas, admito como provável que Sarkozy e Le Pen sejam os candidatos melhor posicionados a passar à segunda volta.
As razões para esta minha previsão catastrofista ( que espero não se venha a confirmar) assentam na análise à campanha eleitoral dos candidatos.
Ségolène Royal – A sua campanha foi desastrosa. Sem ideias inovadoras e verdadeiramente estimulantes, que pudessem atrair alguma esquerda menos moderada, Ségolène verá fugir para candidatos de terceiro e quarto plano, votos que lhe seriam úteis. Afinal quem vai votar numa candidata que simboliza na perfeição o deserto de ideias da “terceira via”? Por outro lado, o apoio do PSF à sua candidata foi muito discreto e até o marido, François Hollande, líder do PSF, veio manifestar a sua descrença quanto à possibilidade de uma passagem à segunda volta. Quando se é tão “genuíno”, que se pode esperar de eleitores já de si preconceituosos quanto à possibilidade de ser uma mulher a gerir os destinos da França? Além do mais, Ségolène não congregará os votos no “feminino” já que as quatro candidatas mulheres são todas de esquerda.

François Bayrou- Foi uma espécie de fiel da balança entre Sarkozy e Ségolène durante a campanha, mas o efeito surpresa da sua candidatura tem-se vindo a atenuar ao longo da campanha. Colou-se a algumas ideias gratas aos ecologistas , capitalizou alguns pontos pela sua visão europeísta ( é o candidato mais pró- Europa), deu algumas “bicadas” no eleitorado socialista, mas depois de um início prometedor, o centrista da UDF parece ter perdido fulgor. A imagem de que é um candidato fora das “lógicas” do Poder poderá render-lhe também alguns votos, principalmente nos eleitores indecisos.
Muitos eleitores jovens também parecem ter aderido a Bayrou Resta saber é se serão suficientes para disputar a segunda volta...

Le Pen – A surpresa das presidenciais de 2002 tem, em minha opinião, possibilidade de repetir a “gracinha”. Porque trouxe alguma coisa de novo à campanha? Não! Porque amoleceu o seu discurso xenófobo? Não! Então que possibilidades de sucesso poderá ter Le Pen, de ir à segunda volta? Muitas...
Em primeiro lugar porque soube capitalizar o descontentamento popular gerado pelos desacatos com os imigrantes. Em segundo, porque tal como aconteceu nas últimas presidenciais, muitos dos inquiridos nas sondagens não têm coragem de dizer que vão votar Le Pen., o que significa que uma boa percentagem dos votos dos indecisos significam “vou votar Le Pen”. Em terceiro lugar porque, exceptuando Sarkozy, nenhum candidato lhe disputa o espaço. Por último, porque há uma visível rejeição dos franceses a emigrantes magrebinos, africanos e árabes.
Assim – porque Sarkozy será obviamente o candidato mais votado nesta primeira volta- receio bem que tenha Le Pen por companhia na segunda. O que, a acontecer, significa que os franceses, no próximo dia 6 de Maio, vão ser confrontados, em ter de escolher entre um “caceteiro” e um “fascista”, unidos por um sentimento anti-europeu que parece estar a render votos. Se assim for, adivinho dias difíceis para a Europa, mas não só.
Para a semana voltarei ao assunto, mas até lá mantenho alguma esperança de que Bayrou, ou Royal ainda possam chegar à segunda volta.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Future leaders day - AIESEC

Mão amiga fez-me chegar um interessantissimo programa realizado dia 17 de Abril pelo núcleo português da AIESEC, uma organização internacional para o desenvolvimento do potencial nos jovens de que encontrei registo aqui.
Tratou-se de assinalar o "Future Leaders Day", debatendo os problemas da liderança, da responsabilidade empresarial, da ética, problemas que se colocam aos futuros dirigentes, quadros e políticos. A iniciativa teve o apoio institucional do Instituto Superior de Economia e Gestão e contou com gestores destacados da IBM, Santander, REN, BCSD, Grace, IAPMEI e ainda o treinador nacional Filipe Scolari.
O núcelo da AIESEC em Portugal é dirigido por Ana Beatriz Lopes [contacto fld.aiesec@gmail.com].
Aqui está uma magnífica iniciativa, a repetir no futuro. Queixamo-nos da falta de dimensão crítica dos nossos jovens. É por aqui que se tem que ir.

O regime brutal do Sudão

Na newsletter do International Security Network [Genebra]
[...] As the situation in Darfur deteriorates, with reports of the regime using military planes disguised as UN aircraft bombing villages, international, particularly US inaction removes the last chance for millions of innocent civilians.
The government of Sudan is said to be disguising military planes as UN and African Union (AU) aircraft in order to fly arms into its troubled Darfur region and to bomb villages, the New York Times News Service reports, citing an unpublished UN report.
The UN Security Council committee report is said to provide photos of one example of a white-washed Sudanese military plane with the UN logo stenciled on its side parked at an airport in Darfur, while rows of bombs wait to be loaded.
The disguised planes are said to be leaving from Darfur's three main airports.
While the report focuses much of its attention on the Sudanese government, it asserts that rebel groups fighting the Khartoum government are also guilty of violating Security Council resolutions, peace treaty agreements and humanitarian standards [...]

--//--
A cumplicidade de vários países entre os quais a China, a Rússia, a Venezuela e Cuba com o regime assassino do Sudão leva a que se detereore uma situação humanitária de enorme gravidade. Será pedir de mais aos Estados Unidos que intervenham, preemptivamente, para suster uma situação que se revela insuportável. O Conselho de Segurança já mostrou a sua incapacidade ao eternizar a discussão de sanções que são a única saída possível contra um regime tirânico e assassino. Usar aviões militares disfarçados com o logo das Nações Unidas para bombardear populações indefesas é o último dislate do ditador. Que o relatório da ONU que o documenta seja mantido secreto é inadmissível.
Que fará o secretário-geral da ONU é o que corre em muitas cabeças.

Brasil, meu triste Brasil

Pessoas correndo, explosões, tiros, mortes, pânico e medo. Não, não estou falando de Bagdá, estou falando do Rio de Janeiro. Cidade Maravilhosa, das mais belas praias, das alegres festas. O cartão postal mundial é hoje palco do terror.
O Brasil enfrenta uma guerra civil pouco retratada na mídia internacional. De um lado, policiais, do outro, o tráfico e as quadrilhas. Cidadãos e trabalhadores apavorados, de janelas fechadas e portas trancadas. As ruas desertas, olhares desconfiados e o silêncio na escuridão caracterizam hoje o cenário carioca – o principal foco do conflito.
É no Rio de Janeiro onde os extremos se encontram: de um lado, uma vida boemia, festas luxuosas, carros blindados, mansões milionárias, alto índice de educação e saúde comparável aos níveis experimentados pelo chamado 1° mundo, do outro, fome, desemprego, analfabetismo, frustração, sistema educacional precário, atendimento péssimo nos hospitais públicos e, por fim, sistemas penitenciários que, denominados “correcionais”, somente potencializam a formação “intelectual” dos criminosos.
Sem o amparo do Estado e sem o requisito básico para a existência humana – o trabalho – os excluídos encontram-se marginalizados, ou pior, desumanizados. Ademais, ainda têm que enfrentar a violência nos subúrbios e a crescente guerra entre policiais e bandidos.
A população encontra-se apavorada e reivindica posições dos seus governantes. Mas a maioria destes se encontra ocupada demais, corrupiando. É neste momento que a população brasileira cai na falsa idéia de democracia. Essa palavrinha tão aclamada pelos povos no decorrer da história apenas serve para dar legitimidade àqueles que se encontram no poder.
Enquanto o povo brasileiro não aprender que eles é que fazem as mudanças, e não os detentores de poder,continuaremos reivindicando transformações e esperando atitudes de braços cruzados pela eternidade.

Ponto prévio

Senti necessidade de escrever um ponto prévio ao post que se segue, para evitar juízos precipitados dos eventuais leitores.
Gosto muito dos EUA, mas apenas desde que fui “obrigado” a lá viver. Era então Presidente Jimmy Carter e em Portugal viviam-se momentos de grande fervor revolucionário protagonizados por grupúsculos de extrema esquerda ( a que nunca aderi). Eu também partilhava de alguma desconfiança acerca da democracia americana e ainda fiquei mais desconfiado porque, antes de partir, fui obrigado a assinar uma declaração, onde jurava não pertencer ao Partido Comunista. Lembro-me de na altura ter relacionado essa declaração com a que os funcionários públicos portugueses eram obrigados a assinar, antes do 25 de Abril, o que me fez aumentar a desconfiança.
Ao fim de um ano a viver nos “States”, percebi que estava totalmente enganado, que os meus juízos eram preconceituosos e que os EUA eram na verdade um modelo de democracia. Reconciliei-me com a América ( na verdade nunca estivera incompatibilizado, mas apenas descrente) onde fiz parte dos meus estudos e aprendi a reconhecer o importante papel do país para a paz mundial.
Hoje, continuo a pensar da mesma forma. Em minha opinião, porém, a actual Administração americana está a prestar um mau serviço ao seu país e ao mundo, alimentando ódios e tensões que em nada contribuem para a Paz que todos desejamos.
Esclarecido este ponto, podem passar ao post seguinte

Democracy for all? No thanks!

O grande problema da actual Administração americana, foi ter pensado que a Democracia era exportável e que o mundo seria melhor se todos os países vivessem em Democracia. Por isso tem, ao longo dos últimos anos, semeado guerras em vários pontos do globo, com o mesmo espírito dos Cruzados.
Há um triplo erro na maneira de ver o Mundo por parte dos americanos ( não apenas da actual Administração, mas também de outras que a precederam). Por um lado, acreditam que os modelos políticos são exportáveis; por outro parecem ter uma fé inabalável na hegemonia de pensamento e regime político como características de distinção positiva da globalização; finalmente esquecem que o equilíbrio mundial só será possível se houver diversidade.
Poder-se-ia acrescentar a tudo isto a lacuna Cultural dos americanos. Não concordo, por uma razão simples: essa falha é responsável pelo triplo erro. Pelo menos desde a Civilização Grega se sabe que a exportação de modelos políticos e ideológicos esbarra em questões civilizacionais; também se sabe, pela experiência adquirida com os Descobrimentos, que a globalização assenta essencialmente em modelos económicos, não sendo perceptíveis reduções de desequilíbrios entre colonizadores e colonizados. Antes pelo contrário... embora se possa sempre dizer que foi por culpa do humanismo, que os portugueses puseram nessa causa, que a experiência falhou ( mas não vou entrar por aí...). Finalmente está por provar que a queda do muro de Berlim tenha tornado o mundo mais seguro, equilibrado e equitativo. Pode no entanto afirmar-se que o mundo ficou mais perigoso desde que os EUA embarcaram na aventura expedicionária do Iraque .
Chegado a este ponto, pergunto-me se é possível aliciar outros povos a seguir modelos democráticos quando o “exportador” mina diariamente a sua própria credibilidade, com práticas intra-muros, que condena fora das suas fronteiras. Como se já não bastassem os regimes excepcionais de “tratamento” para os presos de Guantanamo, ou as imagens das atrocidades cometidas por alguns militares americanos nas prisões iraquianas, sabe-se agora que os prisioneiros que os EUA disseram ter-se suicidado, foram “executados”. E que a partir dessa data ( Junho de 2006) se começaram a suceder as “confissões” pelo cometimento de vários crimes. Não me espantará se um destes dias viermos a saber que seis anos depois de detidos nas condições que conhecemos, terão cedido ao cansaço e desataram a língua.
Ficar-se-á então a saber que as confissões destes homens apenas ocorreram, porque Bush precisava de preencher em tons de rosa o capítulo que lhe caberá nos compêndios de História, com uma versão do Capuchinho Vermelho adaptada ao século XXI.
Perguntar-me-ão: mas então e o terrorismo não existe? Claro que sim, como o comprovam as recentes ocorrências na Argélia e em Marrocos, que ficam a duas braçadas da Europa. E isso atemoriza-me, como é óbvio, mas mais uma vez não posso deixar de dizer que foi o aventureirismo de um homem que merecia ser o protagonista de um monumento à estupidez, que colocou a Europa ( que tudo fez para afastar a guerra das suas fronteiras) em sinal de alerta.
Como europeu, não posso por isso estar grato aos americanos. É que o Plano Marshall já foi há muito tempo, caramba! Agora ( e desculpem-me o recurso a uma frase publicitária) “Perfeito, perfeito, perfeito era ...” os americanos terem erradicado o terrorismo em vez de o acirrar como fizeram com os sucessivos erros que a soberba os levou a cometer por esse mundo fora.

terça-feira, 17 de abril de 2007

Gosto de ver...

os jovens doutor[andos] [ados] do meu país. Mesmo que sejam um instante num mar de condescendência e faz-de-conta. Ao Paulo Marcos e ao Bruno Cota um abração de parabéns pela obra e destaque merecido.

Primo-ministrus

{...] Convém lembrar que em 2002 António Guterres abandonou a meio o seu segundo mandato. Em 2004, foi a vez de Durão Barroso, que lhe sucedeu, seguir o mesmo caminho. Veio Santana Lopes, que não durou seis meses. E estamos agora a meio do mandato de Sócrates. Ou seja, em cinco anos vamos em quatro primeiros-ministros. Não há estabilidade e confiança que resistam a este ritmo de mudança. E estabilidade e confiança são fundamentais para o país sair das enormes dificuldades em que se encontra. [...]

Nicolau Santos, Expresso
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Nada que nos deva preocupar. Ter 4 PMs em 5 anos é a realidade italiana. E eles vivem com ela. Depois o discurso é redondo. À segunda-feira, venha a estabilidade, à terça o PM devia ouvir a contestação , à quarta o que está a fazer a oposição, à quinta demita-se Sr. PM, no sábado [dia de saída do Expresso] este é o pior PM da história da democracia. Mas os jornais têm que se vender, não é?

Cenas de Vida 8- “ BranCos costumes”

As temperaturas dos últimos dias, anunciando o Verão, permitiram-me retomar o hábito de sair de casa pela manhã e caminhar até ao meu local de trabalho. É uma prática que me revigora o físico e me apura os sentidos. Só pela manhã – e nesta época do ano- é possível sentir os cheiros de Lisboa, pois a poluição já há muito nos retirou esse prazer quotidiano.
Estou longe de ser um admirador incondicional de Lisboa, ou de a considerar a mais bela cidade portuguesa, mas gosto de calcorrear as suas ruas, rindo-me interiormente dos papalvos que perdem horas diárias em longas filas de trânsito, porque só caminhando consigo aperceber-me do pulsar da cidade e da forma como vai mudando a sua face.
Foi isso que sucedeu ontem. Como acontece sempre que faço o percurso a pé até ao Saldanha, aproveito para tomar um café pelo caminho. Embora não tendo local certo para o fazer, sou muitas vezes “atraído” para um pequeno café no Campo Grande cuja existência recordo desde os tempos em que frequentava a Faculdade de Direito.
Logo pela manhã, quando saía do Pio XII, o Café do sr Augusto ( se não me falha a memória era esse o nome do proprietário da altura) era a paragem acolhedora onde me abrigava de um aguaceiro inesperado, ou onde tomava a primeira bica, lado a lado com trabalhadores da construção civil e camionistas, que bebericavam a sua aguardente ou o seu “copo de três”.
Há hábitos que julgamos esquecidos mas nos ficam no subconsciente e, logo que uma oportunidade surge ( mesmo passados muitos anos) faz-se um “clique” e retomamo-los sem percebermos muito bem porquê. Creio que é isso que explica o facto de a maioria das vezes que percorro a distância entre a minha casa e o Saldanha, sentir um “impulso” que me leva a entrar quando passo à porta deste Café - que mantém as características quase originais, apesar de não ter escapado à instalação de um balcão refrigerador onde doces e salgados mantêm promíscuo convívio.
Ontem, porém, consegui passar incólume à sua porta e acabei por tomar a bica matinal num “alindado” espaço da Av da República, onde o balcão da promiscuidade alimentar apresentava belíssimos espécimes de doçaria conventual. As paredes pintadas de cores alegres e o mobiliário, funcional, anunciavam abertura recente. Entrei sem hesitar. A empregada (única) era brasileira. Entre a clientela ( ainda escassa) eu era o único português. Havia ainda duas jovens de Leste com olhares distantes, dois casais de turistas de origem não determinada com ar sonulento, duas negras de meia idade em animado cochicho e um jovem asiático falando furiosamente ao telemóvel.
Enquanto saboreava, com um misto de gula e culpa, o meu doce pecado matinal, parou à porta uma carrinha de onde saiu um preto carregado de caixas que entregou nas mãos da empregada brasileira.
Quando retomei o meu caminho, comparei o cenário com o de Portugal dos anos 60. O contraste com o país de “branCos costumes” da época, isolado do mundo, onde um preto que circulasse nas ruas, era visto por muitos como um potencial terrorista, e um turista olhado com veneranda admiração, fez perpassar por mim um arrepio.
Lisboa, como o país, felizmente mudou muito. Ontem, o quadro multicultural de que fui personagem, fez-me lembrar a Londres do final da década de 60. Curiosamente, senti-me cidadão do Mundo... mas logo os “Pintos Coelho” deste país que conspurcam a paisagem com cartazes xenófobos me fizeram voltar à realidade. Só pensar que vivo numa cidade onde a autarquia tolera esses cartazes, mas se apressa a mandar retirar outro que o ridiculariza, multando os “infractores”, faz-me logo voltar ao país dos “branCos costumes”. Uma sensação de vómito ameaça devolver às origens o doce conventual .

Entrevista no Expresso: 14.04.2007 - Autores Marketing Inovador






‘Marketing Inovador - Temas Emergentes’ (Universidade Católica Editora, 165 páginas, €19,50) é uma obra onde “tentamos apresentar ideias e conceitos que não sejam apenas uma moda. Isto é, que já tenham passado o teste do tempo”, diz Paulo Gonçalves Marcos, um dos autores deste livro, referindo-se a ideias que podem ser aplicadas em economias como a portuguesa.

Segundo este autor, licenciado em economia (UCP), mestre em Gestão (UNL) e doutorando em Ciência Politica (UCP), nesta obra entende-se por Marketing Inovador “as formas inovadoras de fazer marketing e não o marketing das invenções”.

Para o outro autor, Bruno Valverde Cota, também professor e doutorado em Gestão de Empresas (Universidade de Évora), a razão de lançamento do livro é simples: “Eu julgo que havia uma oportunidade clara: nós temos vários manuais de marketing - e, temos alguns livros de casos práticos nesta área - e no fundo o nosso desafio foi conseguir integrar aspectos académicos e teóricos com uma componente mais pragmática”. O livro, dividido em duas partes, apresenta na primeira conceitos teóricos; na segunda ilustra e retira ilações sobre os mesmos. Entre os casos apresentados, destaque para o marketing das ONG, para os casos da Harley Davidson, do filme ‘A Paixão de Cristo’ ou até do Sporting.

Mafalda Avelar

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Leituras que recomendo vivamente

Alguns dos temas que fazem a agenda das revistas de Relações Internacionais:

- Na Atlantic, Paul Wolfowitz under fire at World Bank por Mark Bowden
- Ainda Smoke and Mirrors por Robert Kaplan
- Na American Diplomacy, Into Africa: China's quest for resources and influence, por Jacques de Lisle
- Ainda Iraq and Vietnam: some sad and somber rhymes, por J.R.Bullington
- Na página do Carnegie Endowment for International Peace, Ways to end the Sino-Japanese chill, por Minxin Pei
- Na página da Brookings Institution, Darfur: US inaction in the face of genocide [um testemunho importante de Susan Rice no comité dos negócios estrangeiros do Senado norte-americano]
- Ainda Vanguards at War: Hezbollah and Al Qaeda, por Bruce Riedel e Bilal Saab
- No Globalist, Getting 21st Century US Foreign Policy Right, por Richard N. Haass
- No Prospect, Interview with Ken Livingstone [o socialista maire de Londres]

"Homicídios S.A."

A polícia brasileira prendeu 23 cidadãos que integravam a “empresa” Homicídios S.A. que se dedicava a “matar por encomenda”. Por preços que oscilavam entre os mil e os 2500 euros, a “empresa” - que oferecia uma série de “serviços à la carte”- , executava os pedidos do “mandante”.
O Brasil é um país de paisagens belíssimas, em crescimento acelerado, com um povo exuberante, mas com um tecido social ainda muito marcado pelas regras do século XIX, de que tem dificuldade em libertar-se.Sou descendente de brasileiros, na minha família há vários casais luso-brasileiros, mas tenho alguma dificuldade em me apaixonar pelo Brasil. Será porque as contradições que caracterizam o país, me fazem lembrar um pouco aquelas mulheres esculturais, muito agradáveis à vista, mas cujo interior é cheio de perfídia?

Ventos que sopram do Leste

Quando caiu o muro de Berlim e o império soviético se esboroou , vítima das suas contradições, as beatas entraram em transe, organizaram vigílias e, com espírito ecuménico ,pediram aos párocos que organizassem romagens a Fátima para agradecer à Virgem o fim do comunismo e a conversão da Rússia.
Cerca de 20 anos depois ter-se-ão acabado os Gulags, mas a Rússia está longe de ser um exemplo para os democratas. Putin não admite críticas ao seu Governo e por isso manda prender quem manifeste a sua oposição nas ruas. No sábado, nem Kasparov escapou a 10 horas de detenção. Ontem, em Sampetersburgo, mais uma centena de manifestantes foi parar aos calabouços.
Depois da “lufada de ar fresco” trazida por Gorbatchev, com a "Perestroika”, a Rússia parece apostada em revitalizar os regimes de mão dura.
O aumento da instabilidade interna, as perseguições aos seus opositores, o desaparecimento envolto em muita névoa de figuras da cena política russa, ( algumas gravitando em torno do poder, e outras que se lhe opunham) e as alianças com milionários “fastfood” como Abramovich, são avisos preocupantes, a que acresce a incapacidade de Putin em resolver os problemas externos – de que a Tchetchenia é o exemplo mais visível.
O mais intrigante, porém, é o facto de o antigo agente da KGB emitir, de quando em vez, sinais velados de ameaças ao Ocidente, como que avisando que está pronto a restaurar o tempo da “guerra fria”. Quais serão os seus intuitos, a um ano de eleições presidenciais a que não se pode candidatar novamente? Vai escolher um “delfim”, ou alterar a Constituição de molde a poder candidatar-se novamente?
Não faltará muito para o sabermos, mas confesso que tenho algum receio em relação ao futuro das relações entre a Rússia, a União Europeia e os Estados Unidos, até porque em alguns países que gravitaram na órbita de Moscovo durante a “guerra fria” e hoje integram a UE, há um recrudescer de insatisfação e manifestações, cada vez menos veladas, de um certo saudosismo do passado.
O mais curioso, porém, é que por razões que um dia destes tentarei explicar, estou convencido que o futuro dessas relações passará pelos resultados eleitorais em França.

E agora , Luís?

Luís Marques Mendes anda em maré de azar. Depois de há umas semanas Manuela Ferreira Leite o ter acusado de irresponsabilidade, por ter exigido a Sócrates que baixasse os impostos, agora foi a vez de Dias Loureiro se demarcar do líder laranja, rejeitando o teor desastrado da intervenção que fez após a entrevista do PM à RTP. Dentro do PSD todos os dias alguém se demarca de Marques Mendes, mas o que ele provavelmente não esperava é que Durão Barroso e mesmo Cavaco Silva, viessem alertar os portugueses para o facto de haver questões mais relevantes para os portugueses e para o futuro de Portugal, do que discutir a licenciatura de Sócrates. Marques Mendes dificilmente se levantará após ser alvo de tanta humilhação! E agora, Luís?

Papa faz 80 anos

Benedito XVI faz 80 anos. Apesar da imagem de austeridade e de doutrinador que tem sabido implementar não nos tem deixado fazer esquecer João Paulo II. Apesar do aprumo das atitudes e do acerto de muitas das suas mensagens, a Igreja precisava de um Papa mais novo e mais ambicioso. Falta a Benedito XVI algum calor humano, corporabilidade. Tem uma personalidade intelectual vivissima mas falta qualquer coisa. É uma pena. Parabéns ao Santo Padre.

Wolfowitz

Wolfowitz teve como presidente do Banco Mundial uma entrada de leão e terá, muito provavelmente, uma saída de sendeiro. Meter a amante num lugar de chave do Banco, pagar-lhe um salário anual milionário à revelia da administração do banco não lembrava ao diabo. Lembrou a Wolfowitz. Pressionado para se demitir diz que não o vai fazer e coloca os Estados Unidos [a potência que tradicionalmente aponta o presidente] numa posição extremamente delicada.
Neoconservador, deputy de Rumsfeld no departamento de Defesa, Wolfowitz perde a oportunidade de ser coerente com a "limpeza" da corrupção que apregoava.
O banco tem sido mal administrado, estando na origem, por exemplo, do escândalo da campanha das Nações Unidas alimentos-por-petróleo que envolvia o filho do antigo secretário-geral Kofi Annan . A limpeza da corrupção assumida por Wolfowitz como o mais importante do seu mandato fica neutralizado por este caso de favorecimento pessoal, inqualificável. Muito provavelmente a nova administração democrata dos Estados Unidos terá que repor as coisas no seu devido pé e desembaraçar-se de mais este "corpo morto". Mas até lá fica numa posição enfranquecida.
Sério revés para os neo-conservadores hoje acantonados em redor de Cheney, o vice-presidente. Depois de Bolton, de Rumsfled agora Wolfowitz. Quem se seguirá?

Pressão sobre os americanos

Muqtada Sadr, lider xiita, manda os seus correlegionários no governo do Iraque retirarem-se do governo. A pressão do Irão, através de um dos seus homens de mão, reforça-se. Os xiitas querem um timetable para a retirada americana definida o mais depressa possível.
O governo iraquiano encontra-se num frágil balanço como um contorcionista numa corda bamboleante incapaz de resistir à pressão xiita. Os americanos fizeram um erro enorme em diminuirem a importância dos sunistas e a darem força aos seus adversários de gerações.
A saída de americanos será, muito provavelmente, o começo da guerra civil. Mas a sua continuidade acentuará a sublevação sunita. Não há grande escolha. Nos Estados Unidos fala-se na federalização do Iraque mas até agora de dentro da elite iraquiana não tem havido grande abertura. A solução como alinhavarei adiante tem pernas para andar.

Lógicas da guerra