sábado, 25 de agosto de 2007

Eduardo Prado Coelho, um desaparecimento

Leio agora no Diário Digital:
(...) Morreu o escritor Eduardo Prado Coelho. O professor e ensaísta Eduardo Prado Coelho, de 63 anos, faleceu hoje de manhã na sua residência em Lisboa, disse à agência Lusa fonte próxima da família.
Nascido em Lisboa em 1944, Eduardo Prado Coelho foi autor de uma ampla bibliografia universitária e ensaística. Eduardo Prado Coelho mantinha ampla colaboração em jornais e revistas e uma crónica semanal sobre literatura no jornal Público, para além de um comentário político quotidiano no mesmo jornal. Licenciado em Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, doutorou-se em 1983 na mesma universidade. (...)

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Não me move a hipocrisia das sacristias. Não tinha em grande conta o intelectual (de esquerda) e o homem público, quer pela visão que tinha dos grandes problemas da sociedade portuguesa, quer (mais recentemente) pelas críticas virulentas que protagonizou contra Cavaco Silva bem como pela forma como se portou quando aqui esteve em Macau e insultou a mulher oriental em crónica no Público. Descanse em paz e que a terra lhe seja leve.

Leviathan of the Right

George W. Bush, reviled by the left ever since he became president, has recently accomplished the feat of acquiring a new and unlikely set of detractors. The longer he flounders in domestic and foreign policy, the more a vocal contingent of intellectuals and columnists allied to the Republican Party is attacking him. Unlike that of most Bush critics, however, their complaint isn't that the president has veered too far to the right. It's that he isn't conservative enough. In Leviathan on the Right, Michael D. Tanner offers the fullest exposition of this line of reasoning to date. Tanner is a lucid writer and vigorous polemicist who scores a number of points against the Republican Party's fiscal transgressions."–The New York Times Book Review

Golpe de estado constitucional na Venezuela

After only six hours of debate, Venezuela's National Assembly unanimously approved radical constitutional changes that abolish presidential term limits and envisage a socialist economy. The assembly is made up solely of supporters of President Hugo Chávez, because the opposition boycotted its election in 2005. The new constitution will be put to a referendum later this year.
Mais no Economist, aqui.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Rapidinhas 36-Não há tempo para mais

Decidi deixar de comprar o Expresso. Motivo: aderi ao movimento “Slowfood”

Rapidinhas 35- A bota e a perdigota

Recomendo vivamente a leitura do artigo da Fernanda Câncio no DN de hoje. Depois leiam a 1ª página do jornal e finalmente o “miolo” do destaque na página 16. Não diz a bota com a perdigota, mas temos que nos conformar, porque é o DN que temos hoje em dia...
Macário Correia não merecia o enxovalho.

Natascha Kampusch- o lado B


Ontem escrevi aqui sobre o rapto e sequestro de Natascha Kampusch, vendo a história pelo prisma da jovem austríaca.
No entanto todas as histórias têm uma face visível e uma parte oculta. Chamemos a esta face oculta, “lado B”. Nos discos de vinil, a face B era quase sempre a mais fraca. Em alguns casos, era apenas uma versão diferente da música que se ouvia na face A e, em casos raros, excepcionais, aconteceu que a face B acabou por se tornar mais conhecida e popular do que a face A
No jornalismo devemos aplicar o mesmo princípio quando nos deparamos com uma história. Normalmente, a versão que é publicada é o lado A Mas há sempre um lado B, aquele que depois de analisada a história nos parece menos verosímil e vai parar ao lixo ou fica retido nos arquivos da memória. Aplicando este princípio ao cativeiro de Natascha Kampusch, o lado A é o mais simpático ( a história vista pelo lado da vítima) e o lado B é a história vista na perspectiva do mau da fita: o raptor .
Para analisar o lado B desta história impõe-se que comecemos por perguntar: E se Natascha, afinal, não fugiu do cativeiro?
No lado B desta história , então terá sido libertada. Por quem? Pelo próprio raptor, como é óbvio. E o que levaria Wolfgang Priklopil, a libertar a jovem ao fim de tantos anos? Esta pergunta pode ter várias respostas.
Poderá não ter aguentado por mais tempo a pressão que ao longo dos anos se foi avolumando. Terá temido não poder manter muito mais tempo Natascha em cativeiro. A criança que raptara tornara-se adolescente, crescera cultural e intelectualmente, em breve seria mulher e começara já a esgrimir argumentos que o levaram a desenvolver um complexo de culpa que não se sentia capaz de suportar. Temeu que Natascha começasse a arquitectar estratégias de fuga, e que um dia conseguisse concretizá-la. Isso significaria que tinha sido derrotado pela sua vítima- outra ideia que dificilmente poderia suportar e inevitavelmente o conduziria ao suicídio
Por isso decidiu que o melhor seria libertá-la. Seria- no seu ponto de vista- a única maneira de sair com alguma dignidade de toda esta história e, de certo modo, manter Natascha refém de uma relação depois da sua morte. Consegui-lo seria, pelo menos, uma meia vitória...
Mas outra questão se coloca. Terá Wolfgang Priklopil dito a Natascha Kampusch que a ia libertar, tendo previamente conversado com ela e explicado os motivos que o levaram a raptá-la e mantê-la sob sequestro, cativando a sua simpatia e aproveitando os efeitos positivos ( para ele) do desenvolvimento, em Natascha, do “síndrome de Estocolmo”? Ou terá simplesmente simulado uma distracção que permitisse a fuga, dando à jovem a ideia de que fora ela a libertar-se?
Só a primeira hipótese justifica o conformismo de Natascha,os sentimentos de “pena” em relação ao seu sequestrador, a ida ao seu funeral, a visita à casa e a recusa em vendê-la. É o “síndrome de Estocolmo” a lembrar-lhe que a sua liberdade só foi possível, em troca da morte do seu algoz .
A fuga – sem consentimento- não encaixa bem no lado B desta história.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

S. Bartolomeu

Hoje é dia de S. Bartolomeu e aniversário (1572) do início do massacre com o mesmo nome perpetrado por milícias católicas contra crentes huguenotes, e que se arrastaria por vários meses em França, dele resultando vários milhares de mortos. O combate irracional pela promoção da fé trouxe sempre resultados desta natureza e horror. O combate das ideologias surgiria no século XX e pareceu episodicamente substitui-lo. Mas o primeiro regressaria em força após o 11 de Setembro de 2001, ao mesmo tempo que as ideologias se retiravam para a sombra da história.

Gorbatchov

Há dezasseis anos Mikhail Gorbatchov demitia-se de secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética lançando a vaga de reformas que levaria ao fim da URSS, do Pacto de Varsóvia e ao fecho da Guerra Fria. Gorbatchev seria obsequiado com o Prémio Nobel em 1990 e o seu contributo para o fim da ordem dos pactos militares é incomensurável.
Assisti a uma conferência sua no Instituto dos Altos de Estudos Militares (creio que em 2000) e retenho a ideia de um homem preso a um destino e amargo. Depois de ser o protagonista da abertura política, Yeltsin trai-á-lo-ia depois. Mas a Rússia foi sempre o país das traições, das execuções dos opositores políticos, das rivalidades entre boiardos e da apetência popular por um poder patriarcal, de índole czarista. Inexplicáveis os índices de popularidade de Putin depois dos seus gestos autoritários? Se calhar para o nosso quadro de valores.

Justiça tabágica

Segundo relata uma agência noticiosa um tribunal da Suécia proibiu uma mulher de fumar na maior parte do jardim de sua própria casa e avisou que ela poderá ter que pagar uma multa de 2 mil coroas suecas (equivalente a cerca de R$ 580) cada vez que acender um cigarro na área proibida. A decisão foi anunciada por um tribunal da cidade de Åkarp, no sul da Suécia, que analisou os argumentos da fumante e do autor da ação, o seu vizinho, com quem trocava razões há quase um ano sobre o incidente.
Segundo um jornal sueco o vizinho não-fumante é um advogado com total aversão ao cigarro. A vizinha fumante, uma mulher de 49 anos, é uma mãe que fumava no jardim, mesmo nos dias mais rigorosos do inverno nórdico, com a preocupação de não expor os filhos ao fumo passivo.

Esta fixação das autoridades políticas e judiciais no civicamente correcto está a atingir foros de perfeita paranóia colectiva (e de outra tanta irracionalidade). Percebe-se o cerceamento do hábito de fumar nos espaços fechados, nos equipamentos sociais, mas nos espaços abertos ninguém lembra ao diabo. Mais que um problema de convivência social, é um problema de respeito pela liberdade dos outros. Depois o antibagismo como o ecologismo radical é daquelas bizantices que apenas ilude os problemas maiores que pouca gente se preocupa como a violência familiar ou a pedofilia. Mas enquanto os tribunais andarem entretidos com o que acontece nos quintais dos vizinhos deixam de atender ao mais difícil, não é?

Natascha Kampusch: Liberdade condicionada?


Faz hoje um ano que Natascha Kampusch fugiu ao raptor que a manteve sequestrada durante quase 9 anos.
Ontem, a RTP exibiu um documentário da ORF ( televisão austríaca) com a jovem, entre Viena e uma viagem a Barcelona .
Ao longo do programa foi respondendo a perguntas incómodas, recordando os tempos de cativeiro e abordando a sua nova vida em liberdade.
Achei notável a maturidade revelada por Natascha, pouco comum em jovens da sua idade (18 anos).
Por vezes deu a impressão que não se quer libertar das recordações do tempo em que esteve sequestrada ( explica, por exemplo, com admirável simplicidade, que não se desfez das roupas que usava em casa do raptor, porque ainda estavam em bom estado e não havia razão para as deitar fora...).
O documentário permite perceber que Natascha Kampusch não sente revolta e que colheu – na medida do possível- o que de bom viveu naquele período. Aceita o passado sem qualquer sentimento de vingança , como se o destino lhe tivesse reservado aquela provação na etapa inicial da sua vida e ela aceitasse o desafio com naturalidade. Quanto ao raptor, uma frase várias vezes repetida “ cada vez sinto mais pena dele...”
O “síndrome de Estocolmo” talvez justifique esta frase a o aparente conformismo. Talvez explique as razões que a levaram a ir ao funeral do raptor, a visitar a casa onde esteve sequestrada e a não querer desfazer-se dela ( "porque faz parte de um período da minha vida"). Mas não explica tudo. Há ali, obviamente, um grande trabalho do neurologista que a acompanha. Mas há também uma coisa terrível... a falta de referências afectivas que evidencia.
Seria de esperar que uma jovem raptada aos 8 anos, depois de viver quase 10 anos de sequestro em condições sórdidas, se aconchegasse aos pais no momento em que recupera a liberdade.
Como é sabido isso não aconteceu, Natascha vive sozinha num apartamento em Viena e parece manter com os pais uma relação distanciada, de equilíbrio precário, que se pode romper a qualquer momento – como ela própria reconheceu - se os pais não tiverem juízo.
Deve ser terrível constatar que os pais – cada um à sua maneira- estão a tirar dividendos do seu sofrimento. A mãe escreveu um livro onde narra a sua vida com o ex-marido que acusa de ser alcoólatra e viciado no jogo – relatando episódios que Natascha afirmou diante das câmaras preferir que não tivessem sido divulgados- e anda a correr as capitais europeias fazendo a sua promoção.
O pai – a troco de um punhado de euros – telefona aos jornalistas para tirarem fotografias cada vez que a filha o vai visitar.
É provável que Natascha sinta que a sua relação com o raptor não era muito diferente da que mantém com os próprios pais. Daí o seu conformismo.
Na medida do possível, procura levar uma vida normal para uma jovem da sua idade, não se deixando impressionar pela conta bancária de um milhão de dólares e procurando defender a sua privacidade. Não se vislumbra no seu discurso qualquer apetência consumista . Bem pelo contrário. Enquanto recupera o atraso nos estudos para poder entrar na Universidade, mantém o propósito de utilizar o dinheiro para criar uma fundação de ajuda às mulheres vítimas de violência.
Depois de ver a reportagem, uma pergunta não me sai da cabeça: como será Natascha Kampusch daqui a 10 ou 20 anos? Continuará sentir pena de Wolfgang Priklopil, ou será engolida pela voragem de uma sociedade cada vez mais mediática que sobrevoa como um abutre as suas presas?

Um mistério por desvendar

Jovens acusados de extorsão, assaltos e sequestro. Tentativas de suicídio. Agressões. Mortes violentas. De tudo isto se pode encontrar quando analisamos o percurso de jovens vedetas que ascenderam ao estrelato, através de “reality shows” como o Big Brother ou de telenovelas como Morangos com Açúcar.
Dito assim, até pode parecer que estou a insinuar que a TVI é um alfobre de delinquentes. Nada disso. A razão que me leva a abordar este assunto, prende-se com os efeitos que o mediatismo exerce em alguns jovens que saltam do anonimato para as capas de revistas cor de rosa graças a séries, novelas, ou outros programas de sucesso na televisão.
Talvez não chegue ponderar nos castings os efeitos que uma carinha laroca, um corpo apetecível - quiçá algum talento que o tempo burilará- poderá produzir no aumento das audiências e no merchandising. Talvez valesse a pena analisar, também, a capacidade que os jovens revelam para lidar com o sucesso, para aguentar a pressão de um mediatismo que os eleva, num ápice, a estrelas constantemente requisitadas para abrilhantar cortejos de Carnaval, romarias de Agosto ou festas natalícias.
Como parece provar-se pelos casos que vêm a lume – hoje foi mais um- alguns destes jovens ou não têm estofo para aguentar a pressão, ou entram numa espécie de euforia mediática que altera os seus comportamentos e os leva a cometer actos que ninguém admitiria que fossem capazes de praticar.
Creio- é apenas uma suposição- que muitos jovens que de repente se vêem a encarnar personagens de ficção são levados a fazer uma conexão perigosa entre fama e impunidade e por isso não medem a dimensão dos seus actos. Acabam por confundir a sua personagem com a sua vida real e está o caldo entornado.
Talvez fosse bom que os media falassem mais sobre isso. Talvez fosse bom que alguém estudasse o assunto... Talvez....

No thanks, Mr. Bush

Todas as semanas surgem notícias de um novo atentado no Iraque que bate mais um recorde de mortos. Ontem, lá foi mais um...
Hoje em dia os atentados no Iraque são tão banais, que já quase ninguém dá importância ao assunto. O conflito iraquiano está, aliás, fora de moda. Já ninguém questiona, por tão evidente se ter tornado a resposta, se a invasão americana não foi um erro estratégico do tamanho do Mundo. Já todos descobriram que em vez de erradicar o terrorismo, como prometia Bush, o conflito iraquiano apenas serviu para o acirrar e tornar mais imprevisível. Já poucos se dão ao trabalho de recordar que a invasão assentou em bases de mentira, videos forjados, provas irrefutáveis que se veio a descobrir serem falsas, etc. etc. etc.
O Iraque continua , porém, a ser notícia e motivo das maiores apreensões, porque tornou evidentes algumas fragilidades da máquina de guerra americana.
Não é uma boa notícia para o mundo – e muito menos causa de regozijo- saber que o exército salvador de Bush dá provas de inesperada incompetência, ao declarar como “desaparecidas” centenas de milhares de armas e outro material de guerra. Revela fraqueza e desorientação e acaba por dar razão a Saddam: os EUA meterem-se num atoleiro de que não vão sair com honra.
O pior é que – ao contrário das promessas de Bush- o Mundo hoje está mais perigoso do que antes da invasão do Iraque. Isso ninguém com a mínima clarividência pode negar. Nem a bem montada central de comunicação americana que sabe melhor que ninguém como isso se faz...

Rapidinhas 34 - Rapa, tira e põe...



Não estou particularmente preocupado com o facto de o Governo andar a tirar informações da Wikipedia . O que me preocupa é o que lá põe...

Recordações do Camelo

Obrigado ao companheiro de viagem que aqui deu a notícia de que o Camelo, em Seia, continua a ser um bom restaurante. Traz-me muitas memórias agradáveis da minha juventude. Para além da gastronomia que nos fazia “babar” duas horas antes de lá chegarmos, não esqueço alguns momentos que lá passei e a afabilidade ( e paciência...) do Jorge Camelo para aturar um grupo de jovens esfaimados depois de uma passeata na serra. Já agora...o “bacalhau à jardineira” continua a ser aquela iguaria fabulosa que era uma das marcas da casa?

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Sobre os milheirais...

... faço minhas as palavras justas de JPP (via Abrupto):

Como aconteceu com o ciclo da história do diploma de Sócrates, hoje é o dia de tentar matar a questão incómoda da destruição do campo de Silves. Estas coisas tem ciclos comunicacionais e é possível manipula-los com uma gestão adequada dos silêncios, sussurros e falas, assim como com distracções úteis. A "central de comunicação" sabe muito bem como isto se faz. Nunca se esqueçam que são profissionais e tem muitos meios à sua disposição.

Um mundo sem religiões

(...) qualquer destes livros suscita uma pergunta fatal: como tanta "evidência", "ciência" e "aprendizagem" sobre o homem, como é que há gente que ainda acredita em Deus? A religião não pode ser apenas um equívoco de primários. A resposta de Dawkins e companhia seria provavelmente a de que as pessoas optam muitas vezes por uma vida de engano e submissão, além de que o género humano não suporta nunca demasiada realidade.
Mas a resposta mais segura é de que as pessoas continuam a acreditar em Deus porque sentem uma irreprimível necessidade de acreditar em Deus. Ao pé dessa necessidade, os domínios da "prova" e da "ciência" tornam-se falíveis, não dizem nada sobre o que somos. Certamente que a fé não chega para fundar uma religião séria. Certamente que as pessoas acreditam em Deus de forma diversa e há quem não hesite em matar para atestar a sua crença. Mas esse impulso natural das pessoas para o fideísmo, no limite para a religião, é indomável. Não se ensina uma pessoa a deixar de acreditar em Deus, como se ensinam as leis da física ou o sistema solar. A religião não é uma ideologia.
É por isso que a ideia de um mundo sem religião é uma utopia absurda. Poderíamos viver num mundo sem religião? Viveríamos melhor num mundo sem religião? Não sei, mas duvido. Com mais ou menos ciência, o instinto religioso faz parte da nossa luta diária pela sobrevivência num mundo adverso e sem sentido (...)
Pedro Lomba no DN,
aqui.

Aqui está um senhor


Via Lusa

O deputado do PSD José Luís Arnaut garante que não conhece, nem acompanhou, o financiamento da SOMAGUE ao partido. No entanto, numa carta dirigida ao Tribunal Constitucional assume a «responsabilidade» pelo sucedido, uma vez que, na altura, era secretário-geral do PSD. Arnaut aponta ainda o dedo ao ex-secretário-geral adjunto José Luís Vieira.
Na carta dirigida ao tribunal, datada de hoje e à qual a Lusa teve acesso, Luís Arnaut garante que não teve conhecimento da infracção: «Esclareço que não tive conhecimento, nem acompanhei pessoalmente, os termos concretos em que o apoio da SOMAGUE foi, na situação em análise, concedido».
O TC deu como cabalmente provado, em acórdão de 27 de Junho, que a SOMAGUE pagou uma factura no valor de 233.415 euros por serviços prestados ao PSD e à JSD pela empresa Novodesign, detida à altura pela Brandia Creating. O documento conclui que o PSD violou a lei do financiamento dos partidos incorrendo em «ilegalidades objectivas» puníveis com coima não só ao partido como aos dirigentes partidários responsáveis. «Apesar de, repito, não ter tido conhecimento desses factos, nem do momento em que ocorreram, conforme aliás decorre do inquérito da Polícia Judiciária, mas dadas as funções de Secretário-geral do PSD que então desempenhava, entendo dever agora assumir, politicamente, a responsabilidade objectiva pelos mesmos», refere a carta.
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À laia de conclusão: não cuspem para o ar, querem ver que ainda lhes cai em cima? E isso está dividido por todos.

Sobre MST

O Carlos admoesta-me sobre as incoerências da minha avaliação sobre MST ao assinalar-lhe alguns impulsos infantis na forma como faz opinião escrita, o que o desvaloriza e ser, ainda assim, da "melhor prosa que tenho lido". Não há nada de incoerente nesse juízo, e se tivesse em conta o que digo, aqui, percebias. Há um certo estilo de comentário político na imprensa escrita que faz uma colagem (não sei se intencional) a um evangelismo de púlpito, esgrimindo com "verdades", acenando com excomunhões, fazendo arremedos de santidade e quando faz profecia - pecadilho que todos os oppinion makers fazem, algumas vezes - e se engana nunca pede desculpa aos leitores. MST é useiro e vezeiro nessa táctica, como se reparar um erro fosse abujurar a função de comentador. Sobre PC espero que estejas certo e que a "conspiração sulista" isente o pobre desgraçado. Gosto muito do Porto que tem aliás o melhor Presidente da Câmara do país, e que espero um dia seja mais do que isso. E esta?

Rapidinhas 33- Post-it ou Penso rápido?

Afinal, parece que o blog do Luís Filipe Meneses não é gerido por ele, mas sim por um assessor que- providencialmente - está de férias. Isto de emprestar o nome a um blog e depois pôr outro a escrevê-lo é, pelo menos, uma ideia original. Por isso, estou tentado a mudar a a alcunha que atribuí há pouco a LFM . Em vez de “Fita-cola”, talvez seja melhor “Post-it”. E que tal “Penso rápido”?

Rapidinhas 32- Bastardos e Vampiros

Miguel Portas reconheceu ter errado na avaliação que fez no seu blog "sem muros" acerca da acção levada a cabo em Silves pela “Verde Eufémia”. Só lhe fica bem. O que ele não esperaria é que logo um conjunto de Vampiros e Bastardos que interpretam a Democracia com a atitude pueril dos néscios, se abatesse sobre ele. Na imprensa e na blogoesfera, ergueram-se as vozes de puritanos ofendidos utilizando o escárnio e a volúpia palavrosa em esbirros de palavras maldicentes. Como bem augura o povo no seu saber proverbial: “Diz o roto ao nu...”

Silves ( depois de assentar a poeira)

Agora que parece estar a assentar a poeira sobre o caso de Silves – e sem tirar uma palavra àquilo que aqui escrevi- é altura de dizer que tanta indignação em torno do assunto me parece, agora, um tanto ao quanto farisaica.
Os “soundbites” estiveram em volume demasiado elevado, furaram alguns tímpanos e turvaram algumas mentes. A começar por quem divulgou primeiro a notícia nos seguintes termos: “militantes ecologistas arrasam uma herdade de milho transgénico” . Veio depois a saber-se que afinal foi apenas 1/50 avos de uma propriedade agrícola que foi destruída. O resto não foi afectado graças – toda a gente sabe hoje isso, menos Marques Mendes e alguns dos seus correligionários- à intervenção da GNR. Ora destruir 1hectare é bem diferente de destruir 50. Mas adiante... pois o importante, agora, é reflectir sobre outros atentados ambientais não menos violentos que têm sido tolerados com grande complacência.
Nem vale a pena falar dos campos de golfe que crescem como cogumelos, das “Herdades dos Sobreiros” ou das construções “clandestinas” em áreas protegidas cujo exemplo mais gritante talvez seja o da Arrábida... Basta pensar na forma selvagem como toda a orla costeira está a ser destruída, para construir projectos turísticos ( também já aqui escrevi acerca disso) ou nos famigerados PIN ( projectos de interesse nacional) que transformam áreas protegidas da nossa Reserva Natural em projectos industriais, para perceber que se verteram por aí muitas lágrimas de crocodilo.
Isso não impede- repito- que continue a condenar a acção dos “Verde Eufémia” como um acto de vandalismo inqualificável que em nada contribuiu para fortalecer a causa ambientalista. E, apesar de todas as operações de branqueamento que têm sido tentadas nos últimos dias , ninguém me convence ( pelos motivos que aqui expus noutros posts) que os transgénicos são inofensivos

Digressão gastronómica em férias - parte 1

De férias um punhado de dias nas imediações da Serra da Estrela, e de livro dos "Melhores Restaurantes", edição de 2006 do Jornal Expresso, fomos em busca de alguns deles.

Uma breve súmula de experiências:

- restaurante da Pousada do Convento do Desagravo

Provavelmente a mais bonita de todas as Pousadas de Portugal. Edifício e recheio de cortar a respiração e pertencentes à Fundação Byssaia Barreto. Gestão do Grupo Pestana.

Atendimento simpático mas pouco eficaz no restaurante. Boa confecção e apresentação de produtos de base regional. Preço elevado e relação preço/qualidade geral algo desproporcionada.

- restaurante Camelo

Sito no hotel do mesmo nome em Seia. O anterior proprietário, Jorge Camelo, vendeu há pouco tempo o hotel e o restaurante ao grupo Eurosol.

Continua, no entanto, a assegurar a gestão do restaurante. Recebendo os comensais e os clientes estreantes de forma personalizada e com cuidado e atenção.
Comida excelentemente bem confeccionada, com destaque para os pratos regionais. Sobremesas e doçaria caseiras.

Preço moderado. Excelente relação preço/qualidade. Vale a pena a deslocação.

- restaurante Albertino

Na aldeia serrana de Folgosinho, no lado Norte da encosta da Serra da Estrela, em pleno concelho de Gouveia.

Imagine-se uma aldeia relativamente bem conservada. Onde o centro é constituído por casas de granito. Onde uma fonte, uma pequena capela recuperada e um pequeno mas lindo castelo constituem um conjunto harmonioso.
Uma profusão de bons automóveis estacionados desde a estreita estrada de acesso à povoação como no seu interior.
Várias centenas de pessoas esperando a sua vez para se poderem sentar no restaurante. Onde as mesas são preenchidas com turnos de clientes... com um tempo de espera médio para sentar superior a uma hora...Onde algumas pessoas esperavam até às 16horas pelo privilégio de puderem comer...

Entrada de bom pão de centeio e queijo amanteigado. Seguido de um prato de enchidos, duros, frios e mal amanhados...
Segui-se cabrito assado (excelente), arroz de cabidela (aceitável), leitão (seco, duro, com ossos...), javali com feijão (intragáveis) e a possibilidade de escolher uma de três sobremesas. Preço fixo de 12 euros. Tipo enfarta brutos.
Dizem-me que foi o General Ramalho Eanes, oriundo de Alcains, Fundão, quem com as suas presenças contribuiu para dar fama nacional à casa.
Cá por mim não tenciono voltar... o preço pode parecer um "barato" mas a espera, o carácter quase cantineiro do espaço, das mesas e dos assentos, a qualidade irregular da comida, aconselham a procurar outras paragens doravante...

Rapidinhas 30- O “Fita-Cola”...

Noticia o “Público", que os posts que Luís Filipe Meneses coloca no seu blog são todos plagiados, sendo a fonte preferencial de pesquisa do presidente da Câmara de Gaia a Wikipédia. Pronto, o PSD já tem um candidato apto para colar os cacos do Partido. Depois desta "investigação do "Público" Luís Filipe Meneses bem pode passar a ser conhecido como o“Fita-Cola”.

Rapidinhas 31- ... e o “Reco-reco”

Marques Mendes tem revelado nos últimos tempos uma enorme apetência para abrir a boca sempre que alguém lhe estende um microfone, ou fareja um jornalista por perto. O pior ( para ele, claro...) é que quase sempre que abre a boca sai disparate. Disparar em todas as direcções criticando tudo e todos em busca de protagonismo e de uma câmara de eco televisiva sem ponderar , não me parece boa estratégia para um político que se quer afirmar como alternativa de Governo. Principalmente quando se tem um timbre de voz que, associado à cadência repetitiva da insistência no disparate, faz lembrar um “Reco-reco” . Finalmente, o “picareta falante” tem um sucessor à altura.

Rapidinhas 29- As boas notícias nunca são notícia

Há notícias que passam despercebidas e mereciam destaque de primeira página. Há dias, a RTP noticiava que os Administradores do Hospital de Matosinhos prescindiram do direito a viaturas oficiais que a Lei lhes confere, para aplicarem o dinheiro na compra de equipamentos médicos para o Departamento de neurocirurgia. Continuarão a deslocar-se nas suas viaturas particulares e os doentes passarão a ter melhores condições de tratamento. Eis como alguns médicos dão o exemplo de que é possível prescindir de mordomias supérfluas em favor de melhor qualidade de vida para as pessoas. É fácil de perceber que se trata de uma atitude exemplar. Talvez por isso, não tenha sido notícia de primeira página. As boas notícias nunca dão grandes notícias...

Lendas, mitos e contra-informação

Um esclarecimento ao meu amigo Arnaldo Gonçalves ( a propósito do seu futebolês)

Pinto da Costa - não é- nunca foi- um mestre de obras ou construtor civil, nem precisou do futebol para enriquecer. É filho de uma das mais nobres famílias do Porto, tem "pedigree", embora por vezes lhe fuja o "pé para o chinelo". Poder-se-ão criticar-lhe certos pecadilhos amorosos e cito uma frase que o define: "Há burgueses oitocentistas que apenas casam para poderem cometer adultério" .
Não ponho as mãos no fogo por PC, como é óbvio, mas só um cego é que não vê que todo o processo persecutório de que tem sido alvo apenas tem um objectivo: a recuperação da hegemonia dos clubes de Lisboa. Uma questão de puro provincianismo "made in Lisbon", que admito possa escapar a quem está longe de Portugal e vai seguindo o nosso futebolês através da comunicação social.
Miguel Sousa Tavares - Gostaria que me explicasses, amigo, como é que um escritor sofrível nos dá " da melhor prosa que se escreve em Portugal" ( palavras tuas).
Por outro lado, ao contrário do que dizes, MST consegue (embora raras vezes) ser isento em relação ao FCPorto de uma forma que outros não conseguem ser em relação a outros clubes.Se leres o artigo a que faço referência, no post que originou as tuas observações, verás ( com surpresa?) que ele defende que o "pretenso relatório da PJ" terá sido inspirado na Direcção do FC Porto. Queres mais isenção? Dizes-me o nome de um jornalista desportivo afecto aos "rosas" , por exemplo, que seja capaz de tomar posições destas?
Maria José Morgado- São sobejamente conhecidas as histórias de bravura de Maria José Morgado quando militava no MRPP. E também conheço "outras lendas"acerca dela que rivalizam com a dos Pastorinhos de Fátima ou o "Milagre das Rosas". Isso não chega, porém, para colocar MJM no pedestal das divindades intocáveis, abençoadas pelo sagrado dom da isenção e acima de qualquer suspeita.
Por acaso não foi o marido (Saldanha Sanches) que foi para um canal de TV afirmar que PC tinha prestado determinadas declarações em tribunal e dias mais tarde veio a reconhecer que afinal se tinha enganado? Mas como saberia SS que PC prestara determinadas declarações que afinal não tinha prestado?

A Economist fala no Brasil pelas razões habituais

Na sua última edição a revista britânica The Economist reflecte sobre as condições do Brasil de se tornar uma superpotência no sector de energia.
"Graças, em grande parte, ao etanol de cana-de-açúcar, o Brasil pretende ser uma superpotência em energia. Mas será que (o país) consegue manter suas próprias luzes acesas?", pergunta a revista, numa reportagem intitulada "Escassez em meio ao excesso".
Segundo The Economist, em sua recente viagem por cinco países da América Latina, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva buscou reforçar a imagem do Brasil como superpotência em energia. "Abençoado pelo sol, banhado por grandes rios e perto da auto-suficiência em petróleo, o Brasil tem realmente um enorme potencial em energia. Mas por diversas razões, que vão da letargia do governo ao lobby dos ambientalistas, (o país) corre um grande risco de escassez de energia em casa", diz o texto. A revista cita dados do Instituto Acende Brasil, segundo o qual há entre 28% e 32% de risco de apagões até 2012 caso a economia cresça 4,8% ao ano - previsão que, afirma o texto, é considerada alarmista pelo governo brasileiro.
Mas, conforme a reportagem, mesmo com crescimento econômico menor ainda há risco de falta de energia. A revista afirma que, actualmente, quatro quintos da eletricidade do Brasil vêm de barragens hidroeléctricas. Mas, em tempos de grande procura ou baixo índice de chuvas, há a necessidade de o complementar com outras fontes, principalmente gás natural.
"Cerca de metade do gás natural consumido no Brasil vem da Bolívia. As relações entre os dois países têm estado tensas desde que a Bolívia decretou a nacionalização das operações da Petrobras no território boliviano, no ano passado", afirma o texto.
De acordo com o The Economist, "as esperanças do governo estão em dois grandes projectos, e ambos têm seus críticos", referindo-se à construção de uma terceira central nuclear em Angra dos Reis e de duas hidroeléctricas no Rio Madeira, em Rondônia.
A conclusão das estações no rio Madeira, diz a revista, está prevista para 2012. Caso esse prazo não seja cumprido, porém, haverá a necessidade de um "plano B", com fontes alternativas de energia, afirma o texto. "Mas de onde?", pergunta a revista. Segundo a revista, a Bolívia seria uma opção, mas o país também poderá enfrentar dificuldades para incrementar a sua produção de gás e está comprometido em aumentar seu fornecimento para a Argentina, antes do Brasil.
"Além disso, os bolivianos estão furiosos com as estações no rio Madeira", diz o texto.
"Outra possibilidade seria gerar eletricidade a partir de cana-de-açúcar, em conjunto com a produção de etanol, mas a tecnologia para isso ainda é muito recente."
A revista afirma que, de acordo com a consultora McKinsey, se a área de cana-de-açúcar fosse duplicada, houvesse maior aplicação de insumos e maior mecanização das lavouras, a produção de etanol do Brasil aumentaria dos actuais 17 bilhões de litros por ano para 160 bilhões de litros por ano em 2020.
"Mas aumentar a produção de etanol tem as suas desvantagens. Apesar de muito pouco da cana-de-açúcar do Brasil ser produzida na região da Amazônia, expandir as lavouras poderia exercer mais pressão sobre a floresta, ao empurrar a produção pecuária e de soja para o seu interior", diz a revista.
A Economist afirma que o Brasil enfrenta dificuldades para conciliar desenvolvimento e meio ambiente. E, segundo a revista, seria irónico que a "oposição verde" às estações signifique que o Brasil acabe a utilizar mais petróleo para "manter as luzes acesas".

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O fundamentalismo ecologista como qualquer um produz efeitos inversos à ideologia que propagandeia. E se a questão do desenvolvimento sustentado é estrutural a qualquer dos três países que largou o carro-vassoura dos países não-desenvolvidos para se tornar - cada vez mais - uma nação desenvolvida, o problema é que para quem desenha as políticas públicas há que conciliar os desejos ecológicos de uma mão-cheia de ONGs ambientalistas e as ambições de progresso e bem-estar de milhões de votantes. E estes é que correm com os governos não as primeiras.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Jornais e Livros

Num tempo em que o semianalfabetismo cavalga, nomeadamente entre os jovens que se declaram desinteressados de ler um livro, de entrar numa biblioteca, de visitar uma exposição, é louvável e de aplaudir a acção dos jornais na divulgação da literatura e na colocação de bons títulos à disposição de um público mais alargado, os leitores dos jornais.
A experiência portuguesa - iniciada creio pelo DN e o Público - não é de todo positiva, já que apesar da safra de títulos interessantes que vão pondo nas edições de fim de semana, se teima em editar livros em letra microscópica tornando a leitura, não o que ela é - um prazer - mas um penoso sofrimento.
Vem isto a propósito do anúncio de segunda-feira, no prestigiado Le Figaro, esse periódico referencial da imprensa francesa, da campanha lançamento de um livro por edição, totalizando diz o jornal, 727 livros em dois meses. Será, provavelmente, um novo record, mas não deixo passar esta oportunidade sem alertar os leitores ainda que episódicos do jornal (creio tê-lo visto, em distribuição, em várias tabacarias dos Restauradores e do Rossio e ainda no centro-comercial Colombo) para a utilidade desta iniciativa destacando alguns títulos que nos porão em contacto com a abundante ficção francesa (e não só):


  • À l'abri de rien, de Olivier Adam

  • L'Aube le Soir ou la Nuit, de Yashmina Reza (intelectual muçulmana, actual porta-voz de Sarkozy)

  • J'ai tant rêve de toi, Olivier et Patrick d'Arvor

  • Fin d'histoire, François Bégaudeau (sobre o cativeiro e libertação de Florence Aubenas, por terroristas iraquianos)

  • Dans le café de la jeunesse perdue, Patrick Modiano

  • Tom est mort, Marie Darrieussecq

  • Le Cimitière des poupés, Mazarine Pingeot

  • Ni d'Ève ni d'Adam, Amélie Nothomb

  • Le rapport de Brodeck, Philipe Claudel

  • Belle-soeur, Patrick Benson

  • Cendrillon, Éric Reinhardt

  • Un vrai roman: mémoires, Philippes Sollers (memórias de uma autor de inúmeros livros sobre conflitos internacionais)

  • La Baie d'Alger, Louis Gardel (as relações entre a França e a Argélia)

  • Un roi san lendeman, Christophe Donner (a sorte de Luis XVII)

  • Un château en forêt: le fantôme de Hitler, Norman Mailler (sobre a vida de Hitler por um conhecido autor norte-americano)

  • Le Soleil Noir de la Puissance, Dominique de Villepin (uma nova visão sobre Napoleão Bonaparte, o mito imprescritível dos franceses, pelo antigo primeiro-ministro de Jacques Chirac)

Ainda o futebolês

Miguel Sousa Tavares, jornalista clarividente, escritor sofrível mas excelente observador do quotidiano dá-nos prosa da melhor que se escreve em Portugal. Tem apenas uma fragilidade (que aliás vai beber à forma de estar do seu pai, o jornalista Sousa Tavares): uma impulsividade que o leva a tomar o partido por causas de que se torna uma referência e a assumir cavalgadas contra moinhos de vento, perdendo, no interim, objectividade, sentido de proporcionalidade, ponderação. As paixões futebolísticas são o seu tendão de Aquiles e o ódio canino que destila contra tudo o que não seja do FCP, a sua sombra negra. No meio desta paixão desmesurada MST não vê as idiotices que diz pela boca fora, nem as figuras de parvo que faz. A vaidade acrescenta-lhe isolamento.
Resumindo argumentos, Pinto da Costa é um crápula, como houve, há e haverá outros no mundo do futebol. As fortunas que se movimentam neste circuito tenebroso permitem tudo, até esconder culpas próprias, crimes, filha-de-putices. Seria bom que também aqui o estado de direito entrasse e vingasse. Não sei se conseguirá porque não conheço a prova reunida e se ela chega para incriminar Pinto da Costa. Mas falo do que conheço não se metam com a Maria José Morgado. Ela não tem medo de ninguém e muito menos de um mestre de obras que se alvorou presidente de um clube de futebol e enriqueceu. Na prisão antes do 25 de Abril bateu nos Pides que a sovavam na estátua de sono; na faculdade de direito esmurrava os gorilas que espancavam os estudantes. É incorruptível, tenaz, dominante e não larga a presa.

Perguntar não ofende...

“...por que razão umas escutas foram motivo de investigação e outras não? ...Por que razão o único crime provado com a obra literária da dª Carolina – a sua auto-incriminação nas agressões ao dr. Ricardo Bexiga – ainda não levou a que ela fosse constituída arguida , continuando antes a gozar do estatuto de testemunha privilegiada e com protecção pessoal, paga com o dinheiro dos meus impostos? Por que razão a dªCarolina – com o curriculum vitae e as motivações de vingança que se conhecem- é uma testemunha tão credível para a drª Maria José Morgado e a irmã, sem passado nem motivações correspondentes, é apenas uma difamadora , quando se atreve a vir a público desmentir a maninha?
Miguel Sousa Tavares n’A Bola de hoje

Como estamos em Agosto, reincido na crónica em futebolês, quanto mais não seja para que a corte dos jornalistas desportivos perceba que nem todos andam a dormir. Eu, como o Miguel, também gosto de pensar, antes de escrever apenas movido pelas minhas inclinações clubísticas. Mas um dia destes- não aqui, que é um blog de gente séria- , vou escrever sobre este tema “porcalhoto” que a Justiça e a imprensa desportiva teimam em fazer crer que só existe a Norte, com epicentro nas Antas.
E então, para além destas perguntas, farei outras quiçá mais incómodas. Por exemplo... gostarei de saber que motivações levaram a RTP a inaugurar a semana passada um novo tipo de jornalismo ( o jornalismo de “vendetta”); por que razão o CM está a fazer a cobertura diária das filmagens do filme “Corrupção”; por que razão Leonor Pinhão passou noites seguidas com Carolina Salgado a percorrer as discotecas lisboetas; ou porque é que a Fernanda Freitas afirma que o livro que saiu não foi o que ela escreveu. Tudo minudências que certamente não deixarão de ser colocadas em tribunal se.... se.... se....

Lido noutro lado

"Cavaco, que, quando Alberto João Jardim disse que não cumpria a lei do aborto, pondo em causa o Estado de Direito e o resultado de um sufrágio democrático, remeteu o assunto para os tribunais, indigna-se agora com uns miúdos tontos que destruiram um hectare de milho"....
Daniel Oliveira no "Arrastão"

Leituras do meu baú(2)


Continuo a revolver os livros do meu baú e fui lá encontrar esta preciosidade-"Contos do gin tónico" de Mário Henrique Leiria
Curioso, foi que ao reler alguns dos contos vinha-me à memória o Mário Viegas a dizê-los numa noite inesquecível em Macau. Não consegui separar a leitura da sonoridade e da plástica que ele emprestava aos textos. Um autêntico dois em um!

Já agora, aqui ficam dois exemplos para aguçar o apetite!...

TORAH
Jeová achou que era altura de pôr as coisas no seu devido lugar. Lá de cima acenou a Moisés.
Moisés foi logo, tropeçando por vezes nas lajes e evitando o mais possível a sarça ardente.
Quando chegou ao cimo, tiveram os dois uma conferência, cimeira, claro. A primeira, se não estou em erro.
No dia seguinte Moisés desceu. Trazia umas tábuas debaixo do braço. Eram a Lei.
Olhou em volta, viu o seu povo aglomerado, atento, e disse para todos os que estavam à espera:
- Está aqui tudo escrito. Tudo. É assim mesmo e não há qualquer dúvida. Quem não quiser, que se vá embora. Já.
Alguns foram.
Então começou o serviço militar obrigatório e fez-se o primeiro discurso patriótico.
Depois disso, é o que se vê.
NOIVADO
Estendeu os braços carinhosamente e avançou, de mãos abertas e cheias deternura
És tu Ernesto, meu amor?Não era. Era o Bernardo.Isso não os impediu de terem muitos meninos e não serem felizes.É o que faz a miopia.


Grande Cécile!

Li, na Visão, que Cecíle Sarkozy não foi ao almoço oferecido por Bush, alegando estar retida na cama com uma forte constipação. No dia seguinte, a primeira dama francesa fez questão em passear descontraidamente pelas ruas da estância de veraneio onde estava a passar férias, para que todos a vissem fresca e arrebitada como uma alface, abençoada pelo orvalho da manhã. Haverá maneira mais cruel e descarada de dizer ao sr. Bush que se recusou deliberadamente a ir ao “beija mão” ao Imperador? Temos mullher!

Miolos 2- Espigas 2 (ao intervalo)

Em 1961, Rachel Carlson escreveu o livro Primavera Silenciosa onde denunciava os efeitos nefastos de um pesticida:o DDT. Durante anos ninguém a levou a sério, mas hoje todos sabemos que acabou por ser proscrito da agricultura, porque as questões que ela levantava acerca dos efeitos devastadores do DDT se viriam a confirmar.
Mais recentemente, vários problemas se têm colocado em torno das questões alimentares. As vacas loucas entraram para as primeiras páginas dos jornais no início dos anos 80, mas não faltou gente com “peso” na opinião pública a minimizar a questão, garantindo que a doença em nada afectava o ser humano.
Uma década mais tarde, lá se foram as “iscas com elas” e outras saborosas miudezas . O próprio bife de vaca começou a ser olhado de soslaio, enquanto um Ministro da Agricultura português comia miolos de vaca em Bruxelas, diante das câmaras de televisão, na tentativa de ridicularizar os detractores da carne de vaca. Inicialmente, os miolos ganharam vantagem, mas quando se vieram a confirmar os receios desde sempre levantados, foi uma “espiga” e restabeleceu-se a igualdade.
Eu próprio tive que exibir relatórios da OMS para evitar o enxovalho que algumas eminências pardas me preparavam diante de câmaras de TV. Ainda hoje me arrependo de os ter exibido demasiado cedo....
Mais tarde, assistimos à desvalorização da gripe das galinhas em Hong Kong, aos problemas das dioxinas na carne dos frangos belgas, à utilização de dióxido de carbono defeituoso em produtos da Coca Cola ou à listeria em França. Em todos os caos , mais tarde ou mais cedo, veio a confirmar-se que os “velhos do Restelo” afinal tinham razão quando lançavam os seus alertas.
Chegou enfim a questão dos OGM.
Apesar de protegidos dos holofotes mediáticos ( a imprensa portuguesa é pouco dada a analisar assuntos que considere esotéricos) tiveram -por ínvios caminhos- direito ao seu momento de glória depois do caso de Silves.
O episódio das vacas loucas teve ontem um “remake” quando o actual Ministro da agricultura saiu da Herdade da Lameira empunhando, ufano, uma espiga de milho. Enquanto via as notícias, tive por momentos a esperança de ver o Ministro dar uma “bicada” na espiga, mas Jaime Silva usou os miolos e retraiu-se. Logo de seguida, porém, revelou menos tacto quando insinuou que o BE poderia ser conivente com o assalto de Silves. Declarações que foram uma espiga para António Costa e Sócrates .
Conclusão: restabelecida a igualdade ( 2-2)
Estamos ainda no intervalo e receio bem que as espigas de milho ganhem aos miolos de vaca, dados os indícios visíveis de desorganização das mioleiras que não se cansam de fazer remates perigosos contra a sua própria baliza.
Como já referi, não há certezas irrefutáveis quanto às consequências dos OGM, mas os factos que adiantei noutro post parecem-me elucidativos. Vejamos então quais os perigos que se temem poder advir do consumo de OGM ( para além dos que já referi anteriormente):
Genes animais ou humanos introduzidos em plantas e animais podem danificar o sistema imunitário ou causar alergias.
Genes resistentes a antibióticos introduzidos na cadeia alimentar poderão transferir-se para o corpo humano
Alguns tipos de herbicidas usados nas culturas de OGM matam não só ervas daninhas, mas também animais e insectos que permitem o controlo de diversas pragas , fazendo temer o aparecimento de novos insectos resistentes ao veneno,
Plantas geneticamente modificadas podem cruzar-se, através do pólen, com espécies nativas para produzir super ervas daninhas indestrutíveis por herbicidas ( já foram identificadas algumas na Austrália)
A engenharia alimentar esconde-se por detrás de expressões como “gorduras saudáveis” e um variado número de substâncias , entre as quais se podem encontrar algumas a que somos alérgicos, que não podemos identificar, colocando em risco a nossa saúde e, eventualmente, a saúde pública.
Termino esta polémica em torno dos transgénicos como comecei há dias: nada justifica que um grupo de invasores destrua o ganha pão de quem está devidamente autorizado a praticar uma determinada actividade.
Como escreve Fernanda Câncio no 5 dias ( um dos raros blogues que manteve a lucidez em torno deste assunto) não podemos tolerar este tipo de violência, sob pena de um destes dias um grupo de militantes anti-aborto pegar fogo a uma clínica onde ele se pratique. Ou então, pior ainda, corremos o risco de Alberto João Jardim, na sua cruzada purificadora “contra o deboche dos casamentos gay” invadir o Contenente. “Abrenúncio, t’arrenego, Satanás!

China

Quem olha do outro lado do oceano para terras de Catão talvez não se aperceba do leque de transformações porque passa o Império do Meio entre um comunismo de gosto manifestamente requentado que se prende à ancestralidade do mando autocrático e uma sociedade que mexe, muito, debaixo da aparente acalmia da superfície.
Sugiro aos leitores vizinhos do Atlântico (dos dois lados) uma atenção redobrada a 5 conceitos/ideias força que se irão falar nos próximos meses sobre a China:
  1. Jogos Olímpicos e "espírito olímpico"

  2. Sociedade harmónica

  3. Quinta Geração

  4. Força militar

  5. Consumismo

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Pedófilos

Na TSF on line
Nicolas Sarkozy defendeu a castração química de pedófilos, anunciando uma série de medidas que reforçam a punição de pessoas que cometeram crimes de natureza sexual.
Entre as medidas anunciadas está a construção de um hospital especial para pedófilos, na cidade de Lyon, e a garantia que pessoas condenadas por crimes sexuais só podem ganhar a liberdade quando médicos concluírem que elas não são mais perigosas.
No caso de pedófilos, Sarkozy disse que "aqueles que aceitarem tratamento poderão receber permissão para deixar o hospital, desde que usem um rastreador eletrônico e enquanto estiverem recebendo tratamento – tratamento hormonal, você pode chamar isso de castração química, goste ou não goste: eu não tenho medo de palavras".

Ora aqui está. Não devemos ter medo de usar as palavras e tomar as medidas certas apenas porque afrontam certas conciências. Este crime atingiu uma tal gravidade que não pode ser olhado com complacência ou desatenção. Exige pulso firme. É uma perversão e um atentado à sociedade. E dirige-se contra gente - crianças e jovens - que não se podem defender.

Cavaco põe ordem no milheiral

Cavaco reage - e bem - a uma violação clara da ordem pública e da propriedade privada num estado de direito democrático. Em democracia tudo é contestável mas não com o uso da violência e com a destruição dos bens dos outros. Disse Stuart Mill uma coisa que muitas vezes esquecemos "a minha liberdade termina onde começa a liberdade dos outros". Ninguém é detentor da verdade "absoluta" em democracia. Porque ela não existe.
Lamentável a postura do esquerdalho Miguel Portas. O antigo comunista, hoje bloquista, continua a não conseguir decifrar o que é a realidade e a ficção. O apelo que fez à destruição de propriedade alheia é face à lei um incentivo ao crime. Querem ver que como cobardolas que é se vai pôr atrás da imunidade parlamentar? Sobre este "romance de Verão" alerto para o muito informado follow-up de Paulo Gorjão na sua Bloguítica.

Bimbos e outras

O meu amigo Carlos Oliveira ironiza assumindo pecadilhos que não tem. A crítica ao "morcão" - acho que é assim que se diz - tem a ver com uma postura altaneira de certas pessoas que o regime democrático e uma sociedade limpa e transparente não pode permitir. O bimbo que alardeava a bocarra sobre a superioridade da gente do Norte sobre os sarracenos do Sul procurava isentar, na praça da opinião escrita, as responsabilidades do Sr. Pinto da Costa na corrupção, favoritismo e lavagem de dinheiro que grassa (há muito) pelos lados do futebol. Tudo tem sido usado por parte do séquito do "Papa" para desacreditar a investigação que Maria José Morgado dirige contra ele próprios e os seus associados naquilo que é um dos cancros da vida portuguesa. E não deixa de ser curioso como alguém relatava esta semana, que Pinto de Costa se defenda não pela inverosimilhança das acusações que lhe são dirigidas mas porque as suas conversas telefónicas foram gravadas... sem a sua autorização.
Como se a justiça para actuar tivesse que pedir a autorização dos indiciados (escolho cuidadosamente a palavra). Como com Valentim Loureiro creio que sairá deste processo algo fundamental ao regime: não haverá mais em Portugal gente acima de qualquer suspeita ou acima da Lei. Ontem o presidente do Benfica, hoje o presidente do Porto, amanhã o do Sporting...

TRANSGÉNICOS: Não acreditar em bruxas, mas saber que existem...

Começaria com uma pergunta: algum dos leitores do ALEMDOBOJADOR já comeu alimentos geneticamente modificados ( vulgo: transgénicos )?
O mais provável é que responda como a maioria das pessoas: “Não sei”
Claro que não sabe, porque apesar de todas as normas europeias visando a segurança e saúde dos consumidores, a UE não consegue impôr a obrigatoriedade de rotulagem desses alimentos – que daqui para a frente denominarei apenas como OGM.
Mas porque razão não é dada informação às populações no rótulo dos produtos? A resposta está envolta em mistério ... mas há alguns factos que nos permitem deduzir as implicações que estão por detrás dessa nuvem de fumo informativa.
Facto 1- Em 1999, 170 países estiveram ( mais uma vez...) reunidos para debater as implicações do OGM na saúde humana. Contando com o apoio do Canadá, Austrália, Chile, Uruguai e Argentina ( os maiores produtores de OGM), os Estados Unidos conseguiram fazer valer a sua posição ( não inclusão nos rótulos de esclarecimento sobre a origem dos produtos, quando em causa estiverem OGM).
Se quem não deve não teme, porquê esta recusa?
Facto 2 - Na mesma reunião, realizada na Colômbia, foi recusada a aprovação de uma medida que responsabilizasse as empresas produtoras de OGM, no caso de se vir a verificar que estes alimentos provocam danos ambientais ou põem em risco a saúde dos consumidores.
Quase 10 anos volvidos esta medida mantém-se. É pelo menos estranho que num país tão rígido em relação às tabaqueiras e outras actividades potencialmente prejudiciais á saúde, exista tanta obstinação quanto à rotulagem dos OGM e se impeça qualquer medida preventiva que assegura a indemnização aos consumidores. Mas se continuar a ler, talvez encontre a explicação
Facto 3- Nos inícios deste século, duas dezenas de cientistas de diversos países constataram - através de uma experiência feita com ratos-, que aqueles animais apresentaram deficiências nos seus sistemas imunitários, depois de terem sido alimentados com batatas geneticamente modificadas.
Facto 4- O cientista que divulgou o estudo foi despedido do laboratório onde trabalhava.
Facto 5- Esse laboratório recebeu um donativo da Monsanto- uma das maiores empresas produtoras de OGM
Facto 6- À boca pequena fala-se de mortes no Japão, provocadas por OGM.
Facto 7- Embora não existindo provas irrefutáveis sobre os danos causados à saúde pelos OGM, sabe-se que existem perigos para a biodiversidade e que estas culturas altamente resistentes aos insectos, ameaçam os ecosistemas de uma forma impossível de controlar.
Facto 8- O milho, a batata, a soja e o algodão são os principais OGM à venda no mercado, integrando a composição de muitos outros milhares de alimentos, sem que os consumidores o saibam.
Facto 9- Os EEUU são os maiores produtores mundiais de OGM, que em 2010 representarão 95% das suas exportações alimentares.
Facto 10- A União Europeia foi obrigada pela OMC a pagar pesadas multas, pelo facto de ter proibido, durante vários anos, a importação de produtos alimentares geneticamente modificados provenientes dos Estados Unidos.

Perante estes factos, os defensores dos OGM argumentam que sem o recurso à engenharia genética será impossível alimentar a população mundial, dentro de 30 ou 40 anos. Mas não dizem que também podemos encontrar OGM nos medicamentos e até no vestuário!
(continua)

A visita de Jaime Silva

O Ministro da Agricultura garantiu ao proprietário da Herdade da lameira que serão os “Eufemisticamente Verdes” a pagar os prejuízos decorrentes da vandalização. Acho bem, mas acrescento:
No próprio dia os promotores da triste iniciativa declararam que iriam oferecer ao agricultor, milho biológico para o cultivo de 50 hectares. Se cumprirem a promessa de imediato, não será de aceitar? É que com os recursos aos tribunais, quando chegar a altura de receber a indemnização, muito provavelmente já o pobre do agricultor morreu.
Por outro lado, o milho biológico é amigo do ambiente e constituirá um bom contributo e incentivo para outras plantações.Finalmente, lembro que a Junta Metropolitana do Algarve tinha declarado a área “livre de OGM” e assim todos poderiam ficar satisfeitos. Ou será que não?

Interlúdio em futebolês

Luís Filipe Vieira deve ter um conceito - no mínimo original - acerca da transparência. Depois de ter jurado que Fernando Santos seria treinador do SLB pelo menos até ao final da época, comprou um bilhete de avião para Ibiza ( faltando ao jogo Leixões -Benfica) para falar com Camacho e o convencer a ser o futuro treinador dos "rosas".
Há uma semana, também jurara que Manuel Fernandes não saía do Benfica e um dia depois, quando o rapaz se ia equipar para um treino, mandou-o vestir fato e gravata e voar até Inglaterra, para assinar pelo Everton, deixando Fernando Santos descalço na véspera do jogo de acesso à Liga dos Campeões.
Lembro-me de há um ano atrás LFV ter jurado a pés juntos que FS era um amigo e uma aposta pessoal e que não se enganava nas suas apostas. O contrato seria cumprido até ao fim.
Um ano depois, enquanto FS deve estar a pedir a Deus que não lhe arranje mais amigos destes LFV deve estar a jurar a si mesmo que nunca vai entrar num casino, nem sequer apostar no Euromilhões.
Dou por terminada esta incursão ( esporádica) no futebolês luso, para não conspurcar as águas límpidas que se espraiam pelo Bojador. Vou ler um dossiê anónimo que alguém me deixou à porta de casa, garantindo que LFV tem os dias contados no SLB se este ano voltar a não ganhar nada.

Quando o jornalismo só vê um lado das notícias

O generalizado acervo de dislates que grassa na blogoesfera e em alguma imprensa portuguesa acerca da acção levada a cabo pela associação “Verde Eufémia”, obriga-me a voltar ao assunto mais cedo do que desejava.
Eu próprio me insurgi aqui contra a acção que apelidei - emocional mas incorrectamente- de “Terrorismo Verde” e me interroguei acerca de eventuais subsídios atribuídos pelo Estado àquela associação.
Na primeira página do DN de hoje leio “ Governo deu apoio a grupo que atacou milho”. A minha primeira reacção foi pensar que as minhas suspeitas eram fundadas e que o Governo efectivamente apoiara a Verde Eufémia”.
Compro o jornal e que leio? Que o Governo apoiara a Ecotopia 2007. Constato desde logo que são duas coisas diferentes, mas concedo que na azáfama do fecho de edição se tenha instalado espaço para o erro. Mais surpreso fico quando leio que afinal o apoio do Governo se limitara a uma menção, no Portal do Instituto Português da Juventude, à realização do evento.
E agora, à semelhança dos que me criticaram- justamente- por ter acusado a “Verde Eufémia” de fazer Terrorismo Verde, muitos certamente me irão crucificar pelo facto de achar que o IPJ fez bem em divulgar a Ecotopia 2007 ( não existiram apoios financeiros nem de qualquer outra natureza).
E acho bem que o IPJ tenha divulgado a iniciativa, porque se trata de um encontro de activistas antiglobalização que periodicamente se reúnem, em locais estratégicos, para debaterem e divulgarem questões ambientais que nos deviam preocupar a todos.
Não nutro especial simpatia por este tipo de eventos que em nada servem para credibilizar as causas ecologistas ( pelo contrário, actos de vandalismo como o perpetrado em Silves só ajudam a denegrir). Alimento, porém, uma visceral antipatia pelo jornalismo obnubilado pela vertigem das audiências e das tiragens. Principalmente, porque contribui para deformar a opinião pública e para que a blogosfera se transforme numa coutada de reacções acéfalas. Colocado entre dois males, não hesitarei em manifestar a minha preferência pelo primeiro. Porque assenta em causas que deveriam ser amplamente discutidas - não varridas para debaixo do tapete.
Escrevi – e volto a escrever- que a herdade de milho transgénico vandalizada em Silves não devia existir, porque os OGM ( Organismos Geneticamente Modificados) são um problema de saúde pública que anda a ser discutido em surdina nos meandros de Governos deslumbrados com as virtualidades das economias de mercado. E é, por isso mesmo, que pela enésima vez vou escrever sobre esse embuste alimentar que está a engordar os cofres do “Tio Sam”, mas a pôr em risco a saúde de milhões de pessoas no mundo. Mais logo, ou amanhã, neste local e depois da visita do Ministro Jaime Silva à herdade vandalizada.
Entretanto fico à espera ( sentado...) que o DN publique o lado B da notícia. E até proponho um título:
“ O ataque à herdade de Silves, visto do outro lado”.

Aviso à navegação

Àqueles que me têm pedido que cumpra com o prometido e escreva sobre a verdade dos transgénicos,quero dizer que decidi esperar pela vistita do Ministro da Agricultura ( esta tarde) à herdade violada, para depois dar o assunto por encerrado.

Portugal dos Pequeninos

Aqui fica uma fotografia de Portugal, depois de cumpridos os desejos do meu amigo Arnaldo Gonçalves e Lisboa passar a ser não só a capital do País, mas também a ÚNICA cidade do Páis
E esta é a da minha modesta casinha lacustre, à beira Douro, na capital da "República dos Bimbos", cuja única actividade económica é a produção artesanal de "francesinhas". A fábrica de produção de talentos FC Porto SAD, foi entretanto reconvertida numa empresa de "import/export " a Dragon Company que se dedica à transmigração de jogadores de futebol da América Latina para a Europa.


A bem do anonimato

Há anonimatos e anonimatos. Não se percebe bem porquê, parece que uns são mais credíveis do que outros... Quiçá uma questão de geografia?
Para ler, no artigo de Francisco José Viegas no JN de Hoje
artigo desta segunda-feira no JN.

E a resposta é...

Carlos Abreu Amorim é Mestre em Direito, Docente na Univ. Lusíada do Porto e na Univ. do Minho.
Escreve no Blasfémias e tem vários livros publicados.
Grave pecado: nasceu no Porto, onde nasceu a causa de um Portugal liberal, gosta de francesinhas , do FC do Porto e do Pacheco Pereira.
Escomungue-se já!

Fadas, duendes e os ecotontos

[...] Se eu acreditasse em fadas, duendes de jardim e outras entidades do género, também achava que tudo o que se passou colocou na "ordem do dia" a questão dos transgénicos. Sucede que não acredito. Bem pelo contrário, o que foi colocado na "ordem do dia" foi a desordem pública, o comportamento de grupos como os "verdeufémios", as suas relações e financiamentos, o comportamento das autoridades e do Governo face ao crime, a apatia da polícia, o papel do BE, etc., etc. Ou seja, exactamente aquilo que povoa os pesadelos mais negros do ecologismo radical e militante e dos grupos políticos que o suportam, exactamente aquilo que eles não desejavam. É por isso que Miguel Portas já apareceu três vezes a explicar-se e ainda aparecerá mais.

Pacheco Pereira no Abrupto (pela economia das razões e do argumento)

Bimbo

(...) O Porto foi uma cidade de comerciantes que adquiriram um quase autogoverno e não se vergavam às regras do resto do País. Os nobres nem aí podiam pernoitar. A Inquisição, que acendia autos-de-fé em toda a parte, só por uma vez em 300 anos conseguiu macular o Porto. Até ao Marquês os tribunais do Porto não aceitavam as decisões da Casa da Suplicação de Lisboa. O Liberalismo só comprovou que a lógica do Porto é um contrapoder, avesso a todas as Cortes. Pinto da Costa cavalgou uma tradição com quase 900 anos (...)

Um tal Carlos de Abreu Amorim no CM, hoje.
--/--/--

Mas quem é este bimbo é o que apetece perguntar à saída da semana. Na cabeça destas luminárias há cidadãos que estão acima da lei porque pertencem a uma espécie de Cosa Nostra do futebol, com regras próprias, uma absoluta falta de ética e uma impenetrável nebulosa de interesses. Os ditos intocáveis. Eu já estou como com a Madeira, porque é que não decretam a independência? Livrávamo-nos deles.

domingo, 19 de agosto de 2007

Instantâneos (2)


Instantâneos (1)


O tufão na Jamaica

Impressionantes as imagens do tufão na Jamaica, flagelando a exótica ilha nas Caraíbas. Terra de piratas que povoaram o meu imaginário de menino, entre Sandokan e Barba Ruiva. O outro lado da notícia são as declarações espantosas de uns bimbos que estão lá retidos. Queixam-se as alminhas que todos os outros estranjeiros já foram retirados pelos respectivos países e que só os portugueses lá ficaram. Esta gente vai de férias para onde lhe dá na mona mas quer ir ao preço da uva mijona, se possível sem pagar. Batem-se por tarifas baixas e tratamento de luxo dois termos do negócio incomportáveis. Ou se tem uma coisa; ou se tem outra. Mas as alminhas só porque nasceram portugueses acham que têm direito ao céu na terra. Querem ver que ainda tiram o ministro dos negócios estrangeiros de férias? Ai doce país!

Darfur e a moda de Verão

(...) Durante anos, as matanças no Darfur mereceram da "opinião pública" internacional a maior indiferença. Compreende-se. Desde que o golpe de catana se tornou o meio de comunicação vital entre árabes e pretos, houve a invasão do Iraque, o Katrina, o tsunami, a guerra no Líbano, o Live Earth e é forçoso estabelecer prioridades, principalmente quando existe a hipótese, remota ou não, de criticar os EUA. Agora, que os eventos acima passaram de moda ou de facto, o Darfur entretém satisfatoriamente um Verão morno em matéria de "causas". Não há dia sem o envio de bizarras tropas e "observadores" para a região. Não há dia sem que uma vedeta se manifeste a propósito. Claro que por aquelas bandas do Sudão se continua a matar e a morrer. Mas muitas consciências ocidentais aliviam-se e, com alguma dose de desprendimento, a gente distrai-se. (...)

Alberto Gonçalves no DN, aqui.

Paulo Macedo e a administração pública

(...) Paulo Macedo não tem carreira no Estado. A sua vida não depende de ministros e directores-gerais. Não terá de trabalhar com os colegas atingidos pelas suas decisões, não concorrerá com eles para as limitadas promoções. Paulo Macedo, sendo exterior, teve o seu trabalho vigiado de perto e foi avaliado pelo sucesso numa tarefa concreta. Os funcionários com quem trabalhou mergulham no anonimato, dependem de regras automáticas e avaliações invejosas. Não vivem de uma tarefa, mas de uma reputação, onde sucessos demasiado vistosos até podem ser prejudiciais. (...)
Um olhar lúcido de João César das Neves sobre a administração pública e a iniciativa Paulo Macedo, aqui no DN.

A Guerra no Afeganistão

Uma reportagem fotográfica impressiva. O livro de David Rieff e John Stanmeyer, War: Afeganhistan (publicado pela MO) sobre a Guerra no Afeganistão. Primeira vista no The Globalist, aqui.