terça-feira, 21 de agosto de 2007

Ainda o futebolês

Miguel Sousa Tavares, jornalista clarividente, escritor sofrível mas excelente observador do quotidiano dá-nos prosa da melhor que se escreve em Portugal. Tem apenas uma fragilidade (que aliás vai beber à forma de estar do seu pai, o jornalista Sousa Tavares): uma impulsividade que o leva a tomar o partido por causas de que se torna uma referência e a assumir cavalgadas contra moinhos de vento, perdendo, no interim, objectividade, sentido de proporcionalidade, ponderação. As paixões futebolísticas são o seu tendão de Aquiles e o ódio canino que destila contra tudo o que não seja do FCP, a sua sombra negra. No meio desta paixão desmesurada MST não vê as idiotices que diz pela boca fora, nem as figuras de parvo que faz. A vaidade acrescenta-lhe isolamento.
Resumindo argumentos, Pinto da Costa é um crápula, como houve, há e haverá outros no mundo do futebol. As fortunas que se movimentam neste circuito tenebroso permitem tudo, até esconder culpas próprias, crimes, filha-de-putices. Seria bom que também aqui o estado de direito entrasse e vingasse. Não sei se conseguirá porque não conheço a prova reunida e se ela chega para incriminar Pinto da Costa. Mas falo do que conheço não se metam com a Maria José Morgado. Ela não tem medo de ninguém e muito menos de um mestre de obras que se alvorou presidente de um clube de futebol e enriqueceu. Na prisão antes do 25 de Abril bateu nos Pides que a sovavam na estátua de sono; na faculdade de direito esmurrava os gorilas que espancavam os estudantes. É incorruptível, tenaz, dominante e não larga a presa.