Silves ( depois de assentar a poeira)
Agora que parece estar a assentar a poeira sobre o caso de Silves – e sem tirar uma palavra àquilo que aqui escrevi- é altura de dizer que tanta indignação em torno do assunto me parece, agora, um tanto ao quanto farisaica.
Os “soundbites” estiveram em volume demasiado elevado, furaram alguns tímpanos e turvaram algumas mentes. A começar por quem divulgou primeiro a notícia nos seguintes termos: “militantes ecologistas arrasam uma herdade de milho transgénico” . Veio depois a saber-se que afinal foi apenas 1/50 avos de uma propriedade agrícola que foi destruída. O resto não foi afectado graças – toda a gente sabe hoje isso, menos Marques Mendes e alguns dos seus correligionários- à intervenção da GNR. Ora destruir 1hectare é bem diferente de destruir 50. Mas adiante... pois o importante, agora, é reflectir sobre outros atentados ambientais não menos violentos que têm sido tolerados com grande complacência.
Nem vale a pena falar dos campos de golfe que crescem como cogumelos, das “Herdades dos Sobreiros” ou das construções “clandestinas” em áreas protegidas cujo exemplo mais gritante talvez seja o da Arrábida... Basta pensar na forma selvagem como toda a orla costeira está a ser destruída, para construir projectos turísticos ( também já aqui escrevi acerca disso) ou nos famigerados PIN ( projectos de interesse nacional) que transformam áreas protegidas da nossa Reserva Natural em projectos industriais, para perceber que se verteram por aí muitas lágrimas de crocodilo.
Isso não impede- repito- que continue a condenar a acção dos “Verde Eufémia” como um acto de vandalismo inqualificável que em nada contribuiu para fortalecer a causa ambientalista. E, apesar de todas as operações de branqueamento que têm sido tentadas nos últimos dias , ninguém me convence ( pelos motivos que aqui expus noutros posts) que os transgénicos são inofensivos