sexta-feira, 17 de agosto de 2007

A não perder...

Libertada a bílis, recomendo uma visita ao Museu da Electricidade para ver o World Press Photo.

Terrorismo Verde

Decorre desde o dia 4 de Agosto, no Algarve, o Ecotopia 2007.
Nunca aqui me referi ao evento, porque tenho as mais fundadas dúvidas sobre a genuinidade das convicções ecologistas não só dos seus promotores, mas também de quem nela participa e porque condeno veementemente as formas de luta que normalmente utilizam.
Confesso que andava admirado pelo facto de ainda não ter havido qualquer arruaça, ou manifestação hostil. Mas hoje aconteceu...
Um grupo de pretensos ambientalistas de uma putativa associação ecologista ( terá apoios do Estado?) denominada “Verde Eufémia”, destruiu uma herdade de milho transgénico, perto de Silves.
Uma herdade cujo cultivo estava perfeitamente legalizado ( embora não o devesse como referiu- ainda que veladamente - o meu amigo Macário Correia) e cuja venda constituía a única fonte de rendimento de uma família.
Acima de tudo, estes ecoterroristas devem ser mal informados e desconhecer que Portugal importa anualmente toneladas de milho transgénico que estamos a consumir sem saber ( o que é grave, mas sobre isso escreverei na próxima semana).
Porque é que estes corajosos “bandalhos” não vão antes assaltar um barco carregado de milho transgénico, em vez de destruir o ganha pão de uma família que está a trabalhar legalmente para garantir o seu sustento?
Não perceberão que o acto selvático e cobarde hoje perpetrado só contribui para desacreditar o movimento ecologista?
Esse grupelho de energúmenos não devia ter o nome de “Verde Eufémia”, mas sim de “Eufemisticamente Verdes".
Vão mas é brincar com o Verde Gaio!

E a voz de Katie Melua para acompanhar...

Para acompanhar as leituras de fim de semana, aqui fica a minha sugestão: Katie Melua Um autêntico tesouro esta voz da Georgia , agora naturalizada inglesa. A não perder, para quem não conheça. O seu último álbum "Piece by piece" não será tão bom como o primeiro, mas é uma autêntica pérola para os ouvidos e um bálsamo para os sentidos. Para ouvir só, ou bem acompanhado!

Leituras de fim de semana


“ O português que nos pariu” ( Civilização, 2007) é uma prosa deliciosa que nos massaja o ego, enquanto nos revemos e repensamos enquanto portugueses, nessa aventura que começou em Guimarães com um Afonso Henriques carregado de complexos de Édipo e ultrapassou o Bojador.
Com um fino traço de humor, Angela Dutra de Meneses reconduz-nos à vida dos nossos antepassados com muita ironia , mas também com muito amor.
Essencial para um fim de semana de boa disposição.

Leituras do meu baú- (1)

A vida também se faz de (re)leituras. Do meu baú de memórias repesquei, há dias, " O Banqueiro Anarquista" de Fernando Pessoa. Vale sempre a pena ler. É pequenino e lê-se numa penada...Para aguçar o apetite a quem ainda não leu, aqui fica um "aperitivo"

É verdade: disseram-me há dias que V. em tempos foi anarquista...
- Fui, não! fui e sou. Não mudei a esse respeito. Sou anarquista.
- Essa é boa! V. anarquista! Em que é que V. é anarquista?... Só se V. dá à palavra qualquer sentido diferente...
- Do vulgar? Não, não dou. Emprego a palavra no sentido vulgar.
- Quer V. dizer, então, que é anarquista exactamente no mesmo sentido em que são anarquistas esses tipos das organizações operárias? Então entre V. e esses tipos da bomba e dos sindicatos não há diferença nenhuma?
- Diferença, diferença, há... Evidentemente que há diferença. Mas não é a que V. julga. V. duvida talvez que as minhas teorias sociais sejam iguais às deles?...
- Ah, já percebo! V., quanto às teorias, é anarquista; quanto à prática...
- Quanto à prática sou tão anarquista como quanto às teorias. E quanto à prática sou mais, sou muito mais, anarquista que esses tipos que V. citou. Toda a minha vida o mostra.
- Hein?!
- Toda a minha vida o mostra, filho. V. é que nunca deu a esta cousas uma atenção lúcida. Por isso lhe parece que estou dizendo uma asneira, ou então estou brincando consigo.
- Ó homem, eu não percebo nada!...

Bolsas em queda - na antecâmara de uma nova crise igual a 1997?

Nas agências noticiosas:
As praças asiáticas encerraram em forte queda com os investidores a venderem os activos de maior risco. O MSCI Asia- Pacífico afundou 2,4% e o iene registou o maior ganho semanal em quase nove anos.
O MSCI Asia Pacífico, que representa as principais empresas da região, desvalorizou 2,4% para 138,71 pontos. No Japão, o Nikkei perdeu 5,42% enquanto o Topix perdeu 5,55%.
O Hang Seng, em Hong Kong, perdeu caiu abaixo dos 20 mil pontos pela primeira vez em quatro meses.
O iene valorizou contra todas as 16 moedas mais activas com os investidores a fugirem das aplicações de maior risco que eram feitas com recurso a empréstimos em ienes, cuja taxa de juro é mais baixa que na Europa ou nos EUA. A crise no crédito, que se instalou nos mercados financeiros, levou muitos investidores a deixarem de recorrer ao chamado "carry trade" optando por pagar os empréstimos em ienes aumentando o valor da moeda.
As acções das empresas exportadoras, como fabricantes de automóveis e de produtos electrónicos, foram as que mais pressionaram uma vez que um iene mais forte reduz o valor das exportações denominadas em dólares.
A Toyota caiu 4,4% para 6.380 ienes, apresentando a maior desvalorização desde Outubro de 2003, e a Honda, segunda maior fabricante de automóveis japonesa, desvalorizou 5,3% para 3.580 ienes.
A Canon desceu 4,9% para 5.620 ienes e a China Mobile, maior operadora móvel do mundo em termos de número de utilizadores, perdeu 2,5%.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Gosto deste homem..

ainda quando às vezes discorde, estrondosamente, do que escreve. Aprendi, aprendi muito, na forma como escreve e sente as questões públicas, sociais e humanas, e que influi, decisivamente, na minha escrita nestes quinze anos de comentário político nos jornais.
Fui criado como ateu e nunca tive a experiência de perder fé porque nunca tive fé. Nasci numa família revolucionária, que deixou de ser revolucionária antes de eu chegar à idade adulta. Não tive fé na revolução e também não perdi a fé na revolução. Não passei pela experiência de quase todos os meus contemporâneos, que perderam a fé em deus e na revolução. Fui sempre uma pessoa sem fé. Não tenho pinga de marxismo nem de catolicismo. As duas coisas estão ligadas. Muita gente começou pelo catolicismo e mudou para o marxismo e viceversa. Sou um ateu. Agnóstico é uma palavra que hoje não quer dizer nada.
Vasco Pulido Valente ao Diário Económico, 17.08.2007

Dizia Paulo Rangel....

no debate sobre a lei de levantamento do sigilo bancário:
(...) A pretexto de melhorar o combate à fraude e à evasão fiscais, o Governo adianta a seguinte medida: sempre que um cidadão conteste uma decisão do fisco, porque a considera errada ou ilegal, e, em consequência, exerça o seu direito de reclamação administrativa ou de impugnação judicial, a administração fiscal pode, sem mais e só por isso, levantar o segredo bancário. Trata-se, do ponto de vista das garantias dos cidadãos, de uma medida intrinsecamente discriminatória e intimidatória, que viola ostensivamente o princípio da proporcionalidade.
Trata-se de uma lei inaceitável, de uma lei intolerável, para recorrer à expressão dos homens da revolução americana perante a opressão e repressão fiscal do Parlamento inglês.(...)
Via Bloguitica , com a devida vénia ao Paulo Gorjão.

Há uma voragem do governo em tornar a vida difícil aos cidadãos em nome de louváveis e respaldados princípios. Este aborto desta lei é um bom exemplo. Legisla-se com os pés, com arrogância, falta de proporção só para mostrar que se tem músculo. Pode ser que me engane mas este ficará na história da democracia portuguesa como o governo mais arrogante e prepotente dos últimos vinte anos. Não é dislepsia é teimosia, enfado, pespinácia. Custa-me ver alguns bons constitucionalistas como Vitalino Canas - com quem privei em Macau há 20 anos - ser verdadeiros caceteiros desta política vergonhosa.

Primárias americanas

A prestigiada revista norte-americana Slate faz um score do valor de mercado dos principais candidatos às presidenciais americanas de 2009. Dá uma ideia curiosa do alinhamento das preferências dos eleitores americanos. Cortei o segmento inferior dos candidatos por praticamente não terem quaisquer hipóteses à eleição.

2008 Presidential Race (click)
Current Market ValuePer Candidate
Current IndividualMarket Values
Intrade -Candidate/Party/Price/Change

Hillary Clinton
D 37.00+1.900
Rudy Giuliani
R 19.90+0.100
Barack Obama
D 14.80+1.800
Fred Thompson
R 10.00+0.000
Mitt Romney
R 8.60 +0.600
Al Gore
D 4.70+0.700
John Edwards
D 4.50+0.300
Michael Bloomberg
R 4.00+0.000
John McCain
R 3.90 +0.200

Sobre o caso Edmundo Ho...

escrevi aqui:
(...) É evidente no caso sob comentário que o Chefe do Executivo cumpriu aquilo que estava obrigado pela Lei Básica, isto é, apresentar a declaração perante o Presidente do Tribunal de Ultima Instância da Região, para efeitos de registo. E a mais não era obrigado. Presumivelmente - e é isso que se espera de um titular de cargo público - actua em obediência à lei pondo o interesse público acima dos interesses privados.
O bruá que este “caso” suscita tem um outro contorno que importa desmistificar e que tem a ver com o que habitualmente designo pelo “complexo de esquerda”. De acordo com o espírito-santo-de-orelha da esquerda, o político honesto, fiável, íntegro é o que não tem bens nem interesses pessoais, logo não é influenciável. Essas qualidades são monopólio da esquerda, pois a direita está presa aos interesses de que é serventuária. (...)


O resto no JTM, aqui.

O trading-off da Libia

Lido no Le Monde
(...) Quelles ont été les véritables contreparties offertes à Tripoli en échange de la libération des infirmières bulgares et du médecin d'origine palestinienne ? Chaque jour, de nouvelles révélations percent un peu le mystère. Dernière en date : l'annonce par la Libye, jeudi, de la signature d'un important contrat d'armement avec la France.
Ce contrat porte sur l'achat de missiles antichar Milan à hauteur de 168 millions d'euros, selon une source officielle libyenne, citée anonymement par l'AFP. Ce contrat aurait été conclu avec MBDA, une filiale d'EADS, numéro un mondial des systèmes d'armes guidées. Il s'agirait du premier contrat d'armement signé par la Libye avec un pays européen depuis 2004 et la levée de l'embargo.
Tripoli aurait parallèlement signé un deuxième contrat de 128 millions d'euros, cette fois-ci avec EADS pour un système Tetra de communication radio, toujours selon un haut responsable libyen (...)

Mais, aqui.

Alguém explica isto? Em troca de libertação das enfermeiras búlgaras, recebidas no seu país como heroínas nacionais, Paris celebra contratos de altissima tecnologia militar com Kadhafi, o tirano líbio. Pelos vistos os contratos estavam no compromisso debaixo-da-mesa com a diplomacia europeia e essa figura brilhante do socialismo europeu chamado Javier Solana. Paris apanhada com a colher no acucareiro?

Cem dias de incompreensão

Há muito tempo que não leio livros policiais e vejo poucos filmes e séries do género. No entanto, não deixei de me surpreender ao ouvir as declarações do responsável da PJ pelas investigações do desaparecimento de Maddie McCann.
Entrevistado pela jornalista da RTP, Sandra Felgueiras, Olegário de Sousa afirmou que as análises ao sangue encontrado no quarto de onde a miúda desapareceu só agora foram solicitadas, porque na altura do desaparecimento apenas se colocou a hipótese de rapto.
Ora bolas! Desde cedo aprendi com Poirot e Perry Mason, que à partida não se deve abandonar qualquer hipótese e todas as linhas de investigação devem ser analisadas...
Que a PJ tenha achado irrelevante seguir a pista da morte até terem passado 100 dias após o desaparecimento, vá que não vá... mas como é que a imprensa inglesa vai explicar aos seus leitores a negligência da polícia britânica que não alertou a PJ para essa possibilidade? Eles, pelo menos, leram Agatha Christie, que diabo!

Reportagens imaginárias- 4 PSD reage à ausência do Governo na homenagem a Miguel Torga

Marques Mendes reagiu ontem, no Pontal,à ausência do Governo no centenário de Miguel Torga.
No seu já habitual discurso inflamado, o patrão do PSD afirmou:
É inadmissível que o Governo não tenha estado presente no centenário de Miguel Toga..."
( Paula Teixeira da Cruz atrás de Mendes, em surdina) “ Não é Toga, é Torga!”
“A ausência na homenagem a Miguel Tórrega só demonstra que o Governo está cada vez mais afastado do povo português” prosseguiu inflamado, para logo de seguida assegurar:
“Provavelmente, a ausência do Governo deve-se ao facto de saber que Miguel Tórrega, se fosse vivo, estaria contra o aeroporto da Ota!”

Miguel Frasquilho ( para Luís Filipe Menezes). “Eh pá! Não me digas que o Torga era engenheiro!
Luís Filipe Menezes (incomodado)- “Não, era meu colega!”.
Miguel Frasquilho ( surpreso) – “Eh pá, não conheço nenhum autarca com esse nome!”
Luís Filipe Menezes ( irritado) – “Não era autarca po... era médicooooo!”
Miguel Frasquilho (incrédulo) - “ Eh, pá! Se eu soubesse que eras médico já te tinha manifestado o meu apoio. É que eu sou um bocado hipocondríaco, como o Malato...”
Luís Filipe Menezes ( apaziguador)- Pronto, está bem, quando precisares de alguma coisa telefona.
Paula Teixeira da Cruz (assertiva) - “Vocês os dois aí a cochichar não devem andar a tramar coisa boa... Já estão a engendrar alguma forma de atacar o Governo por ter desistido da Ota e agora escolher Alcochete”?
Luís Filipe Menezes ( radiante) – “Boa, Paula! Acabas de me dar uma excelente ideia para eu achincalhar o Marques Mendes”
Duas horas depois, aos microfones da SIC Notícias denunciava:
Ainda hoje tivemos uma prova de que o dr.Marques Mendes está completamente desfasado da realidade portuguesa! Falou do aeroporto da Ota, esquecendo que o Governo já abandonou essa ideia peregrina, e que agora defende a construção do novo aeroporto em Alcochete. O PSD precisa de um líder actualizado e actuante, como eu prometo ser. É preciso denunciar o Governo por esta decisão precipitada, sem bases sólidas! Um novo aeroporto, sim, mas primeiro é preciso fazer estudos para verificar se a melhor localização não será, por exemplo, em Setúbal!”
( Fonte normalmente bem informada - Luís Filipe Vieira- asegurou-me que se espera para hoje um número indeterminado de deserções de élites no PSD)

ELVIS- "A tribute to the King"

Assinalam-se hoje os 30 anos da morte de Elvis Presley. Ídolo de uma geração, a sua vida gerou tanta polémica quanto a sua morte - que muitos ainda hoje se recusam a admitir. Nunca fui um fã incondicional de Elvis, embora lhe reconheça um indesmentível talento. Elvis foi - e é ainda hoje, graças a um marketing engenhoso-um fenómeno de vendas.
Tem 3 estrelas no "Hall of Fame" e uma legião de fãs que o idolatram e alimentam o mito.
Uma autêntica máquina de fazer dinheiro.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

60 anos da fundação do Paquistão

Há 60 anos o Paquistão vive como nação independente. Fruto de um penoso processo histórico o país resultou da concessão de independência à India, a pérola da Commonwealth, e da partição da Índia entre a maioria hindu e a minoria muculmana. Tratou-se de uma decisão dolorosa ainda hoje questionável mas permitiu minimizar a violência étnica e religiosa que seguiu à concessão de independência à India e a guerra civil que se lhe seguiu. Mas ela traduziu-se na divisão de famílias a meio e no isolamento e perseguição dos indianos de obediência muculmana que não conseguiram seguir o movimento de deslocação para o noroeste.
Arregimentados para diferentes blocos geoestratégicos durante a guerra-fria, India e Paquistão procuram hoje construir um diálogo que os ponha a coberta das sementes de guerra e ódio que uma vez os lançou na guerra. Um diálogo minado por desconfiança mútua, ódio racial e étnico, por uma enorme pobreza na periferia dos centros urbanos e pela barbaridade do terrorismo.
Conheço bem a India, um país extraordinário, mas nunca visitei o Paquistão. Estive em Jaisalmer a pouco menos de 100 km de Lahore. Mas gostaria de lá ir.
Sobre a história de 60 anos como nação, Moshin Hamid, no New York Times, aqui.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Uma tentativa de assassinato político

No Tribuna de Macau
[...] O Governo assegura que Edmund Ho não detém nenhuma participação indirecta na STDM e na Shun Tak, ao contrário do que noticiou ontem o “South China Morning Post”. Para isso, o governante e os seus advogados estão a tentar localizar a documentação que oficializa uma transferência de acções da Many Town para o irmão
A notícia “caiu” de forma surpreendente: a edição de ontem do jornal de Hong Kong “South China Morning Post” (SCMP) publicava uma história sobre uma alegada participação empresarial indirecta do Chefe do Executivo, Edmund Ho, na Sociedade de Diversões e Turismo de Macau e na Shun Tak, ambas controladas por Stanley Ho. Tal constituiria um claro conflito de interesses. Com a poeira a assentar, começa a ser possível traçar algumas explicações a um cenário que não está completamente esclarecido. Lateralmente, volta a estar sob fogo o regime de declaração de rendimentos e interesses patrimoniais dos titulares de cargos públicos da RAEM
[...]
Escrevo amanhã no JTM sobre as razões desta tentativa de assassinato político que em Macau não é original. Há 20 anos Carlos Melancia, hoje Ho Hau Wa. Os propósitos os mesmos: chacana política e jogo de interesses. A magnitude dos interesses que se jogam com o jogo e a liderança política do território são imensos. E as leituras várias.

A propósito da polémica

Não alimento mais a polémica com o meu amigo Carlos Oliveira a propósito de Zita Seabra cujos termos considero esgotados e os argumentos esclarecidos. Sabendo-o um homem de esquerda [coisa que não sou] estranho a sua extraordinária capacidade de tolerância e compreensão relativamente aos apetites totalitários que vêm desse lado do espectro político. Porque é um homem de valores e porque partilho com ele alguns dos que considero os princípios fundamentais da sociedade livre, plural e democrática em que vivemos. Apesar de todas as dificuldades e erros. Nunca me esqueço da Fonte Luminosa e do contributo do PS para estancar essa hemorragia da conversão democrática. Não confio nos comunistas. Aliás por viver aqui numa situação muito especial dentro de um estado comunista ainda menos ilusões tenho. Nem confio em dogmas.

Turquia, um pouco mais do mesmo?

Abdullah Gul, membro do partido islâmico turco [AKP] e actual ministro dos negócios estrangeiros da Turquia força a sua candidatura à presidência da república cuja primeira volta terá lugar dentro de semanas. Em Abril passado Gul fracassou no seu intento de se fazer eleger presidente, já que maioria no parlamento bloqueou a sua eleição acusando-o de querer islamizar a sociedade laica turca. Milhões de turcos desceram à rua para afirmar a sua lealdade ao estado laico. Gul faz a mulher usar véu islâmico em cerimónias oficiais, o que é considerado uma afronta aos valores de tolerância religiosa do estado. Os acontecimentos levaram à publicação de um comunicado pelo exército anunciando que interviria militarmente em caso do governo não respeitar o princípio da laicidade.

É curioso como associamos, commumente, a intervenção do exército na vida pública a putchs militares contra as liberdades e na Turquia [como na Tailândia, aliás] esta tem um sentido inverso de reposição da normalidade democrática.

Rapidinhas 28- Importa-se de repetir?




Não me considero preconceituoso nem antiquado. Um pouco careta, de quando em vez? Concedo...
Talvez por isso tenha ficado enxofrado quando hoje, ao passar numa loja de lingerie de um centro comercial em Lisboa deparei com este cartaz na montra:“Seja moderna, seja atrevida, torne o seu bumbum mais apetitoso”. Como diria o outro: “E pode?”

Zita Seabra- ponto final...parágrafo?

Pese embora considerar que comparar Mónica com Zita me faz sempre recordar a regra elementar que o meu professor primário me ensinou (“ nunca se pode multiplicar laranjas por bananas”), achei interessante o texto que o Arnaldo Gonçalves introduziu aqui em baixo- e gostei das suas notas pessoais sobre o assunto.
Eu não faço comparações, por uma simples razão: conheci Zita em criança ( chamemo-nos assim) e só conheci (muito vagamente...) Mónica, no início dos anos 80, quando ambos tínhamos atingido a idade madura.
Obviamente que reconheço a coragem de Zita – e longe de mim criticar as pessoas que ao longo da vida vão mudando a sua postura ideológica. Mas também reconheço a coragem de Mónica ...talvez mais prazeirosa e irreverente , mas que á época também tinha os seus custos!

Só que no caso de Zita, encontro apenas um senão. Quando uma pessoa dedicou os melhores anos da sua vida à defesa de determinados princípios e causas, não é normal que anos mais tarde, quando as cãs lhe conferem maior respeitabilidade e reverência, venha “renegar” o passado através de um livro que mais parece um acto de contricção. Quando isso acontece é porque há alguma motivação. Seja económica ou de busca de uma notoriedade perdida.
Sem conseguir resistir à tentação de entrar em modelos comparativos ( não entre personagens, mas entre produtos enquanto reveladores das personalidades de quem os utiliza ou produz) o livro de Zita Seabra faz-me lembrar o de Carolina Salagado. Parece-me mais um “ajuste de contas”, do que uma reflexão séria e "desinteressada"sobre o PCP.
Tanto quanto sei, Zita Seabra não foi obrigada a entrar para o Partido Comunista ( houve mesmo alguma resistência na sua admissão) , nem impedida de sair quando entendesse fazê-lo. Talvez o tenha feito demasiado tarde e esteja arrependida por isso. Talvez só agora se tenha apercebido da dimensão da sua escolha de adolescente e dos custos que uma permanência tão prolongada no Partido Comunista lhe acarretaram. Confere-lhe essa mágoa o direito ( ou será antes um ónus?) de vir publicamente “lavar roupa suja”?
As pessoas enobrecem-se mais pelo silêncio, do que pela palavra. Pela simples razão de que o silêncio todos o sabemos usar, mas as palavras são como armas... devem ser coadas pela razão - e não jorrar em vómitos de emoções - , para evitar que se tornem armas de arremesso com efeito “boomerang”.
São estes pequenos pormenores que distinguem, por exemplo, Zita do meu bom amigo João Amaral que, embora bastante descontente com o PCP, teve a “CORAGEM” de manter o silêncio até à morte...
Os cânones que regeram a sua vida fizeram dele uma pessoa admirada em todos os quadrantes políticos, incluindo figuras destacadas do CDS.
Por isso me perdoarás, meu caro Arnaldo Gonçalves, mas não alinho contigo quando falas na “conversão” de Zita ( e dos comunistas em geral). As ideologias aceitam-se e renegam-se, não são ( felizmente...) conversíveis. Mantenho esta posição, apesar de reconhecer que a única ideologia que hoje parece existir no mundo ocidental é a da adoração aos princípios do “sacrossanto” mercado.
Rezam outros cânones, que Nossa Senhora terá anunciado aos “pastorinhos” a conversão da Rússia. Terá Zita querido precisamente simbolizar a revelação de Fátima, ao pretender ser baptizada? Talvez... mas cá para mim continuo a pensar que o estatuto que melhor se adequa a Zita Seabra é o de “arrependida”. Com a carga jurídica que a palavra comporta, como é óbvio, mas não só....

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Porque Zita não é Mónica

Lido noutro lado
[...] Além do mais, ser comunista requeria coragem. Por isso é que, nesses tempos, Freitas e Júdice não eram sequer socialistas. É dessa coragem que Zita Seabra nos dá conta. Esse é um dos pontos de interesse do seu livro. A história de uma adolescente da alta burguesia que adere ao Partido e vive uma clandestinidade perigosa e é uma história de idealismo e coragem. Zita foi corajosa. Ninguém pode apagar esse facto. Neste particular, e como documento histórico, as memórias de Zita Seabra podem ser comparadas com as de Maria Filomena Mónica, curiosamente publicadas pela mesma editora e que é dirigida por Zita. Mónica era uma menina bem, casada com um Pinto Coelho, com conhecimentos na sociedade lisboeta, não renunciou a nada, viveu de cunhas e favores, foi bolseira da Gulbenkian, andava de Porsche nas vésperas da revolução, beneficiou de cunhas dos amigos, tinha amigos com diminutivos como Micuxa e apelidos Galvão Teles, fez carreira cómoda e confortável. Maria Filomena Mónica confessa que, no Verão de 1974, a sua preocupação era a redacção da sua tese, tendo obtido o estatuto de bolseira e sendo dispensada da docência! Nesses tempos, confessa, apesar da agitação que se vivia, a senhora estava preocupada com a sua tese! Não lhe retiro nenhum valor intelectual e académico, tem trabalhos que muito aprecio, mas há uma verdade iniludível que me escuso de anunciar porque assoma refulgentíssima quando se lêem os dois livros. Basta lê-los e contrastá-los.
Este é um dos pontos interessantíssimos das memórias de Zita. Zita abandonou os estudos e passou à clandestinidade, não andou pelo campus de Oxford, não recorreu a cunhas nem a compadrios, entrou na clandestinidade, abdicando dos confortos da vida burguesa e dos benefícios de um futuro burguês, largando mesmo as lições de ballet. Zita não é Mónica. Não digo que seja melhor nem pior, não aceito sequer que haja qualquer superioridade moral, noto é um contraste, noto um comprometimento não assumido por parte da elite burguesa com o antigo regime marcelista e isso ajuda a explicar o prolongar agónico do regime. Por outras palavras, a ascensão burguesa verificada a partir da década de 60, consentida pelos fantásticos níveis de crescimento económico, não era de molde a atrair este nível social para as dinâmicas de mudança. Tanto mais quanto o inconveniente se evitava com a cunha (como a guerra ou a prisão do filho na crise académica), o privilégio se adquiria com a cunha (como a bolsa, a viagem aos estrangeiro, o emprego num ministério) e tudo o mais vinha com o optimismo dos sixties e com os ritmos de crescimento.

Algumas notas pessoais a um caso recente da "política à portuguesa" que causou alguma divergência de pontos de vista na tripulação deste blog, plural e portanto enriquecedor. Considero o caso Zita Seabra exemplar para a percepção de um dos mitos romanescos da revolução portuguesa: a conversão dos comunistas ao ideal democrático e o seu comprometimento com a libertação das sequelas do regime autoritário finito em 25 de Abril de 1974. Duas coisas que são uma impossibilidade lógica, já que nem nunca os comunistas estiveram sintonizados com os ideais da democracia "burguesa", nem nunca quiseram expurgar o regime democrático das sequelas do regime autoritário. Bem pelo contrário como prova uma extensa historiografia contemporânea [António Barreto, António Costa Pinto, Kenneth Maxwell, José Magone, Victor Perez-Dias] quiseram tomar de assalto o aparelho corporativo do estado salazarista para se apropriarem da sua direcção como preparação de um golpe comunista. O combate do PS e a formação da UGT têm exactamente a ver com a necessidade de bloquear o avanço comunista para o aparelho de estado, tendo arregimentados, à sua volta pessoas, e forças políticas que nada tinham a ver com o PS, mas percebiam a natureza totalitária e golpista dos apaniguados de Cunhal.
Zita escreve e conta de dentro a acção dos comunistas partidários da União Soviética e cava fundo nalguns mitos associados ao ideário comunista como a luta pela liberdade e o estabelecimento de um governo representativo. E revela por dentro a natureza despersonalizante da educação comunista, a lógica de seita que prevalecia, premiando fiéis e denunciantes e exorcizando os que discordavam ou criticavam o Querido Lider.
Privei com alguns dos companheiros de route de Zita Seabra, antes e depois do 25 de Abril, na faculdade de direito de Lisboa [onde estudava quando o 25 de Abril estourou] e nunca me confundi quanto às suas convicções autoritárias, à falácia do socialismo real e à natureza torcionária da pátria do socialismo: a União Soviética. Usávamos, então, uma qualificação para os designarmos - social-fascistas - isto é, gente que apregoava o socialismo, a igualdade e a liberdade nas palavras mas que queria instituir [na prática] um regime ditatorial de aparente sentido contrário, sem liberdades fundamentais, com uma verdade única, um partido único, um estado monopolista e uma corte de apaniguados a quem eram dados privilégios indisponíveis para o comum dos mortais. A queda do Muro do Berlim veio mostrar que isso era não só realidade mas uma pequena parte da realidade. Jornais alemães davam nota - esta semana - de instruções do governo para os guardas fronteiriços da RDA de atirarem a matar a quem se atravesse a passar o muro para o lado ocidental.
O único equívoco que entronizei era que esta prática política era um "desvio" em relação aos ideais puros e nobres do marxismo-leninismo e que seria possível, partindo de uma crítica de esquerda, limpá-lo dessas deturpações e desvios. Tratava-se - vim a perceber mais tarde - de uma mistificação, uma vez que os estigmas que criticava - o autoritarismo, o golpismo, a despersonalização, o nepotismo, a intolerância - radicavam na verdadeira fonte da doutrina e não eram uma sua excrecência. Vi-o do ponto de vista do maoismo, então o irmão desavindo da família comunista, sem perceber na altura que os estigmas eram os mesmos e as ameaças a uma democratização efectiva da sociedade portuguesa da mesma natureza, embora pelo carácter microscópico dos grupos maoistas, insignificantes. Mas deu para perceber em fenómenos similares de despersonalização, de espírito de seita, da obsessão da superioridade do partido sobre a vida individual, da perseguição e humilhação dos que titubeavam perante o dogma - que se tratavam de fenómenos miméticos e muito perigosos.
Consta das minhas próximas leituras o livro Conquistadores de Alma de José Pinto de Sá, meu antigo companheiro na extrema-esquerda maoista, publicado pela Guerra e Paz. Recomendo-o vivamente aos leitores, porque dará uma outra face desta história. Uma história que se confunde hoje pela bruma do tempo, minimizando-se ameaças, esquecendo traições, e minimizando os perigos que a democracia portuguesa passou numa fase muito difícil do seu percurso. Valhou-nos o 25 de Novembro e a visão de homens sábios e prudentes.
Abandononei as fileiras comunistas em 1976, ao perceber que nada tinha a ver com aquilo. Nada me liga aos neo-conservadores mas acho importante e actuante uma posição de princípio de dismistificação do comunismo como ideologia e movimento político. Hannah Arendt mostrou em As Origens do Totalitarismo a natutreza dual do fenómeno e os gémeos políticos que foram Hitler e Estaline. Por isso é louvável - a benefício da memória colectiva - o exercício de Zita Seabra. Quanto aos que mudaram de partido talvez devessem interrogar o Dr. Mário Soares ou o Dr. Manuel Alegre sobre a respectiva "deserção" do partido comunista. Ajudava a dar alguma equidistância.

Reportagens imaginárias 3- Miguel Torga

Fonte normalmente bem informada ( Luís Filipe Vieira) confidenciou-me que o Governo de Sócrates chegou a equacionar a hipótese de se fazer representar ontem, em Coimbra, na cerimónia evocativa do centenário de Miguel Torga, mas “questões de agenda” e algumas dúvidas acerca da “identidade” do autor de “Os Bichos” impediram a presença de qualquer membro do Executivo - que acabou por se fazer representar pelo delegado da Cultura na capital do Mondego.
Depois de ter visionado a reunião do Conselho de Ministros ( realizada por video-conferência) cujo “tape” me foi fornecido pela minha fonte, estou em condições de divulgar aos visitantes do Além do Bojador alguns dos diálogos aí travados:

Sócrates ( na piscina do Pine Cliff)-Então quem vai a Coimbra ao Centenário do Torga?”
Manuel Pinho ( exibindo uma sardinha no festival da especialidade em Portimão) –“ Eu posso ir lá , sempre aproveito para andar um bocado nas auto estradas a 220, com o meu Ferrari. Mas tens que me dizer qual era a empresa do gajo, para eu não armar barraca e começar a trocar tudo...”
Silva Pereira (na esplanada do Gigi na praia do Ancão)- “Eh pá! O gajo era escritor e fazia uns biscates em Medicina, não era empresário!”
Manuel Pinho- “Ah então passo! Fico aqui a comer mais umas sardinhas que estão divinais!”
Sócrates – “Não queres ir tu, Teixeira dos Santos?”
Teixeira dos Santos ( numa esplanada em Moledo)- “Eh pá, não me convém nada! Estou aqui a fazer contas para ver se consigo descer o défice. Além disso o gajo não é banqueiro, portanto não é do meu pelouro...”
Augusto Santos Silva ( algures, com uma vassoura, varrendo jornais para a sarjeta).“ Vocês já sabem que eu considero a cultura uma coisa de esquerda. Portanto, se querem saber a minha opinião, o Governo deve seguir a minha coerência e não se deve fazer representar em cerimónias que nada têm a ver com a nossa política.”
Sócrates- “Eh pá, mas não foram frases desse gajo que tu me deste para eu citar durante a campanha eleitoral? Se o Governo não estiver presente, que é que a imprensa vai dizer?”
Augusto Santos Silva- “Ora, ora! Durante a campanha eleitoral nós éramos de esquerda, mas isso já lá vai... Pronto, mas se insistes, então que vá a Isabel”.
Sócrates- "É verdade, pá, já me tinha esquecido que ela é que é a Ministra da Cultura e se calhar para uma coisa destas é a pessoa indicada”.
Isabel Pires de Lima ( numa pausa de “trekking” no Gerês , fazendo-se desentendida)- “Ouvi para aí alguém falar no meu nome...”
Silva Pereira ( impaciente)- “Bolas, estás sempre distraída! Tens de ir amanhã a Coimbra à cerimónia do centenário do Torga...”
Isabel Pires de Lima - ( desafiante) “Amanhã? Isso é que era bom! Achas que ia estragar o meu fim de semana para ir a Coimbra? E ainda por cima tinha de gramar aquele enjoado do Encarnação que está sempre com ar de hepatite mal curada! Mando lá o delegado que é para isso que eles servem...”
Sócrates ( suspirando) “ Está encerrada a reunião de hoje. Ó Silva Pereira! Não te esqueças de escrever na acta que a Ministra da Cultura não esteve presente por questões de agenda. Afinal, podiam ter avisado há mais tempo que o Torga fazia cem anos amanhã. Tenho que telefonar ao Zorrinho para aperfeiçoar este ponto do Plano Tecnlógico.Ai, ai!”

Rapidinhas 27- A convertida(zita)

Zita Seabra – a comunista arrependida que se transformou num ícone da direita – foi baptizada a semana passada. Consta que o seu primeiro acto após ser ungida com o divino Sacramento, foi escrever a primeira página do seu próximo livro. Será a segunda parte de "Foi assim" , onde a inefável Zita derramará, no seu verrinoso discurso, as atrocidades a que será sujeita pela Igreja Católica após a sua conversão. Entretanto, fonte normalmente bem informada ( Luis Filipe Vieira) confidenciou-me que Zita Seabra já terá pedido ao reputado psiquiatra Carlos Amaral Dias que escreva um livro ( a ser publicado pela sua editora- a Altheia) onde analise a sua ziguezagueante personalidade ( a de Zita, obviamente). Entretanto , a mesma fonte assegurou-me que Zita pondera a sua adesão ao Partido da Nova Democracia. O problema, é que a ex- comunista não sabe se terá oportunidade de escrever o 3º volume da série “Foi assim” onde contará a todo o mundo as vicissitudes porque passou no PSD desde que Santana Lopes começou a “andar por aí”.

domingo, 12 de agosto de 2007

Maddie e o jogo da obnubilação

Cent jours après la disparition de "Maddie", l'enquête est à un tournant
Ces jours-ci, cette affaire ressemble à une version portugaise et tragique du Mystère de la chambre jaune : comment Madeleine McCann, gamine anglaise de quatre ans, a-t-elle disparu dans la soirée du 3 mai, de sa chambre du complexe hôtelier Ocean Club de Praia da Luz ? C'était il y a cent jours, jour pour jour. Depuis, malgré un premier suspect et des pistes multiples explorées, les enquêteurs ne sont toujours pas parvenus à résoudre l'énigme de la station balnéaire du sud du Portugal. Mais no Le Monde de 11 de Agosto

Desconfio que o caso Maddie, seja qual for o seu desenlace, dará dentro de alguns anos um excelente tema de doutoramento sobre o jogo aliciante da manipulação da notícia e a relação dos media com os reality shows. Não os ficcionados, os da vida real. Porque o caso ultrapassou as fronteiras do burgo e é tema dos principais jornais pela Europa fora. O tema subjacente - a pedofilia- é um tema que vende bem e aguça a curiosidade dos mirones, da mesma forma que o desastre que acontece na curva seguinte da estrada. E ele tem sido insinuado, de uma forma abusiva, para manter o fogacho da investigação, independentemente de nada na prova que se percebe reunida apontar nesse sentido. A tentativa da investigação situar os pressupostos do crime no contexto das relações familiares dos McCann foi recebida, por isso, com um bruá de horror por parte destes, e da imprensa internacional vista com uma tentativa da Polícia Judiciária portuguesa desvalorizar as implicações mais alargadas do caso. Aliás, bem vistas as coisas a Polícia na imaginação prodigiosa dos mirones e dos fabricantes de notícias é sempre a má da fita. E portuguesa ainda mais.Mas as notícias alimentam-se desta roupagem de mistério e contradições. E os jornais precisam de vender-se. De nada interessa que as prometidas revelações se afunilem em mistificações. É preciso é que "pareçam" realidade. Porque o público come tudo o que se lhe servir com escândalo e estridência à mistura.


Talking to Musharraf before it's too late

Pakistan's military dictator has worked himself and his friends into a tight corner. The country's geographic location, adjoining Afghanistan, Iran, India and China, makes it one of America's most important allies.
Musharraf's reckless political trajectory is turning him into one of the Bush administration's most dangerous partners.
More than early-morning crisis management will be needed to keep this very difficult situation from turning drastically worse. After eight years of authoritarianism and broken promises, Musharraf has forfeited the support he once enjoyed among ordinary Pakistanis, educated professionals and even fellow military officers.
More ---International Herald Tribune

Ending Zimbabwe's horrors

No one is surprised when a Roman Catholic bishop condemns the violence of war. But when was the last time you heard of one pleading for a military invasion?
Zimbabwe's leading cleric has been doing just that in recent weeks, imploring Great Britain to invade its former colony and oust Robert Mugabe, the dictator whose brutal misrule has reduced a once-flourishing country to starvation, and death.

Jeff Jacoby no International Heral Tribune, aqui.

Karzai - a paciência esgotar-se

Depois e vários anos duros em que o Afeganistão se procura libertar do peso asfixiante do passado recente da opressão taliban, a paciência dos afegãos com o seu presidente Hamid Karzai está a chegar ao fim. Com a resurgência taliban nas montanhas nas cercanias de Cabul e uma nova onda de raptos, e ataques suicidas, os afegãos têm demonstrado o seu descontentamento com a liderança de Karzai. Mas em vez de mudar de curso, Karzai prefere culpar os outros: Musharaf e o Paquistão, a missão das Nações Unidas e o comando norte-americano. A emergência taliban e da Al Qaeda procura preencher um vácuo de poder dada a ineptidão do governo de Karzai para responder às exigências de segurança e tranquilidade dos seus concidadãos. Até onde pode a comunidade internacional segurar Hamid Karzai é a questão que se coloca.

A saga dos missionários cristãos

Alguns números:

  • 126 missionários cristãos mortos desde 1999 [por todo o mundo]
  • 25 missionários cristãos assassinados na Colombia desde 1999
  • 16.600 missionários coreanos em acção de missionarização pelo mundo [173 países] desde 2006
  • 173.000 - número estimado de cristãos mortos pelas suas convicções religiosas, por todo o mundo, no ano de 2006

Restoring America's Reputation

[...] In order for America to regain its lost prestige and fundanmental values, we need dedicated men and women willing to cherish the concepts of the Founding Fathers. Americans hava a moral and a practical obligation to stand behind a commitment to human rights, fair laws, justice and equality for all. But this is not the case today, as President Bush has been empowered to blindly pursue ths desastrous policies. Tiwcw he's been given the green light, and we know how bitter the aftermath's been. What happened to the political and ethical principles to which the Founding Fathers were dedicated - principles that were believed to be of universal applicability? Why have these been discarded by Bush? Look at the mess in which the United States is flundering now. The world is watching to see if the the greatest democracy in the world can get back on track again. How long will it take for America to return to the first seeds it sowed and regain its credibility?


Carta de um leitor a propósito do artigo "After Bush" (11 de Junho) de Fareed Zakaria na Newsweek International