Gosto deste homem..
ainda quando às vezes discorde, estrondosamente, do que escreve. Aprendi, aprendi muito, na forma como escreve e sente as questões públicas, sociais e humanas, e que influi, decisivamente, na minha escrita nestes quinze anos de comentário político nos jornais.
Fui criado como ateu e nunca tive a experiência de perder fé porque nunca tive fé. Nasci numa família revolucionária, que deixou de ser revolucionária antes de eu chegar à idade adulta. Não tive fé na revolução e também não perdi a fé na revolução. Não passei pela experiência de quase todos os meus contemporâneos, que perderam a fé em deus e na revolução. Fui sempre uma pessoa sem fé. Não tenho pinga de marxismo nem de catolicismo. As duas coisas estão ligadas. Muita gente começou pelo catolicismo e mudou para o marxismo e viceversa. Sou um ateu. Agnóstico é uma palavra que hoje não quer dizer nada.
Vasco Pulido Valente ao Diário Económico, 17.08.2007