quarta-feira, 6 de junho de 2007

Putin e o efeito Escorpião

A Europa depende em grande parte de fontes energéticas russas e terá muito a perder se não conseguir uma posição conciliadora e, sobretudo, se não souber calar os novos membros vindos do Leste. Putin já demonstrou ser capaz de, num acto de afirmação ou desespero, lançar mão dos trunfos que tem a seu favor. E se o fizer ( nem precisa de recorrer a ameaças bélicas, basta-lhe cortar a torneira do gás natural...) será o descalabro para uma Europa ainda a lamber as feridas da recente recessão económica.
Está na altura de a Europa se definir e perceber que a construção de uma paz duradoura possibilitada pela CEE, poderá estar ameaçada por divergências no interior da UE. A Europa não pode estar dependente dos arrufos de Putin, mas também não pode dar guarida aos maus humores de uns quantos ressabiados que acolheu precipitadamente.
A subserviência aos EUA de alguns dos novos Estados-membros deve-se, em grande parte, ao facto de esperarem que os americanos venham em sua defesa quando Putin se irritar. E isso quer dizer que não confiam na Europa e por isso não a respeitam.
A Europa devia ter sido mais cuidadosa antes de integrar no seu seio países que não têm qualquer sentimento europeu e apenas vêem na sua integração a vantagem de receber os Fundos Estruturais. Além disso alguns desses países destilam ódio aos russos e já por mais de uma vez demonstraram que se estão nas tintas para a posição da UE, quando em causa está o País que durante décadas os subjugou. Sentindo-se protegidos pelo “chapéu” americano tomam atitudes revanchistas próprias de adolescentes mal educados e põem em causa a própria democracia interna da UE ( os gémeos polacos que governam a Polónia são o exemplo mais acabado de anti-democracia vivida no seio da União, sem que ninguém ouse mandá-los calar).
Esperemos TODOS, que a Europa saiba lidar de forma hábil com esta crise de crescimento. Porque a Leste, um homem de gelo moldado na personalidade pelo KGB, estará disposto a imitar o Escorpião quando se sentir demasiado acossado.