domingo, 18 de março de 2007

Um CDS entre facções e golpes de opereta

O escaldante conselho nacional do CDS-PP deste fim-de-semana revela um partido desmembrado dividido entre duas facções que jogam o tudo ou nada. O clamor de acusações e insultas lembra outros tempos na vida política portuguesa não só no CDS, mas também no PSD ou PP. É provavelmente uma questão de temperamento mas a luta política em Portugal joga com as paixões mais que a racionalidade.
O busílis resume-se em duas palavras. O Dr. Paulo Portas - ávido leitor dos clássicos - tendo abandonado a liderança do partido na sequência da derrota do centro-direita, há dois anos, quer regressar à liderança, volatilizando pelo caminho a actual direcção centrista.
E não o quer fazer de qualquer maneira mas da forma como os antigos generais romanos ambicionavam regressar a Roma depois de anos de campanhas gloriosas na Gália, na Ásia Menor ou na Ibéria: recebidos em parada triunfal às portas de Roma, sob a chuva dos aplausos e dos gritos da multidão, em quadriga puxada por corcéis brancos e usando na cabeça a coroa de louro dos heróis romanos. Algo que nos tempos antigos antigos era reservado aos Cônsules romanos, a mais importante função na administração romana.
Para isso não tem hesitado em denegrir a imagem do actual lider [o episódio da acusação de em 1985 ter rasgado o cartão de militante é disso exemplo] e pôr a lider do conselho nacional Maria José Nogueira Pinto a ridículo.
Todos os métodos justificam a apetência do Dr Paulo Portas pelo dramalhão a que meteu ombros, ainda que ele se traduza - muito provavelmente - na cisão da aula histórica do CDS-PP.
As directas são apenas o pretexto para a chacota em que teima - aparentemente - em viver atolado.
Terá a direcção do partido percebido que não se pode render desta forma aos repentes do antigo lider e irá forçá-lo ao que tudo indica a ir a Congresso para clarificar o jogo das forças, ou no código partidário dar a voz aos militantes.
O [desfecho] do congresso está definido à partida mas se percebo a estratégia de Ribeiro e Castro será esse o momento para lavrar o seu testamento político e pôr a nu a "ugly face" do lider popularucho dos populares.