sexta-feira, 20 de julho de 2007

A tristeza de Lula

Lula da Silva foi vaiado durante a cerimónia de abertura dos Jogos Pan Americanos e - confessou num programa da rádio- sentiu-se triste.
O Presidente brasileiro foi cauteloso no uso das palavras. Não disse que se sentiu traído, porque sabe que os milhares que enchiam o Estádio no Rio de Janeiro, impedindo-o de declarar oficialmente a abertura dos Jogos, não pertenciam ao Povo que ele está a ajudar a sair da miséria. Pelo contrário, eram na sua esmagadora maioria elementos das castas privilegiadas do Brasil que têm vivido à custa da exploração do povo brasileiro e não toleram que um sindicalista com todo um passado de luta pelos direitos dos mais desfavorecidos esteja- agora como Presidente- a pôr em causa os seus privilégios.
Lula disse que está triste. Não disse que estava revoltado, porque não quis extravasar esse sentimento para os milhões que o apoiam e lhe estão gratos pela "cesta básica" e pelas melhors condições de vida que lhes está a proporcionar.
Lula deu mais uma lição de humildade no Rio de Janeiro, ao desvalorizar as vaias e o facto de terem sido organizadas por um grupo de gente “que não o queria lá”. E teve a lhaneza de não agir como Chavez que, para evitar vaias na abertura da Copa América, distribuiu os bilhetes pelos seus correligionários. Lula preferiu enfrentar o inimigo e oferecer-lhe a outra face. O acto de coragem poder-lhe-á ter custado lágrimas amargas, mas enobreceu-o e cativou “um certo” Brasil que a maioria dos portugueses desconhece.