O "bouclier" anti-missel da NATO e o Sr. Putin
Condoleezza Rice está em Moscovo a procurar serenar Vladimir Putin sobre as intenções norte-americanas e a projecção do dispositivo da Aliança Atlântica para Leste. O "atacante" previsível é o Irão mas ninguém tira da cabeça dos russos e dos observadores que Moscovo é ficcionado entre os possíveis atacantes futuros. Há uma diálise aqui: americanos e europeus funcionam no quadro das ameaças pós-Guerra Fria; Putin do quadro da arrumação de poderes na Guerra fria.
Outro dia dei comigo a pensar: há algo claramente brejneviano na conduta política do inquilino do Kremlin. Até pela sua educação política e estratégica como quadro do KGB, Putin acredita numa Europa com esferas de influência condicionadas pela projecção do poder específico. Mas existe no seu raciocínio um hiato. A Rússia perdeu o lugar ao estrelato de superpotência mais por culpa própria do que por vantagem do adversário. É uma potência nuclear, é uma economia de mercado algo caótica, apesar das taxas de crescimento que tem atingido nos últimos anos. Mas é ainda um poder industrial no sentido da velha ordem dos pactos militares [que já feneceu]. A economia dos serviços faz o seu caminho, tentativamente, mas os senhores do Kremlin jogam ainda nos velhos paradigmas e na cansada lógica da influência. A fronteira leste da União Europeia está hoje na Bielorússina e na Ucrânia não na república checa.
Pena que não tenhamos um politico europeu com "eles no sítio" para o explicar ao Sr. Putin. Terá que ser a Dra Rice a fazer as despesas da conversa. Ela tem duas vantagens pela sua parte: fala fluentemente russo e conhece a política soviética como as suas mãos. Nós [europeus] temos um Sr. PESC que há quase três anos faz figura de idiota e uma comissária de relações externas que ninguém conhece pelo nome.