terça-feira, 10 de julho de 2007

O debate capital

O debate organizado pela RTP com os candidatos à Câmara Municipal de Lisboa foi- como se esperava- morno e desinteressante, não tendo servido para captar muitos votos dos indecisos, como todos os candidatos desejavam. Presumo mesmo, que alguns dos candidatos vão sofrer grandes banhadas. A minha apreciação individual:
Começando pelos pequeninos, Pinto Coelho ( o do cartaz contra os imigrantes) mostrou não ter uma única ideia para Lisboa, mas garantiu os objectivos da sua candidatura: aparecer na televisão e poder incluir no curriculo a candidatura à CML.
Câmara Pereira pode ser ainda um bom fadista, mas a política passa-lhe definitivamente ao lado. É , como PC, um candidato que se arrisca a ter menos votos do que o número de assinaturas que recolheu para se candidatar...
Pedro Quartim Graça é verde nas convicções, mas está também verde na política, ao contrário de Garcia Pereira que adquiriu uma tarimba que o torna indispensável a este tipo de debates, pois tem ideias firmes que expõe com clareza. Quanto a Manuel Monteiro, só lhe faltou dizer que pretendia a privatização da CML!
Passando à I Liga, Helena Roseta terá sido a que mais terá perdido com o debate. Pouco dotada para a oratória e pouco rodada em debates deste género afundou-se, embora se perceba que tem boas ideias. Já Telmo Correia, surpreendeu-me positivamente e pode ter ganho alguns votos graças à boa disposição evidenciada e a algumas ideias bem apresentadas. Sá Fernandes foi o que melhor geriu o seu tempo de antena, conseguindo passar a sua mensagem de forma incisiva, mas penso que irá ter um resultado desconcertante e não será eleito - o que considero uma injustiça, pois foi graças a ele que se descobriram os podres da autarquia lisboeta. Ruben de Carvalho esteve igual a si mesmo: tem uma ideia para a cidade, mas é cinzento na forma de passar a sua mensagem.
Negrão também esteve dentro dos parâmetros a que nos habituou. Inexpressivo, pouco à-vontade e inseguro. Faz-me lembrar um boneco de latex... que repete as ideias que alguém lhe cocchicchou, mas sem qualquer convicção do que está a dizer.
António Costa trocou o sorriso sarcástico do debate na SIC Notícias por uma postura mais convencional. Apresentou-se como vencedor antecipado, esplanando as suas ideias para Lisboa como um programa já elaborado pronto a ser aplicado a partir do dia 16. O excesso de confiança às vezes é fatal e não me admiraria se na noite de domingo a sua vitória se cifrassse numa percentagem aquém dos 30%. O que significará, obviamente, uma derrota.
Carmona Rodrigues – que irá em minha opinião ser a grande surpresa – esteve uns furos acima do que esperava. Calmo, a jogar em casa, piscou várias vezes o olho a Costa e nunca perdeu uma oportunidade para zurzir no candidato do PSD.
Em termos de picardias, porém, Fernando Negrão foi o grande vencedor. O que não é bom sinal, pois é uma postura própria de quem está em desespero.