segunda-feira, 9 de julho de 2007

Surpresa na Beira Baixa

Nos anos 70, durante três meses, reparti a minha vida entre Portalegre e Castelo Branco. Foi um tempo de desconforto que me deu constantemente a sensação de estar a viver no exílio. Depois disso passei por lá várias vezes, sempre de passagem, e invariavelmente senti a mesma sensação de vazio, mas há uns bons seis anos que nem sequer lá parava.
Há já alguns meses amigos- que comigo partilharam esse tempo- me recomendavam um fim de semana em Castelo Branco. Torci várias vezes o nariz a essas propostas mas este fim de semana, percorrendo o interior por estradas secundárias ( a forma ideal de conhecer bem este país e nos conseguirmos apaixonar por ele), desaguei ao fim da tarde de sábado na cidade de Amato Lusitano e... fiquei surpreendido!
Castelo Branco é, hoje em dia, uma cidade aprazível, limpa, moderna, com uma vida nocturna animada ( a ideia das Docas foi genial...) e templos gastronómicos de...babar!
A população da cidade rejuvenesceu e as tascas deram lugar a um conjunto de bares e esplanadas que nada ficam a dever ( salvaguardadas as devidas proporções...) a Lisboa ou Porto. A zona nova da cidade não será um exemplo de enquadramento paisagístico agradável à vista ( principalmente quando a observamos do Castelo...) mas o crescimento parece estar a ser feito de forma equilibrada, o que já não é mau. Além disso, há pequenos pormenores deliciosos de arquitectura urbana que não escapam aos mais atentos.
Ao que me disseram alguns albicastrenses, a nova imagem da cidade deve-se ao Presidente da Câmara, Joaquim Mourão, autarca que parece colher uma opinião favorável consensual. Confesso que nunca ouvira falar no seu nome, mas numa altura em que tanto se critica os autarcas, esta unanimidade de opiniões favoráveis é de realçar.
Não há, porém, bela sem senão. E a um visitante há coisas que não escapam e lançam alguma mácula sobre o trabalho do autarca albicastrense: a toponímia em placas minúsculas, a deficiente sinalização de trânsito, quer horizontal, quer vertical e a falta de sinalização informativa sobre os locais que pretendemos visitar, tornam a vida num inferno a qualquer turista.
Mas isso é pecha generalizada dos autarcas portugueses que frequentemente se esquecem que as cidades que governam são visitadas por turistas que precisam de ter informação visível para se poderem orientar.