ABORTO: Despenalizar ou liberalizar?
Esta tem sido a questão central do debate sobre o referendo ao aborto, um assunto que já deveria estar arrumado desde 1998. Mas não está, e o tom crescentemente acalorado com que partidários do "sim" e do "não" se estão a defrontar, tem permitido descortinar certas particularidades desta nossa democraciazinha. A postura de pessoas como João César das Neves, que defendeu a " penalização das mulheres que abortem, mesmo no caso de terem sido violadas", é bem demonstrativa de que existem ainda pensamentos trogloditas que são bem pagos para escrever nos jornais portugueses. Talvez seja por isso que cada vez se vendem menos...
Mais intrigante, porém, tem sido a postura de alguns deputados do PSD ( Marques Mendes incluído). Depois de no Parlamento terem votado favoravelmente a pergunta, vêm agora afirmar que é enganosa. Juro que não percebo! Será que os nossos deputados votam de olhos fechados, sem pensar, ou foram, coagidos por alguma entidade suprema? Acredito que esta postura não seja predicado exclusivo da bancada laranja e se estenda a todas as franjas do hemiciclo e, assim sendo, não abona nada a favor dos deputados eleitos. Justifica, porém, o aumento crescente da abstençaõ nos actos eleitorais e a razão por que os dois referendos anteriores não foram vinculativos.