quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Moderados na América Latina



Pergunta o meu bom amigo Arnaldo: "Não há centro moderado, neste continente"?

Não sendo em bom rigor centrista a senhora Michelle Bachelet, presidente do Chile, é da área do centro-esquerda e é tida como um bom exemplo de progressismo moderado na América Latina. Lula da Silva não me parece que seja também um populista ou um radical, estando igualmente a navegar nas áreas do centro-esquerda.
Mas quem se ajusta mais à categoria desejada pelo Arnaldo é mesmo Néstor Kirchner, presidente da Argentina que tem sido a face da recuperação do país das pampas.
Mas temos mais exemplos. Tabaré Vázquez, chefe de estado do Uruguai, é também tido como um homem da esquerda moderada.

Ou seja, se olharmos para o espectro político da América Latina chegamos à seguinte conclusão:

Governos de (centro) esquerda moderada - 8
Argentina
Brasil
Chile
Uruguai
Equador (Rafael Correa tem uma postura crítcia face aos EUA e defende mais intervenção do estado na economia, mas não considero que seja um populista)
Perú (Alan Garcia declara-se social-democrata)
Panamá
Costa Rica


Direita - 6
El Salvador
Colômbia
Paraguai
México
Honduras
República Dominicana


Esquerda "Populista" - 4
Venezuela
Bolívia
Nicarágua (Daniel Ortega declara-se agora um moderado, mas há que esperar para ver se poderemos inclui-lo no grupo do centro-esquerda moderada)
Cuba (neste caso mais que esquerda populista, trata-se de um governo não-democrático)

Olhando para a "big picture", o cenário não me desagrada de todo. Pelo menos o número de governo neoliberais pró-Wasignton Consensus diminuiu bastante e já não há os caudilhos da extrema direita que tanto mal fizeram à América Latina. Concluo por isso que os casos de Chávez, Fidel e Morales - sendo cada um diferente do outro -são a excepção. E há que reconhecer que a eleição de Evo Morales é interessante, por ser o primeiro "índio" a vencer umas eleições presidenciais. Quanto a Chávez, há muito folclore no seu discurso populista, mas de facto há vários aspectos muito preocupantes em termos de estado de direito e direitos liberdade e garantias. No caso de Cuba, julgo que não há muito a dizer...