quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

O que está em jogo em Hong Kong?

Chris Patten, sugeriu a realização de um debate franco sobre as visões políticas relativas ao sufrágio universal dos dois candidatos a chefe do Executivo da antig a colónia britânica.
Chris Patten salientou que a qualidade mais importante de um líder da cidade, para conseguir realizar o seu trabalho, "é desejar" ouvir as preocupações da população.
Não querendo abordar a temática da eleição do novo chefe do Executivo, manifestou-se convicto de que a cidade deve ter uma ideia clara sobre quando irá ser introduzido o sufrágio universal.
Os chefes do Governo em Hong Kong e em Macau são eleitos por um comité eleitoral representativo da sociedade, método contestado pela oposição democrática, que defende eleições por voto popular directo o mais cedo possível.
Referindo que nem a Lei Básica de Hong Kong nem a Declaração Conjunta sino-britânica estabelecem uma data para o sufrágio universal, Chris Patten recordou, contudo, que não está definida a metodologia de sufrágio para as eleições de 2008 para o Conselho Executivo nem de 2012 para o cargo de chefe do Executivo.


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Por vezes não é preciso dizer tudo para que se perceba. Sem dar palpites o antigo governador colonial de Hong Kong mostra os dados. Acordar nos procedimentos de eleição do próximo chefe do executivo, é o que ele sugere às forças políticas pro e anti-Pequim.

A democracia é um acordo constitucional elevado à dignidade constitucional sobre as regras do jogo da sociedade política; não um acordo sobre o seus fins [que podem ser vários].

O problema é que Pequim não larga mão destes últimos. Government by consent não faz parte da sua cartilha; nem John Locke das suas leituras. Prefere-lhe Confúcio ou Bodin.

Mas o debate fará bem à sociedade civil de Hong Kong. Devolver-lhe-á o brio de ser uma sociedade progressiva, competitiva e forte e olhar para a sua identidade. Apesar do Primeiro Sistema e das suas contrições. Donald Tsang - o inevitável vencedor, à partida - é o homem possível de transição. Culto, educado, manter-se-á fiel a Hong Kong, até onde a lealdade funcional a Pequim lho permitir. Alan Leong é um bom candidato da oposição liberal e democrata. Os arquitectos da Commonwealth e partidários da antiga colonização inglesa ficariam satisfeitos com ele. A administração de inspiração britânica funciona; a sociedade civil é forte e speaks loud and clear. Olhem para África e para a Ásia confuciana e islâmica: que mais exemplos há comparáveis a Hong Kong?