sábado, 10 de fevereiro de 2007

A idiotice feita jornalismo

(...) Na verdade, é impossível não perguntarmos o que diabo fazem tantas lojas chinesas em território português e quem sustenta e apoia estes comerciantes que resolvem vir para Portugal e para uma região de Portugal que está nos antípodas da sua sensibilidade, como o Alentejo. Quem sustenta e apoia estes imigrantes que não sabem falar português e que não são de Macau nem são sobras do império, e lhes diz para vir inundar zonas economicamente deprimidas com quinquilharia ambulante. A China, além de poluir a terra (e toda a gente sabe que já não se consegue respirar em Hong Kong), polui o mundo com o seu modelo de negócio. Talvez pudéssemos retribuir abrindo umas lojas de pastéis de bacalhau e galos de Barcelos na China, mas, até lá, somos inundados com óculos de ver ao perto, rosas artificiais, brinquedos, vestidos de poliéster, cabides, bugigangas, enfeites, paisagens amarelas e cor-de-rosa, sacos, tapetes, sapatos, altifalantes, relógios, colares, contas, cartas... e montras de entulho.(...)

As palavras são de Clara Ferreira Alves, esse monumento ao jornalismo de opinião que decora esse jornal importante que já foi que se chama Expresso. Revelam aquela apetência pelos processos sumários, enforcamentos e fuzilamentos que recheia a esquerda bem-pensante, partidária da democracia directa, critica dos desvios burgueses da democracia representativa e porta-voz da verdade absoluta. A sua.

O seu comentário é de tal forma idiota, insultuoso e ignorante que merecia outro tipo de resposta. Descredita, insurge-se contra o empreendorismo inventivo dos chineses e a forma como eles decoram a paisagem urbana portuguesa, suprindo uma função que as nossas leis laborais, a falta de competitividade do comércio português tradicional e o proteccionismo do Estado "Nany" impedem que se concretize. No fundo está contra o mercado, a livre concorrência, o agarrar das oportunidades por quem vai à luta, não se deixa ficar para trás e faz das fraquezas [estar num país distante de que não fala a língua] força.

Não me recordo se a ignara figura integrava uma daquelas gigantes comitivas que de vez em quando demandam o Oriente, visitando obrigatoriamente Macau, acompanhando um Presidente da República ou um Primeiro-Ministro. Talvez o meu amigo José Carlos Matias o tenho mais presente.

Se não esteve deveria aqui vir para não falar de cor sobre o que não sabe , designadamente a China de que fala por aspectos laterais. Fazia-lhe bem aprender alguma coisa. Se esteve, imagino que tenha corrido algo mal com as compras ou com algum prato nalgum banquete oferecido pelos chineses.

Clara Ferreira Alves é bem a expressão de uma esquerda enfatuada, intelectualóide, poltrona que nada fez e não quer fazer e que sabe tudo, por intuição e wishful thinking. Existir é um fardo que cabe aos outros carregar aos ombros. E satisfeitos, não vá o chicote zurzir o lombo.