Picante à francesa
Não há nada mais picante na política francesa que uma boa traição matrimonial. As revistas cor-de-rosa pelam-se por estas histórias e são famosas as traições de François Miterrand (e a ligação extra-matrimonial de que teria uma filha), as aventuras de Jacques Delors ou de Giscard d'Estaing.
Mas até agora não tinha acontecido nada parecido ao caso de uma discreta militante socialista francesa que aproveitaria a sua relação matrimonial com o presidente do Partido Socialista Francês - François Hollande - para se abalançar a uma candidatura à presidência da França - à margem do aparelho socialista - e agora lançar-se à conquista do próprio lugar do marido no partido. As mulheres são terríveis e o caso de Ségoyane Royal é bem o exemplo da máxima maquiaveliana que todos os meios justificam os fins, principalmente em política. E que normalmente o debate sobre os princípios esconde apenas uma mera compita pela tomada do poder interno. Revelando-se incapaz de "conter" a proactividade e assertividade da mulher, François Hollande falha o casamento e arrisca-se a perder o partido. Nada poderia correr pior aos socialistas franceses depois da derrota na corrida presidencial e da derrota nas eleições legislativas deste ano. Mas com uma candidata de sangue "royal" nada há a fazer.