A demissão de Helena Roseta
Há qualquer coisa de [eternamente] juvenil no perfil político de Helena Roseta. A deputada do PS, apoiante apaixonada de Sá Carneiro, adversária política de Cavaco Silva entrou no PS por acto de teimosia pelas mudanças que ocorreram no partido que ajudou a construir e que é o meu hoje, o PSD. De certa forma, o rompimento actual com o PS tem um indêndico pendor e constitui uma demarcação face à deriva ideológica e política do PS. A carta que dirigiu ao secretário-geral [que não sei se tornará pública] lembra-me uma que escrevi a António Guterres nos anos 90 demitindo-me do PS e demarcando-me dos caminhos para que levava o PS. Ela e eu, em pequenissima parcela, reviamo-nos muma política vivida com paixão e abnegação, uma política de valores e por valores que, entretanto, se esfumou no ar pelo tactismo dos interesses. Hoje os partidos transformaram-se em máquinas de distribuição de prebendas, em fábricas de carreiristas e oportunistas, que se vendem aos interesses económicos e a outros mais obscuros por meio-prato de lentilhas. Já desisti de achar que a justiça faria a sua obrigação e reporia - também aí - a legalidade. Se se fizesse uma investigação séria e profunda ao sistema de justiça chegar-se-ia à conclusão que também aí há muitas maçãs podres.
A candidatura de Helena Roseta à Câmara - oportunissima - visa ocupar o espaço político antes que os conclaves partidários forcem candidaturas opacas e regimentais para grande desespero dos lisboetas. O PS será um caso desses; o PSD também pelas movimentações que vejo argutamente descritas pelo Paulo Gorjão no seu Bloguítica. Helena tem uma grande apreço da opinião pública que muito a estima pela sua feminilidade e pelo denodo das opiniões que defende, normalmente politicamente incorrectas. Fez um excelente desempenho à frente da Ordem dos Arquitectos. Não tenho muitas dúvidas que se estivesse em Lisboa estaria na sua candidatura.