Este homem vai fazer muita falta
Tony Blair sai da chefia do governo britânico a 27 de Junho, a seguir à cimeira europeia. Há algo indelével no contributo que deu ao revigoramento da esquerda europeia, à sua modernização conceptual, e a uma gestão económica realista e ambiciosa do seu país. Pegou um país em recessão económica, com um desemprego monstruoso, um sector financeiro apático. Tornou a Grã-Bretanha num dos países mais prósperos da Europa. Combateu o terrorismo sem tergiversações nem cumplicidades hesitantes. Pressionou a reconciliação entre os antagonistas na Irlanda do Norte e tem hoje um governo de unidade nacional impensável entre unionistas e republicanos do ex-IRA. Participou ao lado de Bush na aventura do Iraque mas já fez a sua mea culpa pública perante os ingleses e o seu Parlamento que se estivesse na posse de todos os elementos de informação sobre o peso da ameaça das ADMs nunca teria embarcado nela. Deixa Downing Street e a presidência do Labour e ao muito me engano os ingleses que o zurzem, impiedosamente, nas sondagens da opinião pública daqui a menos de um ano estarão a chamar por ele. Mas a política é assim. Wiston Churchill soube-o amargamente: quando levou a Grã-Bretanha à vitória na guerra contra Hitler foi derrotado nas eleições imediatas ao armistício. É essa a condição dos homens que sabem ouvir os rumores do tempo. Parabéns, Tony Blair.
Como pode a Europa utilizar as enormes capacidades de liderança e realização deste homem?