Brasil, um tiro pela culatra?
Dizem as agências:
O Brasil está fazendo um esforço diplomático juntamente com Índia, China e México para pressionar os países industrializados a reconhecer que historicamente eles poluíram mais do que as nações emergentes.
A articulação está em andamento nesta quarta-feira durante o terceiro dia da conferência que vai definir a versão final da terceira parte do relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) da Organização das Nações Unidas (ONU).
O Brasil mete-se na luta inglória de procurar esconder o brilho do sol com uma peneira. E escolhe mal as companhias para este ajuste de contas com as economias desenvolvidas, diga-se os Estados Unidos e a União Europeia. No seu marxismo requentado os arquitectos da política externa do Brasil demonizam tudo o que soe remotamente aos interesses dos grandes, como se o Brasil não fosse um candidato a esse estatuto. Neste caso escolhe muito mal as companhias para se meter numa guerra perversa. Vejamos o caso da China. A grande nação asiática tem no seu espantoso ascenso económico, pulverizado a sua costa leste e do sul de indústrias poluentes que tornam os seus rios multicolores e os seus céus esbranquiçados. Constrói, com enormes resistências, as suas primeiras políticas anti-poluição mas toda a gente duvida que as consiga levar à prática dada a resistência dos líderes regionais a cortar o crescimento económico. A China tem 20 das 30 cidades mais poluídas do mundo segundo um relatório recente do Banco Mundial. Mais de 410 000 mortes têm origem na poluição, e as doenças infecto-contagiosas e do coração contam-se entre as doenças mais graves da China. A China deverá ultrapassar os Estados Unidos como a nação do mundo que mais produz gases de estufa [greenhouse gases] em 2009. Exactamente daqui a dois anos. Apenas.
O relatório da ONU sobre a situação climática no mundo saído no principio de Abril considera catastrófica a situação relativa ao aquecimento global e admoestou os paises poluidores a tomarem medidas mais efectivas para reduzir a ameaça. No jogo dos cinismos que a política externa é fértil, a China já declarou, pelo seu porta-voz do ministério dos negócios estrangeiros que nada faz ....se os Estados Unidos nada fizerem, isto é, enquanto não criarem incentivos anti-poluentes sobre as indústrias poluentes. Maiores incentivos significa menos postos de trabalho, logo mais pressão sobre os policy makers.
Não há neste jogo boas intenções, nem bons samaritanos. A China quer apenas bloquear a indústria automovel americana para se alcondorar ela própria a grande gigante da produção automovel. Como? Através das fábricas de multinacionais que alberga no seu território. Para vários observadores, a China está duas décadas atrás dos Estados Unidos e três décadas da Europa em termos de standards ambientais. A bem da memória, a China assinou o Acordo de Quioto e os Estados Unidos não. Sua culpa, no caso dos Estados Unidos. Mas apesar da sua assinatura à China não é exigido a redução das suas emissões de dióxido de carbono, embora seja o maior produtor de carvão do mundo [e um dos primeiros consumidores]. É um país em vias de desenvolvimento. Por isso consente-se-lhe tudo, o que se caustica os grandes. Pena que o Brasil não saiba escolher melhor os exemplos que toma para a suas derivas marxistas.