quinta-feira, 3 de maio de 2007

O elogio da estupidez

Já fui fumador inveterado, seduzido por uma publicidade que me convencia que ser fumador era sinónimo de “sucesso”.
Hoje sou um fumador ocasional que tem respeito por quem encontra no tabaco uma forma de escape para as tensões do dia a dia.
Respeito igualmente, como sempre o fiz, os não fumadores que não querem ser obrigados a engolir o fumo dos outros.
Não compreendo, porém a fúria anti-tabágica que de forma hipócrita vai atacando o “modus vivendi” de muitos ocidentais. Sempre fui contra os fundamentalismos, por isso não posso estar de acordo com a Lei anti-tabágica hoje apresentada no Parlamento.
A Lei anti-tabágica é persecutória, fundamentalista, pidesca e um hino à estupidez. Não tanto pelo conteúdo, mas sobretudo pela forma. Demonstra, à saciedade, que quem produz leis neste país que cada vez mais se parece com o “Cabaret da Coxa”,está a milhas de distância do País real. Se o legislador tivesse um pouco de bom senso, bastar-lhe-ia ter “copiado” o modelo espanhol em vez de esboroar os seus esforços na cópia da legislação americana ou irlandesa.
Quando uma lei anti-tabágica padece de cegueira social, ao fixar normas rígidas para estabelecimentos comerciais como restaurantes , bares e discotecas, sem permitir aos seus proprietários ter uma palavra sobre o assunto; prevê multas para os fumadores que chegam a atingir o quádruplo das multas aplicadas a um consumidor de drogas; ignora a informação e prevenção; apela à delacção ( falta atribuir uma comissãozita ao delator, para ser perfeito) só me apetece perguntar: Quem me indemniza pelo facto de o Estado ter permitido a publicidade desregrada ao tabaco - chegando mesmo a incentivá-la e dela ter beneficiado- contribuindo assim para que eu me tornasse um fumador?
A aprovação de uma lei fundamentalista não pode deixar de ser baseada na hipocrisia. Tão preocupado com o consumo do tabaco(cuja venda só será permitida a partir dos 18 anos), o Estado continua a permitir a venda de bebidas alcoólicas a crianças com 16 anos, a fingir que não sabe que existem dezenas de discotecas neste País onde crianças entre os 10 e os 14 anos consomem álcool, Ecstasy e drogas leves. Porque não age o Estado sobre os infractores e os seus promotores ( proprietários dos espaços) é que ninguém percebe!
Sou a favor de uma lei anti-tabágica, mas não tolero a insensatez de legisladores encartados que pugnam arduamente por ficar na História, sem cuidar de saber ( ou pelo menos perceber) que a estupidez é adversária do progresso e a cegueira social inimiga do bom senso.