Turquia
Abdullah Gül, único candidato presidencial às eleições na Turquia abespinhava-se esta semana com a anulação pelo Tribunal Constitucional da primeira volta das eleições que lhe deram a vitória. Segundo as regras constitucionais é o Parlamento a eleger o Presidente da República e a indigitação de Adullah Gul foi possível pela maioria que as forças fundamentalistas detêm no parlamento turco.
A decisão do Tribunal Constitucional turco deferiu a reclamação apresentada pelo Partido Republicano Popular [oposição] de que a votação de Abdullah Gul no parlamento turco se encontrava viciada por falta de quórum, já que os partidos da oposição sairam da sala aquando da votação.
A Turquia encontra-se dividida entre a tradição da laicidade e do republicanismo e o apelo dos islamitas que pretendem através de um populismo expansivo impulsionar transformações políticas na direcção da criação de um estado islâmico, com uma religião oficial, tribunais religiosos, a islamização das mulheres e o apartamento da cultura de tolerância europeia.
Esta viragem para o Islão da Turquia dá razão ao cepticismo de vários intelectuais e políticos europeus quanto às vantagens da adesão da Turquia à União Europeia. A Europa tem demasiados problemas com os seus 20 milhões de muçulmanos para comprar de barato mais este problema.
Fica uma pergunta final -há países que não se encontram preparados para a democracia e em que é preferível um estado liberal paternalista a uma democracia fundada no populismo das massas e na manipulação dos demagogos? Não será esse o sinal dado pelo impasse na Palestina?