terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

A propósito do analfabetismo cultural

De voltas com a preparação das aulas do semestre dei comigo a deitar fora vários textos em lingua inglesa que tinha junto ao dossier de leituras que distribuo no início do mesmo. Googlo à procura de pequenos resumos em português que possam ser seus sucedâneos mas confronto-me com dificuldades intrasponíveis. O que se encontra é em brasileiro e de deficiente qualidade.
Recomendar livros, nem pensar. Ninguém lê nada em leituras adicionais e o que é mais grave não há qualquer curiosidade intelectual em saber por saber. Só resumos e é preciso que não sejam muito densos.
O professor é hoje em dia uma espécie de ama que se esfalfa para enfiar uma qualquer papa artificial na boca do petiz, porque este não está para comer fruta natural. Dá muito trabalho. E depois só pode ser "a tal" quantidade. Tudo o que é a mais, causa fastio. Por isso, a ignorância que os exames nacionais revelam são a demonstração do beco sem-saída a que chegámos e de um sistema educativo que capitulou perante a facilidade e a mediocridade. E perante os incompetentes que andaram a experimentar políticas educativas sem olhar ao contexto cultural e sociológico. É estrangeiro, importa-se! Hoje o professor é olhado de lado pelo sistema quando chumba alunos. Instalou-se a ideia absurda que "os meninos" têm que passar a qualquer preço.
Geração rasca? Não sei se não será pior.