Paulo Portas abre jogo
O anúncio de Paulo Portas de regresso à vida política activa e recandidatura à presidência do CDS-PP colheu de surpresa a classe política portuguesa e não se pode dizer que seja de todo inesperado. Excelente táctico, Portas escolheu o momento certo para quebrar a passagem do deserto dos últimos dois anos. Por um lado, uma crise ideológica, organizativa e de liderança no seu partido histórico que o empurrava para a insignificância. Por outro lado, a crise de liderança porque passa o PSD incapaz de se destacar da colagem de José Sócrates ao programa liberal tradicional do PSD e de se afirmar, pela positiva, como alternativa.
Em política, como na física, não há vácuo, quando um político deixa a ribalta ou perde protagonismo outro ocupa-lhe o espaço [ou pelo menos lança-se a isso].
Ao contrário do que prognosticavam as habituais vestais da vida política portuguesa Portas está vivo e de boa saúde e pode agora, que se aproxima a fase de declínio de Sócrates, "pescar" nos seus erros, contradições e nos efeitos colaterais das suas políticas mais controversas [saúde?]. Sendo um valor instalado na política à portuguesa Portas tem espírito de liderança, visão política [estratégica e táctica] e faro no ataque. Prevejo que o congresso do CDS-PP seja arrasador para a actual liderança de Ribeiro e Castro e uma aclamação para si. Mais que perder a oportunidade Castro ficou cativo de um colete de forças parlamentar que o foi minando nestes meses, com uma bancada do seu partido crítica à sua liderança e sobre que nada pode fazer.
Se Portas ganhar o congresso - como se imagina - teremos de regresso o velho confronto direita-esquerda, porque Sócrates não conseguirá mais capitalizar no centro-direita a que se tem encostado com as suas políticas tecnocráticas. Tudo o que acontecer de mau no governo será explorado àté à exaustão. Portas tem boa cultura de oposição e será um adversário implacável.
Para os lados do PSD a questão que se coloca é o que fazer com este regresso [em força] de Portas. O nosso amigo nóia vai ficar entalado e será evidente [mais do que nunca] a sua inabilidade para liderar o PSD nos tempos que se aproximam. Também o PSD precisa de vento fresco, provavelmente de uma boa rajada de vento. Quem avança?