sexta-feira, 2 de março de 2007

Referendar a Ota?

A construção do novo aeroporto da Ota deverá vir a ser uma lamentável realidade. Resultado de mais uma teimosia de Sócrates, tudo indica que o projecto será ruinoso para os lisboetas e para o país, mas provavelmente muito rentável para alguns lobbies do imobiliário e da construção civil. Já se sabia que o seu prazo de vida não será superior a 30/ 40 anos e que não poderá ser alargado, devido à sua localização. Sabia-se, também, que colocará alguns problemas de segurança a nível operacional. E sabiam-se muitas outras coisas...o que não se sabia, mas agora Miguel Sousa Tavares veio esclarecer, é que há um estudo que revela que a construção do aeroporto na Ota irá determinar uma redução do número de turistas com destino a Lisboa. Não deixa de ser irónico que o aeroporto seja construído para dar resposta ao aumento do turismo e acabe por contribuir para a sua redução! É,afinal, mais uma originalidade à portuguesa.
Desconheço, concretamente, quais as razões que levam a tanta insistência na Ota. E o mistério adensa-se quando pensamos que Durão Barroso, depois de ter anunciado que nunca construíria um novo aeroporto, “enquanto houvesse uma criança faminta”, acabou por admitir a possibilidade/necessidade da sua construção.
A verdade é que ( nem sempre pelas boas razões) o futuro aeroporto é mal amado pela esmagadora maioria dos lisboetas e por uma grande fatia dos portugueses. Debalde! Por razões que a razão desconhece, a Ota é imposta aos portugueses, sem hipótese de contraditório.
Temos todos o direito à indignação, mas isso não legitima atitudes demagógicas como a de Santana Lopes, que ontem propôs a realização de um referendo nacional. Pode ser uma ideia popular, mas não deixa é de ser descabelada!
Bastaria argumentar com a fraca adesão dos portugueses aos referendos, ( que se agravaria, porque tenho muitas dúvidas que um transmontano, por exemplo, esteja preocupado com o assuntou) para rejeitar a proposta , mas outro fundamento, com ainda maior peso é o da sua legitimidade, porque se trata de um acto administrativo do governo logo, irreferendável. Enfim, tudo não passaria de mais uma proposta despesista de nulo efeito, igual a muitas outras a que a dupla Santana/Portas nos habituou.