sexta-feira, 9 de março de 2007

Henrique Granadeiro numa entrevista bombástica

(...) Não temos nada a alterar na nossa posição. Nós somos a entidade regulada. A Autoridade da Concorrência é a entidade reguladora. Temos o maior respeito pelos reguladores e tudo faremos para que eles se afirmem e consolidem a sua autoridade na organização do sector. Não escondemos que todo o processo prolongado por que passámos não contribuiu muito para a credenciação e para o reforço da autoridade desses reguladores, mas espero que eles corrijam a trajectória. A eles compete-lhes ser reguladores, a nós compete-nos ser regulados. Porém, nós não aceitamos visões sacralizadas e infalíveis sobre a função do regulador. As decisões dos reguladores são respeitáveis e serão respeitadas, da nossa parte, mas não são indiscutíveis e não são irrecorríveis. Portanto, sempre que for possível manter o quadro de cooperação institucional em que nós sempre trabalhámos, muitas vezes sem reciprocidade, trabalharemos até à exaustão nesse quadro de cooperação institucional. Mas quando não estivermos de acordo, naturalmente que não deixaremos de recorrer para as instâncias de recurso que existem na nossa arquitectura jurídico-constitucional. (...)

A entrevista do CEO da PT ao Jornal de Negócios desta semana é um exercício de inteligência e de política. Num combate muito difícil cujo insucesso lhe parecia vaticinado, Granadeiro conseguiu dar volta às cartas. Não há na política, nem na vida, vencedores à partida. A surpresa continua a ser [dizia Sun Tze] o ingrediente fundamental dos combates. Pela minha ligação de três decénios ao sector não posso deixar de cumprimentar o político e o líder da PT. Pelo invulgar discurso, claro e incisivo, sem meias-tintas, pela determinação e por não virar a cara ao combate. Capitães de indústria do Norte. Pois é. Não basta aparentar César para veni, vidi et vinci.