Timor à beira do caos
A Embaixada de Portugal em Timor-Leste aconselhou este domingo a comunidade portuguesa a manter-se em casa devido à instabilidade em Díli, na sequência da operação militar desencadeada pelas forças australianas para capturar o major rebelde Alfredo Reinado, lê-se na imprensa.
Timor parece cada vez mais o caso de um país sem futuro e sem estabilidade. Este episódio com mais um militar rebelde que se recusa aceitar a autoridade do estado de direito democrático faz lembrar os piores tempos do nosso PREC. É genero Otelo Saraiva de Carvalho. O mais difícil de fazer perceber aos militares promotores de uma revolução ou da libertação de um país ocupado ou oprimido é que há um tempo para agir, quebrando o antigo regime e há um tempo para regressar aos quartéis e aceitar a normalização do poder democrático. Em vários locais do mundo repete-se este clamor de militares que os políticos são corruptos, que é preciso afastá-los do poder, em casos limite pela força. Às vezes isso é necessário para contornar a rede das cumplicidades [o caso da Tailândia é um bom exemplo]. Mas restabelecida a normalidade democrática os militares devem retomar a sua missão que é garantir a soberania do estado e defender a ordem externa. Tudo o que seja a mais que isso, é uma interferência insuportável na acção das instituições eleitas. Tem o comando australiano toda a autoridade para intervir no caso de Alfredo Reinaldo, se este se recusar a entregar-se à autoridade legítima. Levantar o argumento de intervenção estrangeira é estúpido e contraproducente.