Livro de História Europeia? Porque não?
A ministra da educação alemã propôs a criação de um “Livro Europeu de História” para os alunos dos 27 Estados da União Europeia. A ideia surge no seguimento de um livro de História franco-germânico adoptado em várias escolas dos dois países e pelas Escolas Francesas e Alemãs em Portugal, que já tive oportunidade de ler.
À primeira vista, parece-me uma boa ideia. A falta de identidade europeia dos quase 500 milhões de cidadãos que compõem a União e o impasse, resultante da recusa da Constituição Europeia, por parte de franceses e holandeses, requer uma iniciativa que una os europeus para este projecto comum iniciado em 1957. O ano de 2007 será, muito provavelmente, decisivo quanto ao futuro da Constituição Europeia, mas nada garante (antes pelo contrário!...) que o impasse seja ultrapassado. Fazer algo que ajude a criar uma identidade europeia, que ajude os cidadãos europeus a perceber ( como diz Pascal Fontaine) que “este meio século de integração europeia marcou profundamente a história da Europa e as mentalidades dos europeus” parece-me positivo e de grande importância para o futuro da UE. Com efeito, ao longo de 50 anos de construção europeia, para além dos sucessos económicos, ( a UE é a maior potência comercial do mundo) foram alcançados objectivos importantes como o de uma maior coesão social. O tratado de Amsterdão de 1997 e a Carta dos Direitos Fundamentais assinada em Nice em 2000, definiram um conjunto de princípios que permitiram aos cidadãos europeus usufruírem hoje de um conjunto de direitos e regalias que lhes estavam vedados, e terem voz activa nas decisões, mas a maioria parece ignorá-los .
Um livro europeu de História poderia contribuir para que os cidadãos de cada Estado –membro percebessem que são mais as coisas que os unem do que as que os separam, ajudando a sarar feridas que, inegavelmente, não se dissiparam ao longo destas décadas.
Uma Europa alargada, que enfrenta os desafios da globalização e da revolução tecnológica lidera as questões ecológicas e pretende tornar-se numa referência noutras áreas, não pode ficar refém de nacionalismos basistas, em que cada país receia perder as suas referências e a sua identidade. As reacções à proposta têm sido diversas. Enquanto Polónia, República Checa e Dinamarca, se opõem, a Espanha aplaude a iniciativa. Quanto a Portugal , não tem posição. Como é normal, quando estão em causa questões relacionadas com a Cultura.