O sim ganha
O sim à despenalização da interupção voluntária da gavidez ganha com 59,25 % dos votos expressos, ficando o não com 40,75%. A abstenção foi ligeiramente abaixo de 1998 com 56,4%.
A maioria simples expressa torna o resultado do referendo não vinculativo, o que devolve a iniciativa legislativa à Assembleia da República que terá de legislar em conformidade.
Dada a maioria de votos da esquerda (PS+PCP+BE) a descriminalização da IVG não será problema.
Três comentários. Primo, o eleitorado manifestamente dividiu-se a meio com o Norte e o Centro a votarem no não e o Sul, Porto, Leiria e Castelo Branco a votarem no sim. Secundo, o elevado número de abstenções revela que o eleitorado não achou a escolha decisiva ou fracturante e por isso não se mobilizou, achando que importa aos seus representantes no parlamento fazer as devidas consensualizações e legislar. Tertio, se há vencedores neste sufrágio eles são José Sócrates pela forma inteligente e sóbria como coordenou o apoio do PS ao sim e Marques Mendes. Este último pela forma equilibrada como geriu as contradições na base de apoio e nos militantes do PSD deixando que cada um se expressasse conforme a sua consciência. A prazo consolida um peso fundamental do PSD no concerto de soluções no parlamento.