quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Será que estou passado da cabeça?

Não é que me vejo a concordar com Paulo Portas? Mas leiam:

[...} Salazar era honrado, escrevia um português primoroso, era invulgarmente inteligente e tinha um conceito de Pátria. Isso não faz dele um herói – o salazarismo atrasou e isolou Portugal várias décadas, ponto final. Cunhal tinha porte, resistiu à tortura, morreu fiel ao comunismo, escrevia romances (pouco interessantes) e fazia desenhos (há quem goste, eu não). Mas isso não faz dele um herói – era um estalinista empedernido e acreditava naquela patranha, ponto final. Honra seja, nenhum deles jamais desejou ganhar uma eleição. Arriscam-se a vencer postumamente a urna do ecrã.
Os franceses escolheram De Gaulle e os ingleses, Churchill. No século XX português não há nada comparável. Qualquer comparação é um logro. O século XX português foi anti-liberal, anti-capitalista, anti-democrático, anti-moderno, anti-civilizado, contra mundi e grotescamente banal. A República foi caótica, corrupta e persecutória. O Estado Novo, paroquial, subdesenvolvido e deliberadamente receoso da instrução e do mercado. O PREC, surreal, destrutivo e ignaro. Temos alguma razão para nos orgulhar? [...]


In O Sol