sexta-feira, 27 de abril de 2007

A (in)coerência de Marques Mendes

Em relação ao dossiê Câmara de Lisboa, de que Carmona Rodrigues é apenas mais uma peça, é importante ver qual será a reacção de Marques Mendes. O mínimo que se lhe exige é que seja coerente. Ora como ainda na semana passada, quando Isaltino Morais foi constituído arguido, se apressou a exigir a sua demissão, já deveria ter feito o mesmo em relação a Carmona.
Coerência é, no entanto, algo que Marques Mendes não “usa”, por isso irá remeter-se ao silêncio.
O líder laranja está num dilema: ou exige a demissão do homem que ele próprio escolheu para a Câmara, arriscando-se a não ser ouvido, porque Carmona já anunciou que levará o seu mandato até ao fim, seja qual for a evolução do processo, ou assobia para o lado e faz de conta que não é nada com ele. Em ambos os casos, porém, não escapará ao descrédito perante os eleitores ( não me refiro aos militantes, claro, porque esses normalmente só pensam pela cabeça dos líderes), daí devendo tirar as ilações necessárias
A corrupção na edilidade lisboeta atingiu tal grau de promiscuidade que já não se consegue separar o trigo do joio. Os casos sucedem-se a um ritmo alucinante, muito por “culpa” de um homem de grande honestidade e coragem, chamado José de Sá Fernandes. Às vezes a esquerda atrapalha um bocado os interesses instalados no Bloco Central, denunciando escândalos, corrupção, etc E como atrapalha, alguns chama-lhe tralha! Outros acusam-na de ser imobilista, por insistir em aprofundar a verdade. Foi o que aconteceu com o Túnel do Marquês. Mas como seria aquela obra, se os problemas não tivessem sido levantados e corrigidos?
Acredito que Carmona, apesar de ser um teimoso incorrigível, seja um homem honesto; não é, certamente, um político hábil. Deixou-se enredar na teia de casos que os seus vereadores protagonizaram, não se precaveu em relação a Santana Lopes e agora está agarrado ao lugar como uma lapa. A abertura apressada do Túnel do Marquês ( que volta a encerrar esta noite) foi apenas mais um sinal de desespero de um técnico que desdenhou o Princípio de Peter