"Allez, Ségolène, allez!"
Gostei bastante de ler o post do Arnaldo Gonçalves sobre a Ségolène Royal. Com a aproximação das eleições, os técnicos de marketing dos candidatos vão jogando os últimos trunfos, que permitam ao “seu” candidato atrair votos dos indecisos. Mas a última carta jogada pelos “marketeers” de Ségolène cheira-me a “futebolês made in Portugal”. Lembram-se do apelo de Luís Filipe Scolari durante o Euro 2004, pedindo aos portugueses que colocassem nas janelas a bandeira portuguesa? Se o resultado for idêntico ao conseguido em Portugal, Ségolène Royal será provavelmente a próxima Presidente da República dos gauleses, desde que os seus “treinadores” não cometam o mesmo erro de Scolari na final contra a Grécia...
Quanto à candidata do PS francês, que com sagacidade e coragem impôs a sua candidatura contra a vontade do aparelho do partido, devo dizer que já nutri por ela maior simpatia. Inicialmente, pensei que seria uma lufada de “ar fresco” que teria repercussões muito positivas na forma de fazer política em toda a Europa. Ultimamente, porém, vejo-a como mais uma candidata da “terceira via” iniciada com Blair e seguida por Sócrates. E devo confessar que não gosto nada do modelo. Porquê? Porque a “terceira via” é inconsistente, atávica e apática, parece navegar ao sabor das circunstâncias, sem rumo definido, sem projecto e demasiado dependente da Economia, que segue como uma Bíblia. E eu, caros amigos, continuo a preferir a Polis como o centro nevrálgico das decisões. A evolução das sociedades faz-se com as pessoas e para o seu bem -estar e não com os números e com o mercado. Dar o primado à Economia permitiu desenvolver as sociedades modernas, mas tirou-lhes humanismo e cavou um fosso de desigualdade entre ricos e pobres, só comparável aos tempos da Revolução Industrial.
Nisso dou razão a Guterres, apesar dos desastrosos resultados para o país. Só que a culpa do falhanço não foi do modelo, mas sim da incapacidade dos seus servidores em o aplicar. É que , como refere o Arnaldo Gonçalves em relação ao PS francês, também o PS português está cheio de marretas.
De qualquer modo ainda dou o benefício da dúvida. “Allez, Ségolène, allez!”