Boas e más notícias
O défice em 2006 desceu para 3,9%, muito abaixo dos 4,6% que o Governo tinha anunciado como meta. Trata-se, sem dúvida, de uma notícia muito positiva que animou os portugueses. Mas é bom não esquecer que esta redução foi conseguida à custa dos cortes nas regalias sociais e na saúde, e do congelamento de salários, ou seja, à custa dos trabalhadores, principalmente os da Função Pública que se tornaram nos verdadeiros “bombos da festa”. Entretanto, enquanto as pequenas e médias empresas definham ou se mantêm a custo em equilíbrio precário, as grandes aumentam os seus lucros de forma exponencial.
Mas por trás da boa notícia da redução do défice, esconde-se outra bastante má: o investimento não só não aumenta, como registou mesmo o maior recuo em todo o espaço europeu.
A economia portuguesa continua muito dependente dos investimentos do Estado, para quem muitos empresários continuam a olhar como o salvador, o encosto, o cliente de que necessitam para viver, mas acusam de ser demasiado interventivo.
É o que dá ter um tecido empresarial em que 90% dos proprietários de PME têm apenas a quarta classe. A (re)qualificação dos portugueses também passa pela (re)qualificação dos empresários. Sócrates sabe-o bem e por isso o Governo criou um projecto de formação profissional nesse sentido. Aplausos , enfim!
Aguardo porém, com algum cepticismo, a receptividade dos pequenos empresários a esta iniciativa. Oxalá me engane!