Cenas de Vida 6-A Bela, o Mestre e...o cacau!
A TVI estreou um novo reality show. Como não gosto de escrever sobre aquilo que não vi, mas andava curioso para ver, em virtude das alusões feitas na imprensa, convenci a minha mulher a dar uma espreitadela “naquilo”, no rescaldo do último Benfica-Porto.
Para quem nunca viu o programa, esclareço que consiste em meter, na mesma casa, “umas gajas boas, mas burras” que encontram como parceiros “uns gajos inteligentes, mas toscos”. Em termos práticos – e para que percebam melhor- é como se alguém decidisse meter na mesma casa a Mónica Sintra e o Miguel Frasquilho. Estão a imaginar o resultado?
Eu não... até porque não consegui perceber concretamente qual a finalidade do programa, a não ser encher os bolsos de um dos ( ou das?) concorrentes.
Para o efeito, no entanto, isso não interessa nada. O programa , com o sugestivo título de
“A Bela e o Mestre” é mais um dos horripilantes formatos TVI, um novo Big Brother - e está tudo dito.
Mas houve uma coisa que me interessou no programa ( para além de algumas meninas involucradas em generosas mini saias). É que o concurso tem um júri (que também não tive tempo de perceber o que lá está a fazer) do qual fazem parte Clara Pinto Correia e Rui Zink. Claro que aquilo interessou-me, pois não é todos os dias que vemos dois mediáticos “intelectuais” da esquerda “caviar” a integrarem um júri de um programa da TVI.
“Alto e pára o baile” – disse para os meus botões. Reality shows com intelectuais “pia mais fino”! Por momentos pensei que tinha sido preconceituoso com a TVI e afinal estaria perante um programa de nível cultural acima da média (rasteira) do canal. Não precisei de muito tempo para perceber que aquilo era mais um programa da cultura rasca da TV (mon)I(z) onde o objectivo é “achincalhar” a mulher. Bin Laden deveria achar imensa piada “àquilo”!
Interroguei-me sobre as razões que terão levado uma acérrima defensora dos direitos das mulheres e o seu acólito Zink a aceitarem participar num programa daquele jaez tendo concluído, depois de um conciliábulo com a minha mulher, que deveriam ter sido enganados. Em sintonia de opiniões, iniciámos a prática do zapping e poucos minutos depois fomos dormir lamentando ( por razões diferentes) o resultado do Benfica-Porto e a má sorte da Clara e do Rui.
Esta manhã, porém, descobri que os enganados fomos nós. Numa entrevista, Clara Pinto Correia, justifica a sua participação no júri, “como uma penitência que deve ser feita por toda a gente interessada em conhecer o país real” e rejeita que o programa degrade a imagem da mulher. Que mais será preciso para Clara o reconhecer? Que lhes cuspam em cima? Que lhes batam em público ( já aconteceu num Big Brother)? Que as obriguem a beijar os pés do macho, pedindo perdão por terem errado a resposta a uma pergunta que qualquer criança com a 4ª classe saberia responder?
Certamente que nenhuma destas situações levaria Clara e Rui a mudarem de opinião. Há pessoas que a troco de “cacau” até são capazes de afirmar que o esterco de cavalo cheira a rosas.